Gabriela Dias

Como se proteger do padrão comportamental “Home Bias” através da diversificação geográfica

O comportamento, que chamamos de viés doméstico, está associado, em suma, à falta de conhecimento mais aprofundado do mercado financeiro.

Olá, caro leitor. Para simplificar o conceito de Home Bias, ou em português – Viés Doméstico, imagine um investidor que prefere manter seus investimentos apenas em seu país e em sua moeda local, sem considerar investimentos internacionais. Esse comportamento é o que chamamos de viés doméstico e está associado, em suma, à falta de conhecimento mais aprofundado do mercado financeiro.

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E como fugir desse viés? Justamente através da diversificação geográfica! Primeiramente, é importante dizer que não existe um país ou uma classe de ativos que vença todos os anos. Porém, se você investe em empresas estrangeiras, abre um leque de oportunidades em sua carteira de investimentos, deixando-a o mais preparada possível para os acontecimentos e oportunidades a nível econômico global.

Aqui vão alguns pontos de proteção do portfólio e oportunidades na prática:

  • Ter exposição à moeda mais forte do mundo, investindo nos EUA.
  • Fugir do temido risco fiscal que tanto assola o investidor brasileiro e que causa grande impacto em nossa economia local.
  • Ter parte dos investimentos no exterior para contrabalancear a desvalorização de nossa bolsa, que sofre todos os impactos de um país emergente… e muito mais!

Por exemplo, se nossa bolsa, o Ibovespa, cai e o dólar se valoriza frente ao real, além da parcela de sua carteira exposta no exterior não se afetar por essa queda da bolsa local, você ganha com a valorização do dólar (pois ao abrir sua conta em uma corretora internacional, você faz sua remessa de reais para dólares e agora possui essa moeda estrangeira, participando de sua valorização em comparação com sua moeda de origem).

Isso, se você não ganhar também, ao mesmo tempo, com a volatilidade positiva das empresas estrangeiras nas quais investiu seus dólares. Portanto, a diversificação geográfica minimiza muito a montanha-russa dos investimentos, descorrelacionando a volatilidade do portfólio. Tendo consciência dessas premissas ao montar sua carteira de investimentos, conseguimos atingir nosso objetivo e fugir do viés doméstico.

Se você ficou interessado até aqui e caso ainda não tenha sido convencido, seguem outros pontos de extrema importância quando falamos do combate a esse viés comportamental:

A volatilidade nos EUA é bem menor do que nos países emergentes, e a economia lá fora também possui maior resiliência a crises.

Outro ponto importante é a inflação. Desde o ano 2000 até agora, a inflação aqui no Brasil foi de aproximadamente 250%, então para você ter o mesmo poder de compra de R$100,00 reais que tinha em 2000, você precisa ter R$350,00 reais hoje. Enquanto nos EUA, a inflação do ano 2000 até agora foi em torno de 50%.

Portanto, para ter o poder de compra de $100,00 dólares do ano 2000, hoje você precisa ter $150 dólares. Se você parar para pensar, enquanto a inflação no Brasil for maior do que nos EUA, a cada ano que passa, o dólar vai se valorizar em relação ao real, afinal, se o real desvaloriza mais do que o dólar, isso se torna evidente.

É claro que o câmbio não obedece simplesmente a esse fator; teremos oscilações, mas enquanto houver essa discrepância de inflação, no longo prazo, o dólar ficará cada vez mais caro.

Outro ponto em relação à moeda forte e ao câmbio é que, quando se pensa em percepção de risco (e a própria pandemia mostra isso), em momentos de incerteza as pessoas buscam moedas mais seguras, o que beneficia a parte de sua carteira exposta ao dólar.

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E para finalizar essa tese, segue uma frase de Per Lynch: “Quem vira mais pedras, ganha o jogo”. Ou seja, quem analisa mais empresas encontra mais barganhas. Se você tem 10 empresas à sua disposição, talvez 1 esteja barata; se você tem 50, talvez 5 estejam.

Aqui no Brasil, temos cerca de 400 empresas; se filtrarmos por liquidez e governança corporativa adequada, teremos de 200 a 300, enquanto nos EUA, só na bolsa como a NYSE, há mais de 2,7 mil empresas listadas. Existem milhares de empresas lá fora, ações de todo o mundo. Abrir uma conta em uma corretora internacional proporciona acesso também a ADRs de outros países, como empresas na Europa, Ásia, Oceania… é um vasto universo.

Além disso, na bolsa americana, é possível investir nas maiores e mais famosas empresas como Facebook, Apple, Amazon… Essas são exemplos de empresas que não ganham dinheiro apenas dentro dos EUA; elas ganham dinheiro em quase todo o mundo.

Hoje, para uma empresa querer crescer no mundo moderno, ela precisa fazer propaganda no Facebook, no Google. Então, essas empresas estão ganhando dinheiro no mundo inteiro, como se fosse um imposto para empresas digitais, pois, se você quer competir no mundo digital, precisa pagar para fazer propaganda no Google e no Facebook.

No Brasil, temos excelentes empresas, porém lá fora, há empresas com mais vantagens competitivas, mais globalizadas e com maior potencial de crescimento.

Em mercados emergentes, você até pode ter retornos mais elevados do que em mercados desenvolvidos em algum momento, mas a montanha-russa é muito mais emocionante. Portanto, o ideal é não escolher apenas um ou outro, mas ter ambos à sua disposição, ter esse leque para considerar tanto as empresas estrangeiras quanto as domésticas.

Assim, você também tem a flexibilidade de aproveitar os momentos de oportunidades de cada localização na hora de rebalancear sua carteira.

Texto, Carta  Descrição gerada automaticamente

“Irei investir em qualquer empresa do mundo, contanto que seja Canadense” (Para descontrair).

Espero tê-lo ajudado, um abraço e até breve!

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Gabriela Dias

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