Yield on Cost (YOC): o que é, como calcular e usar

O mercado de ações oferece diferentes formas de medir a rentabilidade de um investimento. Uma delas é o yield on cost (YOC), indicador que relaciona os dividendos recebidos com o custo original de aquisição do ativo. Esse conceito é útil para avaliar o desempenho histórico de uma posição e entender a evolução da geração de renda ao longo do tempo.
Neste artigo, você verá o que é o yield on cost, como calculá-lo corretamente e de que forma utilizá-lo na análise de investimentos de longo prazo.
O que é yield on cost (YOC)?
O yield on cost representa o retorno percentual de dividendos recebidos em relação ao custo original de aquisição de uma ação. Ele é calculado com base na seguinte fórmula:
YOC = Dividendos recebidos no ano ÷ Preço médio de compra da ação
Ou seja, em vez de considerar o preço de mercado atual (como faz o dividend yield), o YOC foca no preço efetivamente pago pelo investidor no momento da compra. Esse indicador é útil para mostrar o quanto o ativo “rende” sobre o valor investido originalmente, após anos de aportes, reinvestimentos e crescimento dos dividendos.
Por que o yield on cost é importante?
O principal valor do yield on cost está na sua capacidade de demonstrar a evolução real da rentabilidade de um investimento em dividendos. Para investidores que compram ações com foco no longo prazo, esse indicador mostra:
- A eficiência do reinvestimento de dividendos;
- O poder dos juros compostos ao longo dos anos;
- A consistência de empresas boas pagadoras de proventos;
- A relevância do preço de entrada na rentabilidade futura.
Investidores que compraram ações de empresas como Taesa (TAEE11), Itaúsa (ITSA4) ou Engie Brasil (EGIE3) há mais de 10 anos, por exemplo, podem hoje ter YOCs superiores a 10% ou 15% ao ano, mesmo que o dividend yield atual do ativo esteja abaixo disso.
Como calcular o yield on cost
O cálculo do yield on cost exige três informações básicas:
- Preço médio de aquisição da ação;
- Quantidade de ações compradas;
- Valor total de dividendos recebidos no ano.
Exemplo prático:
Imagine que um investidor comprou 1.000 ações da empresa XPTO3 por R$ 10,00 cada. O investimento inicial foi de R$ 10.000,00. No último ano, ele recebeu R$ 1.200,00 em dividendos.
Aplicando a fórmula:
YOC = R$ 1.200,00 ÷ R$ 10.000,00 = 12%
Isso significa que, em relação ao valor investido originalmente, o retorno foi de 12% apenas em dividendos naquele ano. Se o investidor mantiver as ações e os dividendos aumentarem nos anos seguintes, o YOC tende a crescer — mesmo que a cotação da ação caia ou fique estável.
Empresas brasileiras com histórico de YOC elevado
Alguns exemplos de companhias que, historicamente, proporcionaram yields on cost elevados para investidores de longo prazo:
- TAEE11 (Taesa): forte histórico de dividendos recorrentes;
- ITSA4 (Itaúsa): estabilidade na geração de caixa e boa distribuição;
- EGIE3 (Engie Brasil): setor elétrico com previsibilidade e pagamentos robustos;
- BBSE3 (BB Seguridade): dividendos altos e política previsível;
- CPLE6 (Copel PN B): boa combinação de crescimento e distribuição.
Essas empresas não necessariamente possuem o maior dividend yield atual, mas para investidores que compraram em ciclos anteriores a preços atrativos, o YOC supera 10% ou mais em vários casos.
Diferença entre yield on cost e dividend yield
Apesar de ambos medirem a rentabilidade via dividendos, a lógica de cálculo e o uso prático do yield on cost e do dividend yield são distintos:
Indicador | Fórmula | Base de cálculo | Indica o quê? |
---|---|---|---|
Dividend Yield | Dividendos do ano ÷ Preço atual da ação | Preço de mercado | Rentabilidade corrente do ativo |
Yield on Cost | Dividendos do ano ÷ Preço médio de compra | Custo histórico | Rentabilidade histórica para o investidor |
O dividend yield é mais útil para comparações entre ativos no presente. Já o yield on cost é uma métrica mais pessoal, voltada para acompanhamento de performance ao longo do tempo.
Como usar o yield on cost na prática
1. Avaliação de performance da carteira
O YOC pode ser usado para avaliar o desempenho dos ativos da carteira que têm foco em dividendos. Uma carteira que apresenta crescimento constante no YOC ao longo dos anos tende a indicar:
- Empresas com lucros sustentáveis;
- Boa política de distribuição de proventos;
- Aportes realizados com margem de segurança.
2. Tomada de decisão sobre reinvestimentos
Se uma ação apresenta um YOC alto e os fundamentos permanecem sólidos, pode fazer sentido manter ou aumentar a posição, mesmo que o dividend yield atual esteja abaixo da média do mercado.
3. Planejamento de aposentadoria e renda passiva
Investidores que usam ações para gerar renda passiva podem projetar com mais clareza quanto precisarão acumular para atingir determinado valor de proventos anuais, com base no yield on cost esperado no futuro.
Limitantes do yield on cost
Apesar de útil, o yield on cost não substitui outras métricas na análise de investimentos. Ele tem algumas limitações:
- Não considera o valor de mercado atual da ação — o que pode mascarar perdas latentes;
- É uma métrica pessoal — dois investidores com o mesmo ativo podem ter YOCs distintos;
- Pode levar a viés de ancoragem — mantendo ativos apenas porque o YOC está alto, mesmo com deterioração dos fundamentos.
Portanto, o YOC deve ser usado em conjunto com indicadores como dividend yield atual, payout ratio, lucro por ação (LPA), retorno sobre patrimônio líquido (ROE) e análise qualitativa da empresa.
Onde acompanhar o YOC
Atualmente, plataformas como o Status Invest e o Guiainvest permitem cadastrar uma carteira de ações com preço de entrada para monitoramento do YOC ao longo do tempo. Em planilhas pessoais ou aplicativos de controle financeiro, também é possível calcular manualmente esse indicador para cada ativo.
Yield on cost e estratégia buy and hold
O yield on cost reforça os princípios do buy and hold, ao premiar o investidor paciente e disciplinado. Quanto maior o horizonte de tempo e mais acertadas forem as decisões de compra, maior será a relação entre proventos e custo original.
Essa métrica incentiva a visão de longo prazo, minimizando o foco em oscilações de preço e maximizando o efeito dos juros compostos via reinvestimento de dividendos.
Comparando duas trajetórias de YOC
Imagine dois investidores que compraram a mesma ação em momentos distintos:
- Investidor A comprou por R$ 10,00 e recebe R$ 1,20 por ação/ano: YOC = 12%;
- Investidor B comprou por R$ 25,00 e recebe os mesmos R$ 1,20: YOC = 4,8%.
Mesmo com o mesmo ativo e mesmo dividendo, o retorno histórico em relação ao custo é muito mais expressivo para quem entrou a um preço mais baixo. Isso mostra o impacto direto do preço de entrada na construção de renda passiva.
Como aumentar o yield on cost ao longo do tempo
Algumas práticas ajudam a elevar o YOC da carteira com o passar dos anos:
- Comprar em momentos de baixa (quando os preços estão descontados);
- Reinvestir dividendos em ativos de qualidade;
- Focar em empresas com crescimento sustentável de lucros e distribuição;
- Evitar girar a carteira desnecessariamente.
Ao combinar essas atitudes com disciplina e análise fundamentada, o investidor constrói um portfólio robusto e eficiente.