Taxa de juros: quais são as principais e como elas funcionam?

Para quem investe, estar ciente da importância que existe no cenário econômico e como a taxa de juros tem o poder de influenciar diretamente a sua estrutura é fundamental. Além disso, esse índice também é muito utilizado no mercado de crédito como um todo, por esse motivo é importante estar atento às suas variações.

Por isso, é importante compreender como a taxa de juros contribui para melhores resultados nas aplicações financeiras, já que afeta de maneira direta a rentabilidade da maioria dos investimentos disponibilizados no mercado. Neste sentido, ao se comentar sobre a taxa de juros, geralmente o termo Taxa Selic também é abordado.

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O que é taxa de juros?

A taxa de juros é um índice aplicado em produtos financeiros principalmente os ligados ao mercado de crédito. Dessa forma, o índice é utilizado para remunerar o dinheiro ao longo do tempo.

Portanto, além de remunerar empréstimos e financiamentos, também é utilizado para remunerar investimentos, especialmente aqueles de renda fixa.

O conceito e a definição de taxa de juros são utilizados há muito tempo. Na imensa maioria dos países do mundo. Além de servirem como forma de pagamento pelo empréstimo de determinada quantia, esse índice é utilizado também pelos governos como forma de incentivar ou reprimir a demanda de uma economia.

O mercado de crédito e as taxas de juros podem variar muito de país para país e até de região para região. Nos países desenvolvidos, de forma geral, as taxas de juros costumam ser reduzidas. Esse fator ocorre porque nesses países o risco de inadimplência é menor e também porque a oferta de crédito no mercado todo costuma ser mais extensa.

Já nos países emergentes, como no caso do Brasil, o mercado de crédito costuma ser menor e mais caro. As taxas de juros nesses países costumam ser mais altas devido ao maior risco de crédito nessas localidades. Além disso, devido aos riscos, a oferta também acaba sendo menor nesses mercados.

O alto custo no mercado de crédito pode impactar não apenas o consumo da população, mas também os investimentos das empresas. Em caso de taxas de juros elevadas no mercado, as empresas têm menos incentivos a tomar empréstimos para realizar novos investimentos, especialmente os investimentos produtivos.

Dessa forma, a taxa de juros acaba sendo um fator que pode impactar o ritmo de desenvolvimento da economia. Visto que em caso de taxas elevadas, além de arrefecer a demanda da população, essa pode ser um fator impeditivo para o aumento dos investimentos e consequentemente do avanço da economia local.

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Como funcionam as taxas de juros?

As taxas de juros funcionam como uma remuneração do dinheiro no tempo. Dessa forma, quando uma pessoa ou empresa empresta uma determinada quantidade de capital para outra, a primeira pessoa irá receber uma remuneração por ceder o direito sobre esse capital por um determinado período de tempo.

Nesse sentido, as taxas de juros também funcionam como uma base para a economia e podem impactá-la de forma expressiva quando sofrem grandes variações. Dessa forma, é importante compreender tanto o cenário de alta da taxa de juros quanto o cenário de baixa da taxa de juros.

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Cenário de alta da taxa de juros

Em um cenário de alta da Taxa Selic, a tendência é que todas as outras taxas do mercado também se elevem. Esse movimento resulta em uma situação de crédito mais restritivo às empresas e às famílias brasileiras.

De maneira paralela, existe, nesta conjuntura, um incentivo às aplicações de renda fixa. Isto ocorre porque os rendimentos sobre as muitas aplicações financeiras ficam mais atrativos com a alta dos juros.

Por consequência do que foi mencionado acima, existe uma tendência de que haja uma redução no consumo das famílias e também nas empresas. Haja visto que o “custo do dinheiro” acaba por ficar mais “caro” que o normal, fazendo com o que capital fique menos disponível no mercado.

Com as famílias consumindo menos e as empresas produzindo também abaixo de suas expectativas, diminui-se a empregabilidade da população. Isso ocasiona a redução da renda das famílias, levando-as a consumir ainda menos.

Ocasiona-se, com isso, um verdadeiro efeito bola de nove que resulta na redução do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Entretanto, é importante mencionar que, num ambiente de menor demanda como o acima descrito, normalmente obtém-se, por tabela, o controle da inflação. Dessa forma, é comum que uma alta de juros interno e externo seja praticada como uma forma de se manter a inflação sob controle.

Cenário de baixa da taxa de juros

Em um cenário de redução da Taxa Selic, a tendência é que todas as outras taxas do mercado também sejam reduzidas. Esse fator resulta em uma situação de crédito mais barato, ou seja, mais acessível, às empresas e às famílias brasileiras.

Por consequência, existe uma tendência de que haja um incentivo ao consumo das famílias e também nas empresas. Haja visto que os rendimentos sobre as aplicações financeiras tendem a ficar menos atrativos.

Com as famílias consumindo mais e as empresas produzindo bem, aumenta-se a empregabilidade da população. Por sua vez, isso ocasiona o aumento da renda das famílias, levando-as a consumir ainda mais.

Ocasiona-se, com isso, um verdadeiro efeito bola de neve, porém no sentido contrário ao do destacado anteriormente. Haja visto que nessa conjuntura observa-se um crescimento econômico e um consequente aumento do PIB.

Contudo, se a produtividade não acompanhar o aumento da demanda do consumo, a tendência é que aconteça um surto inflacionário. Dado que se diminui a oferta à medida que a procura se torna mais representativa.

Como a taxa de juros é calculada

Ao realizar um empréstimo, por exemplo, a taxa de juros é como se fosse um “aluguel” pago pelo tomador para utilizar aquele dinheiro por um determinado período.

Geralmente, uma das principais variáveis em relação aos juros cobrados é o tempo de empréstimo. Quanto mais tempo o tomador do empréstimo demora para realizar a devolução da quantia, maior tende a ser os juros.

Para entender melhor como a taxa de juros é calculada, a apresentação de um exemplo pode ser mais ilustrativo. Suponha que R$ 20.000 serão emprestados, com o pagamento de R$ 2.500 em juros ao ano por parte do tomador.

Nesse exemplo, o cálculo da taxa de juros é realizado por meio da divisão entre o valor total dos juros pelo montante total emprestado.

Ao final, o valor é multiplicado por 100, para representar a taxa de juros em termos percentuais.

  • Taxa de juros = (R$ 2.500 ao ano / R$ 20.000) x 100 = 12,5% ao ano.

Apesar desse exemplo ilustrar de forma mais simples o cálculo da taxa de juros, essa conta pode mudar conforme a modalidade de empréstimo e o tipo de juros que for utilizado. Outra variável é o tempo de empréstimo, podendo mudar de forma relevante o valor final dos juros.

Em suma, o cálculo do pagamento dos juros anual é obtido a partir da multiplicação da taxa de juros pelo “principal”, ou seja, do valor emprestado.

Para saber o valor pago em juros mensalmente, basta utilizar os mesmos dados. Porém, nesse caso, é preciso dividir a taxa de juros por 12, que corresponde ao número de meses no ano.

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Quais são os principais tipos de juros?

Há tipos variados de juros e é importante entender a diferença entre cada um deles para facilitar a compreensão e também o cálculo de cada um. Cada tipo de juros pode ser utilizado para uma função diferente, a depender do produto financeiro adquirido e das condições acordadas entre o cliente e a instituição financeira.

Juros Simples

Os juros simples ou taxa de juros simples são aqueles juros que incidem apenas sobre o valor inicial e não alteram durante o período até o pagamento. Esse tipo de taxa de juros é pouco utilizado no mercado de crédito atualmente. Apesar disso, há investimentos que funcionam como capitalização simples no mercado.

Para facilitar a compreensão, suponha um exemplo em que uma pessoa que toma um empréstimo de R$ 100,00 com 10% de juros simples. Ao final do período de empréstimo ela terá que pagar o valor de R$ 110,00, independente de qual for o período acordado. Vamos aplicar esse exemplo à fórmula para calcular juros simples:

  • M = C + (C*j)

Onde:

  • M = Montante
  • C = Capital
  • j = Taxa de juros

Aplicando os valores do exemplo na fórmula, temos:

M = 100 + (100* 0,1) = 110

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Juros Compostos

Os juros compostos ou taxa de juros composta são os mais utilizados no mercado de crédito, sobretudo em empréstimos e financiamentos. É utilizado também na remuneração de investimentos de renda fixa.

Esse tipo de juros também é conhecido como juros sobre juros porque ele incide sobre o valor atualizado com os juros de cada período e não apenas sobre o valor inicial.

Ou seja, caso uma pessoa contrate um empréstimo com taxa de 1% ao mês no regime de juros compostos, os juros incidirão todos os meses sobre o valor atualizado. Para facilitar a visualização de como funcionam os juros compostos, vamos utilizar a fórmula matemática abaixo e o seguinte exemplo:

  • Valor futuro = Valor Presente * (1+ i) n

Onde:

  • i = taxa de juros
  • n= número de parcelas

No exemplo, consideremos que seja realizada uma aplicação em uma LCA (Letra de Crédito de Agronegócio) no valor R$ 100.000,00 a uma taxa de 0,75% ao mês, com prazo de 36 meses até a sua liquidação. Ao final desse período, os valores desse investimento seriam os seguintes:

  • Valor futuro: R$ 100.000,00 X (1+0,0075)36 = R$ 130.864,54

Juros de Mora

Os juros de mora são aqueles que costumam ser cobrados devido a um atraso no pagamento. Ou seja, quando um cliente não consegue pagar o valor no prazo acordado, irá incidir juros de mora sobre esse valor.

Portanto, os juros de mora funcionam na prática como uma “indenização” em relação a um credor. Em geral, quando uma conta é passível de incidência desse tipo de juros, vem descrito na própria conta o percentual desses juros.

Esse tipo de juros é bastante comum em relação a contas em atraso, sejam boletos comuns, como também em contas de luz e de água. Essa cobrança é permitida porque a empresa presta o serviço antecipadamente. Portanto, ela pode cobrar juros em caso de atraso no pagamento.

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Juros Nominal

Os juros nominais são a taxa de juros sem o desconto da inflação. Em geral, quando se fala das taxas de juros aplicadas no mercado, se está falando de juros nominais.

Por exemplo, quando se analisa um financiamento e a oferta da instituição financeira é de 5% ao ano de juros. Os valores que serão aplicados sobre o valor financiado são exatamente de 5%.

Portanto, com relação aos juros nominais, o valor da inflação do período não possui influência. Isso só impactará no juro real.

Juros Real

A taxa de juros real difere bastante do juro nominal. No caso desse tipo de juros, a taxa de inflação do período cumpre papel essencial.

Esse juro é calculado da seguinte forma:

  • Juro real = Juro nominal – Taxa de inflação

Ou seja, para calcular taxa de juros real é necessário descontar a taxa de inflação. Caso em determinado período, o juro nominal for de 10% e a inflação de 3%, o juro real terá o valor de 7%. Esse juro é essencial para realizar correção monetária ao longo do tempo.

Juros Rotativo

O juros rotativo é o juro que incide sobre um valor parcial que não foi pago. Esse juro é muito utilizado em faturas de cartão de crédito e cheque especial.

No cartão de crédito, em geral, é dada a possibilidade de pagamento de um valor mínimo da fatura. Sobre esse valor que ficou em aberto irá incidir o juro rotativo.

No caso do cheque especial, a lógica é similar. Quando um cliente utiliza o valor disponibilizado como cheque especial, ocorre a incidência desse tipo de juros sobre o valor utilizado.

Juros Sobre capital próprio

Os juros sobre capital próprio são um valor distribuído pelas empresas para seus acionistas. Esse tipo de juros irá incidir sobre o lucro da companhia.

É comum as pessoas confundirem juros sobre capital próprio e dividendos. A principal diferença é que os juros sobre capital próprio são realizados antes do lucro líquido e enquadrados como despesa.

Dessa forma, os juros sobre capital próprio apesar de ter a incidência de IR para os acionistas, não possui incidência de impostos para a empresa. No caso dos dividendos, ocorre justamente o oposto.

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Como são definidas as taxas de juros no Brasil

As taxas de juros dos bancos no Brasil possuem regras variáveis para serem definidas. Algumas taxas de juros, como a taxa de juros consignado, possuem um teto dado que é relacionada a uma modalidade específica de empréstimos. Outras taxas como a do cheque especial também possuem um teto, essas medidas funcionam para evitar taxas abusivas.

As taxas de juros podem variar devido a diversos fatores, um deles é a conjuntura econômica. Por exemplo, quando a economia está em alta, é comum haver mais demanda por crédito e, portanto, os bancos elevarem as taxas de juros devido à conjuntura favorável.

Contudo, um dos fatores que mais influenciam as taxas de juros no mercado brasileiro, é a taxa básica de juros: a taxa Selic. Essa taxa funciona como um parâmetro dentro do mercado de crédito brasileiro.

Portanto, quando a taxa Selic sofre uma alta, é comum que as taxas praticadas pelo mercado privado também se elevem. Quando a Selic é reduzida, o movimento contrário também tende a ocorrer, dado que os bancos começam a reduzir suas taxas para se tornarem mais competitivos no mercado.

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Taxa Selic

A taxa Selic, dado que é a taxa básica de juros da economia brasileira, é a única cuja meta é definida por uma instituição pública: o Copom.

O Copom (Conselho de Política Monetária) é um conselho ligado ao Banco Central do Brasil (BCB) e que se reúne periodicamente para definir a meta para a taxa Selic.

Em geral, as definições da meta da taxa Selic pelo Copom possuem dois objetivos, controlar a inflação e estimular a geração de emprego. Dessa forma, caso a demanda esteja aquecida e a inflação apresente viés de alta, o Copom costuma elevar a taxa Selic.

Por sua vez, quando a inflação está sob controle e se verifica uma queda no ritmo da economia, é comum o conselho reduzir a taxa Selic.

Esse movimento ocorre com o objetivo de estimular a demanda e, dessa forma, aumentar o ritmo da economia e a geração de empregos. Vale lembrar também que a curva de juros também é utilizada para essa tomada de decisão.

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Quais as posições do Banco Central sobre a taxa de juros em 2023

O COPOM, ou Comitê de Política Monetária, é um órgão do Banco Central do Brasil responsável por estabelecer as taxas de juros básicas da economia, conhecidas como Selic. As decisões do COPOM são cruciais para o controle da inflação e têm impacto direto no crédito e nos investimentos no país.

O comitê se reúne a cada 45 dias, e suas decisões são altamente antecipadas pelos mercados financeiros. Abaixo, você encontrará um resumo das reuniões do COPOM e suas decisões em 2023:

Calendário do COPOMPosição
31 de janeiro e 1º de fevereiroManutenção da taxa em 13,75%
21 e 22 de marçoManutenção da taxa em 13,75%
2 e 3 de maioManutenção da taxa em 13,75%
20 e 21 de junhoManutenção da taxa em 13,75%
1º e 2 de agostoAinda em análise
19 e 20 de setembroAinda em análise
31 de outubro e 1º de novembroAinda em análise
12 e 13 de dezembroAinda em análise

Controle da Inflação Através do Aumento da Taxa de Juros

O aumento da taxa de juros é uma das ferramentas utilizadas pelos bancos centrais para controlar a inflação. Quando a taxa de juros sobe, o custo do crédito também aumenta. Isso significa que tanto as pessoas quanto as empresas tendem a tomar menos empréstimos e, consequentemente, a gastar menos.

Além disso, com taxas de juros mais altas, os investimentos em renda fixa tornam-se mais atrativos em comparação com o consumo. Isso leva as pessoas a pouparem mais e alocarem seus recursos em investimentos, em vez de gastá-los. Com menos dinheiro circulando na economia, a demanda por bens e serviços tende a diminuir.

Quando a demanda diminui e se alinha mais de perto com a oferta, os preços tendem a se estabilizar ou até mesmo a cair, o que ajuda a controlar a inflação.

Esse mecanismo é conhecido como política monetária contracionista e é frequentemente usado em períodos de aquecimento econômico excessivo, quando os preços estão subindo muito rapidamente.

É importante notar que o aumento da taxa de juros pode ter efeitos colaterais, como desacelerar o crescimento econômico e aumentar o custo da dívida para consumidores e empresas. Por isso, os bancos centrais devem usar essa ferramenta com cautela, buscando um equilíbrio entre o controle da inflação e o suporte ao crescimento econômico.

Autonomia do BC e debates políticos em 2023

Recentemente, houve um debate público entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a autonomia do Banco Central e o controle da inflação através do aumento das taxas de juros.

Em uma palestra nos Estados Unidos em fevereiro de 2023, Campos Neto defendeu a autonomia do Banco Central como um elemento crucial para a estabilidade econômica. Ele destacou a importância da independência do Banco Central para tomar decisões sem interferência política, o que é essencial para o controle da inflação.

Por outro lado, Lula criticou a autonomia do Banco Central e questionou a decisão de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. Ele argumentou que a autonomia do Banco Central não trouxe as melhorias esperadas para a economia brasileira e expressou preocupação com os altos juros.

Em maio de 2023, Campos Neto respondeu às críticas de Lula, afirmando que a autonomia do Banco Central é fundamental para a credibilidade da instituição e para a implementação de políticas monetárias eficazes.

Ele enfatizou que a autonomia permite que o Banco Central atue de maneira mais técnica e menos suscetível a pressões políticas.

Este debate entre Campos Neto e Lula destaca a importância da autonomia do Banco Central no contexto do controle da inflação e das políticas monetárias, e também reflete as diferentes visões sobre como a economia deve ser gerenciada.

Como a taxa de juros afeta os investimentos?

A taxa de juros pode afetar os investimentos de forma ampla e não apenas os investimentos de renda fixa. A principal diferença a ser abordada entre os efeitos dos juros nos investimentos de renda variável e de renda fixa está relacionado à forma como esse impacto é gerado, visto que no caso da renda fixa esse impacto pode ser direto e em ações pode ser indireto.

No caso dos investimentos em renda fixa, como LCI, LCA, CRI, CRA e CDB, a remuneração desses papéis está diretamente atrelada à taxa de juros. A maior parte desses produtos possui como rentabilidade um percentual do CDI.

O CDI, apesar de não ser a mesma coisa que a taxa Selic, costuma convergir para o mesmo valor.

Dessa forma, um investimento em renda fixa pós-fixado, se há a redução da taxa Selic, a rentabilidade desta aplicação também irá diminuir. Já no caso dos títulos pré-fixados, essa taxa não possui impacto direto sobre as aplicações já realizadas. O impacto nesse tipo de investimento pode ocorrer no futuro, no momento de refazer a aplicação.

No caso da renda variável, as taxas de juros exercem um impacto indireto. Esse fator ocorre porque as taxas de juros também têm o potencial de afetar a economia toda. Dessa forma, no mercado de renda variável, as variações nas taxas de juros podem exercer impactos diferentes em setores diferentes da economia.

Por exemplo, as vendas do setor de construção civil possuem forte ligação com a disponibilidade de financiamentos. Dessa forma, quando ocorre redução nas taxas de juros, o mercado imobiliário pode ficar aquecido com a redução da taxa de juros financiamento e também taxa de juros imobiliários.

Todavia, outros setores, como o setor financeiro podem ser prejudicados com um movimento exatamente igual dos juros, dado que esses possuem parte do seu capital alocado em títulos atrelados à taxa de juros. Portanto, no caso de renda variável, os impactos nesses investimentos devem ser analisados caso a caso.

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Quais são as principais taxas de juros dos investimentos?

As principais taxas de juros no Brasil nos investimentos podem ter modalidades diferentes. Por esse motivo é importante entender como funciona cada uma e como elas são aplicadas em cada tipo de investimento.

Juros Prefixados

As taxas de juros prefixadas são utilizadas em uma série de investimentos de renda fixa. Os principais ativos que podem utilizar essa forma de remuneração são títulos do tesouro prefixados, CDBs (Certificado de Depósito Bancário), CRI, CRA, entre outros.

No caso dessa modalidade de remuneração, o investidor acorda uma taxa de rentabilidade por determinado período e essa taxa não sofre alteração. Dessa forma, o investidor no momento que realiza a aplicação sabe exatamente o valor que receberá ao final do período.

Alguns produtos como os títulos do tesouro prefixados podem ser vendidos antes do final do prazo. Todavia, no caso de venda antecipada, o valor a ser recebido dependerá da oferta e demanda do mercado em relação ao título em questão.

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Juros Pós-fixados

No caso das taxas de juros pós-fixadas, a rentabilidade do ativo investido dependerá das variações das taxas de juros ou da inflação. Ou seja, caso um investidor invista em uma LCI a 100% do CDI, a remuneração desse ativo irá variar de acordo com as variações do CDI.

A remuneração pós-fixada costuma ser utilizada em LCI e LCA. Além disso, também é comum a utilização desse tipo de rentabilidade em títulos do tesouro nacional, como o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA, que dependem das variações dessas duas taxas.

Ou seja, no caso dessa forma de remuneração, a rentabilidade do investimento pode ser até mesmo negativa. Caso haja deflação, por exemplo, o Tesouro IPCA tende a ter uma perda nominal do seu valor.

Juros Híbridos

A taxa de juros híbrida é aquela que mescla juros prefixados e juros pós-fixados. Investimentos com remuneração desse tipo costumam ter um valor fixo adicionado de um valor variável.

Por exemplo, é possível encontrar no mercado títulos de renda fixa cuja remuneração é, por exemplo, 1% + CDI. Nessa mesma lógica, há inclusive títulos do tesouro direto que mesclam uma taxa fixa a uma taxa variável, como o CDI ou IPCA.

Títulos com remuneração híbrida costumam ser interessantes para investidores que querem se proteger contra um índice, como a inflação, e ainda ter algum ganho. Dessa forma, essa é uma modalidade bastante comum no mercado.

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Qual é o melhor investimento quando os juros estão altos?

Historicamente, os investimentos em renda fixa tendem a ser mais atrativos ao investidor quando os juros estão altos. Isso porque são ativos de menor risco quando comparados aos de renda variável.

Quando a taxa de juros aumenta, a remuneração dos ativos de renda fixa também tende a aumentar. Assim, uma parcela dos investidores pode migrar seus recursos para esses investimentos.

No entanto, isso não significa que a renda fixa seja o melhor investimento quando os juros estão altos. Os investimentos a serem escolhidos pelo investidor dependem de seu perfil de risco, objetivos, tempo em que o dinheiro ficará investido, etc.

O que acontece é que com as taxas de juros em patamares elevados, acontece justamente o que foi descrito anteriormente. Em um efeito manada, muitos investidores migram da renda variável para a renda fixa, gerando uma pressão vendedora nos ativos de maior risco.

Ao mesmo tempo que isso pode representar prejuízos aos investidores de curto prazo na renda variável, pode ser uma excelente oportunidade para os que tem como foco o longo prazo.

Nos períodos de juros altos, muitos ativos de renda variável, como ações e fundos imobiliários, por exemplo, podem estar sendo negociados a preços descontados. Isso significa que os investidores de longo prazo podem adquirir bons ativos pagando menos.

O ideal é que o investidor possa se aproveitar do “melhor dos dois mundos”, ou seja, diversificar sua carteira em ativos de renda fixa e renda variável.

Assim, é possível se aproveitar da rentabilidade da renda fixa quando os juros estão elevados e não ficar de fora de eventuais oportunidades de compra na renda variável.

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O que significa taxa de juros negativa?

A taxa de juros negativa é literalmente taxa de juros negativa. Ou seja, é quando uma taxa de juros é menor que zero. Portanto, no caso de investimentos com taxas de juros negativas, o investidor, na prática, pagaria para investir o seu dinheiro.

Vale a pena ressaltar que a taxa de juros negativa é diferente da taxa de juros real negativa. No caso da taxa de juros real negativa, é necessário que a inflação seja mais alta que a taxa de juros nominal.

Ou seja, suponha que, em determinado país, a taxa de juros seja de 2% e a inflação seja de 3%. Nesse caso, a taxa de juros real é de – 1%, ou seja, taxa de juro real negativa. Cenário parecido com esse foi verificado no Brasil durante o ano de 2020 no Brasil.

Apesar de a taxa de juros negativa parecer algo “estanho”, se tornou algo mais comum em uma série de países ao redor do mundo, especialmente após a crise de 2008. Países como Japão, Alemanha e Suíça, por exemplo, praticam taxas de juros negativas ou até mesmo muito próximas a zero.

Esses países adotam taxas básicas de juros nesse nível para desestimular que as pessoas poupem seu dinheiro. Dessa forma, com os valores sendo gastos, é uma forma de induzir a demanda e aumentar o ritmo da economia. Além disso, com taxas de juros reduzidas fica mais fácil para as empresas e o governo se financiarem para realizarem investimentos.

É possível inclusive afirmar que a partir da segunda metade da década de 2010, há um movimento mundial de redução das taxas de juros. Países como Brasil, Rússia e Turquia que apresentavam altos patamares de taxas de juros passaram a praticar taxas de juros reduzidas e em alguns casos taxa de juros real negativa.

No caso dos países desenvolvidos, as taxas de juros reduzidas já eram praticadas há algum tempo. Todavia, durante esse período essa redução se intensificou também nesse grupo de países.

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Qual o impacto dos juros negativos nos investimentos?

Os juros negativos podem ter um impacto diferente em cada tipo de investimento. No caso do mercado de renda fixa, os juros negativos tendem a reduzir a demanda por determinados ativos, como LCI e LCA e até mesmo alguns tipos de títulos do tesouro direto, visto que esses títulos teriam perda nominal e real de seus valores.

Portanto, investidores que tenham títulos pós-fixados, por exemplo, incorrem em perdas caso a taxa de juro alcançasse um patamar negativo. Além disso, a demanda por esse tipo de título provavelmente seria drasticamente reduzida. Além disso, a taxa de juros da poupança ficará ainda menos vantajosa.

Todavia, essa queda nos juros abriria espaço para outros tipos de ativos de renda fixa, como debêntures, por exemplo. Esse mercado, por exemplo, é bastante desenvolvido nas bolsas americanas e está relacionado diretamente com o financiamento das empresas.

No caso de renda variável, o impacto dos juros negativos pode ser mais positivo que negativo. Como diminuiria a rentabilidade dos ativos de renda fixa, o movimento natural seria uma migração dos investidores de renda fixa para o mercado de renda variável. Esse aumento da demanda poderia gerar impactos positivos nesse mercado.

Além disso, os juros negativos facilitariam o crédito para consumo e também os financiamentos, como financiamentos imobiliários, por exemplo. Dessa forma, alguns setores da economia e com empresas listadas em bolsa de valores, poderiam ser diretamente beneficiadas com taxas de juros negativas.

Além desses fatores, a taxa de juros negativa tem como principal objetivo injetar liquidez na economia e, assim, melhorar os índices de crescimento econômico. A melhora da economia tende a gerar um impacto positivo no mercado, o que deve gerar um efeito positivo também para o mercado de renda variável.

É possível compreender, de acordo com o que foi mencionado, que o ciclo da taxa de juros precisa ser muito bem gerido pelo governo através de suas políticas monetárias para que, assim, evite-se o fenômeno da inflação e se consiga manter, em paralelo, a produtividade em um movimento de alta satisfatório.

PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE TAXA DE JUROS
O que é taxa de juros?

A taxa de juros é um índice aplicado em produtos financeiros principalmente os
Ligados ao mercado de crédito. Dessa forma, o índice é utilizado para remunerar o dinheiro ao longo do tempo.

Qual a taxa de juros do Brasil?

A taxa de juros do Brasil, ou taxa básica de juros do Brasil, é a taxa Selic. Essa taxa é definida pelo Copom (Conselho de Política Monetária) do Banco Central e serve como referência para as demais taxas de juros praticadas no Brasil.

Como calcular a taxa de juros?

As taxas de juros podem ser calculadas com a fórmula para a taxa de juros simples e com a fórmula da taxa de juros composta. No primeiro caso, os juros incidem sobre o valor inicial, ao passo que os juros compostos incidem sobre o valor acumulado.

Taxa de juros e taxa Selic são a mesma coisa?

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e influencia as demais taxas de juros do Brasil, sendo o principal exemplo de taxa de juros do país. Por essa razão, taxa de juros é um termo mais amplo onde a taxa Selic também está inserida, mas não necessariamente se referem a mesma coisa, uma vez que existem outras taxas de juros sem ser a Selic.

Qual a menor taxa de juros (Selic) que o Brasil já teve?

1,9% a.a, entre agosto de 2020 e março de 2021.

Qual a maior taxa de juros (Selic) que o Brasil já teve?

45% a.a, em março de 1999.

ACESSO RÁPIDO
    Tiago Reis
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    5 comentários

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    • Keicy 17 de novembro de 2019
      No texto "Cenário de baixa da taxa de juros" tem uma palavra escrita errada no quarto paragrafo.Responder
    • André Erick 12 de dezembro de 2019
      Muito bom artigo Tiago, ótima didática, Parabéns!!!!Responder
      • Suno Research 12 de dezembro de 2019
        Valeu André! Forte abraço!Responder
    • Theo 27 de março de 2020
      Muito bom! Extremamente didático para um conteúdo que não é simples.Responder
    • Roberta 7 de maio de 2020
      Mais claro impossível! Muito bem redigido e didático.Responder