Payout: o que é e para que serve nos investimentos

O “payout” é uma métrica fundamental para investidores que procuram entender a política de dividendos de uma empresa e avaliar seu potencial de retorno.

Ao calcular o payout, é possível determinar a proporção dos lucros da empresa que é distribuída aos acionistas na forma de dividendos. No entanto, interpretar o payout requer uma análise cuidadosa das circunstâncias individuais da empresa, incluindo sua posição financeira, estratégia de investimento e perspectivas de crescimento.

Em 2025, com o avanço das discussões sobre a tributação de dividendos no Brasil, esse indicador ganha ainda mais relevância na tomada de decisão do investidor.

Neste artigo, exploraremos como calcular e interpretar o payout de uma empresa, bem como algumas considerações importantes para investidores que desejam tomar decisões informadas de investimento com base nessa métrica.

O que é Payout?

O payout é uma métrica que indica a porcentagem do lucro líquido de uma empresa distribuído aos seus acionistas na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio.

No final de cada exercício, as empresas que obtiveram lucro podem distribuir dividendos aos seus acionistas. Entretanto, as empresas têm a opção de escolher a parcela do lucro que será distribuída, respeitando o percentual mínimo definido no estatuto da companhia.

Caso o estatuto seja omisso em relação a este mínimo, a legislação obriga a companhia a distribuir no mínimo 25% do lucro líquido do exercício.

De forma geral, quanto maior o payout, maior a parcela do lucro repassada aos investidores. No entanto, é importante lembrar que um payout elevado nem sempre é sinal de saúde financeira, se a empresa distribui mais do que sua geração de caixa permite ou abre mão de reinvestimentos estratégicos, isso pode comprometer seu crescimento no longo prazo.

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Como calcular o payout?

O significado de payout é uma medida usada para calcular a proporção dos lucros de uma empresa que é distribuída aos acionistas na forma de dividendos. Assim, para calcular o payout de uma empresa, é necessário seguir os seguintes passos:

  1. Encontre o lucro líquido da empresa: O lucro líquido é o lucro total da empresa menos as despesas e impostos. Esse número pode ser encontrado no balanço patrimonial ou na demonstração de resultados da empresa.
  2. Calcule o dividendo total pago pela empresa: O dividendo total é o valor total que a empresa pagou em dividendos aos acionistas durante o período que você está analisando. Isso pode ser encontrado no demonstrativo de fluxo de caixa ou nas notas explicativas da empresa.
  3. Divida o dividendo total pelo lucro líquido: Divida o dividendo total pelo lucro líquido para obter o payout. O resultado será expresso como uma porcentagem.

Por exemplo, se uma empresa teve um lucro líquido de R$ 1.000.000 e pagou R$ 500.000 em dividendos aos acionistas, o payout seria de 50% (500.000 ÷ 1.000.000 x 100).

Ou seja, metade dos lucros foi distribuída aos acionistas naquele exercício.

É importante destacar que o payout não deve ser analisado isoladamente. Ele ganha mais significado quando considerado junto a outras métricas, como:

Esses indicadores ajudam o investidor a entender se a distribuição é sustentável e se há potencial para continuidade ou expansão dos dividendos no futuro.

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Qual a relação entre o Payout e o Dividend Yield?

Agora que já sabemos o que é este índice, vamos entender a importância dele.

O payout é bastante importante, entre outras coisas, pois ele define o dividend yield de uma companhia.

Mas o que é dividend yield?

De forma simples, o dividend yield representa o percentual do preço da ação que é devolvido ao investidor em forma de dividendos. O dividend yield é o dividendo pago por uma ação, dividido pelo seu preço.

Suponha que uma ação de determinada empresa pague R$1,00 por ação aos seu acionistas, e que esta ação custe R$10,00 no mercado.

Qual é o dividend yield desta companhia?

Muito simples! Basta dividir o dividendo, pelo preço da ação, da seguinte forma:

1,00 / 10,00 = 0.10

Portanto, o dividend yield desta companhia é de 10%.

Mas como o percentual de distribuição do lucro de uma empresa afeta o dividend yield?

É bastante intuitivo. Vamos voltar ao exemplo inicial, da empresa que lucrou R$100.00,00 no ano e distribui R$50.000,00 aos seus acionistas, ou seja, distribuição de 50% do lucro líquido.

Vamos supor que esta empresa possua 5o.000 ações disponíveis. Ou seja, ela distribuiu R$1,00 por ação.

Se a ação da companhia custa R$10,00, com vimos, o dividendo yield será de 10%.

Mas se a gestão da empresa resolver reduzir o payout para 25%, para fortalecer o caixa da companhia, distribuindo apenas R$25.000,00, ou o total de R$0,50 centavos por ação, o dividend yield será:

0,50 / 10,00 = 0.05%

Portanto, 5%.

Logo, quando o percentual de distribuição do lucro se reduz, o dividend yield também se reduz. Há, desta forma, uma relação direta entre estes dois indicadores.

Empresas de alta rentabilidade, geralmente, conseguem crescer o seu lucro enquanto distribuindo boa parte dele ao seu acionista.

Comparativo entre payout e dividend yield

IndicadorO que medeFórmulaObservação
PayoutPercentual do lucro líquido que é distribuídoDividendos ÷ Lucro Líquido × 100Reflete a política de distribuição da empresa
Dividend YieldPercentual do preço da ação devolvido ao investidor via dividendosDividendos ÷ Preço da Ação × 100Reflete o retorno em dividendos, independentemente do lucro

É importante lembrar que uma empresa pode ter um payout alto e um dividend yield baixo se, por exemplo, o lucro for pequeno ou o preço da ação estiver muito elevado. O inverso também é verdadeiro.

Um bom exemplo de empresa com payout elevado e dividend yield expressivo é a Engie Brasil (EGIE3). A companhia, do setor elétrico, tem histórico de distribuição consistente, chegando a distribuir 100% do lucro em diversos anos, o que resultou em retornos atrativos para seus acionistas.

Empresas com payout relevante em 2025

Analisar o payout de empresas listadas na Bolsa é uma forma eficiente de identificar companhias com políticas consistentes de distribuição de lucros. Em 2025, esse indicador segue como um critério decisivo para investidores que priorizam renda passiva e previsibilidade de fluxo de caixa.

Apesar de um cenário macroeconômico mais desafiador, marcado por inflação resistente, Selic em patamar elevado e debate sobre a tributação de dividendos, algumas empresas brasileiras continuam se destacando pela capacidade de gerar lucros recorrentes e distribuí-los de forma generosa aos seus acionistas.

A seguir, apresentamos um panorama com empresas de setores variados, como energia, petróleo, bancos e mineração, que mantêm payouts robustos e dividend yields atrativos em 2025. Esses dados oferecem um ponto de partida valioso para quem busca ativos com potencial de retorno via dividendos.

Payout estimado e Dividend Yield em 2025

EmpresaTickerPayout Estimado 2025Dividend Yield 2025
PetrobrasPETR4140–150%~17–20%
Banco do BrasilBBAS340–45%~9–9,1 %
ValeVALE3~67,7%*~8,8% *(estimativa semelhante à de anos anteriores)
TaesaTAEE1190–100%~8%
CopelCPLE6~100%*Dados não disponíveis no momento (*referência histórica)
FII GARE11GARE11~96%— cotação e valorização implicam leve desconto
  • Petrobras (PETR4): apesar de prejuízo no 4º trimestre/2024, manteve payout elevado (140–150%) e dividend yield entre 17% e 20%.
  • Banco do Brasil (BBAS3): com payout projetado entre 40% e 45% e dividend yield estimado em cerca de 9%.
  • Vale (VALE3): seguindo estratégia de distribuição consistente, paga cerca de 67,7% do lucro com dividend yield em torno de 8,8%.
  • Taesa (TAEE11): mantém payout entre 90% e 100% do lucro regulatório e dividend yield de aproximadamente 8%.
  • Copel (CPLE6): tradicionalmente com payout perto de 100%, embora dados de dividend yield atuais não estejam disponíveis.
  • FII Guardian Logística (GARE11): cotado com P/VPA ~0,96, indicando leve desconto patrimonial, o que pode oferecer proteção ao investidor.

O que muda com a tributação de dividendos?

Em 2025, o debate sobre a tributação de dividendos voltou com força ao centro da política econômica brasileira. O Projeto de Lei nº 1.087/2025, em tramitação no Congresso Nacional, propõe alterações importantes que afetam diretamente investidores e empresas listadas na Bolsa.

Se aprovado, o projeto prevê que, a partir de 2026, os dividendos distribuídos por empresas passarão a ser tributados à alíquota de 10%, tanto para investidores residentes quanto não residentes no Brasil.

A proposta ainda contempla a possibilidade de créditos fiscais para evitar a bitributação em estruturas societárias, especialmente em holdings ou companhias que operam sob regimes de lucro presumido e real simultaneamente.

Quais os impactos esperados?

Essa mudança pode afetar diretamente a atratividade de empresas com payout elevado, que tradicionalmente distribuem uma grande parcela do lucro aos acionistas como forma de gerar renda passiva. Para os investidores, o retorno líquido via dividendos será reduzido.

Por outro lado, as empresas podem rever suas políticas de distribuição, optando por reter uma parcela maior dos lucros para reinvestimento no próprio negócio ou outras finalidades estratégicas, o que tende a impactar o perfil de investidores focados em dividendos.

Em resumo:

  • Empresas que hoje distribuem quase 100% do lucro podem adotar posturas mais conservadoras;
  • O investidor deverá analisar não apenas o valor bruto dos proventos, mas também os efeitos da nova carga tributária no retorno líquido.

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Como interpretar o Payout?

O “payout” é uma medida importante para os investidores que desejam avaliar a política de dividendos de uma empresa. Uma vez calculado, é importante saber como interpretar o payout para tomar decisões informadas de investimento.

O payout é muito mais do que um número em um relatório financeiro, ele pode ser uma poderosa ferramenta de análise para quem investe com foco em renda passiva. Entender como a empresa distribui seus lucros ajuda o investidor a projetar retornos, avaliar a sustentabilidade dos dividendos e identificar o alinhamento entre a gestão e os acionistas.

Além disso, o payout pode revelar aspectos importantes da estratégia corporativa: empresas que distribuem demais podem estar sacrificando o crescimento, enquanto aquelas que retêm tudo podem estar falhando em recompensar o acionista. Por isso, interpretar corretamente esse indicador exige uma visão integrada do negócio.

Para tirar o melhor proveito dessa métrica, é essencial ir além da porcentagem distribuída e considerar o contexto do negócio. Veja, a seguir, como avaliar diferentes perfis de payout e o que observar em cada caso.

Payout elevado

cuidado com alto payout

Payout é um indicador que representa a porcentagem do lucro líquido de uma empresa distribuído aos seus acionistas na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio. No entanto, um payout alto não significa necessariamente que a empresa é uma boa opção de investimento.

O cuidado com payouts extremamente elevados é fundamental. É necessário avaliar se a companhia não está se endividando para realizar esta distribuição, pois isto pode prejudicar a empresa no longo prazo.

Além disso, é importante avaliar se a empresa não teria melhor uso para o dinheiro distribuído aos acionistas. Se a companhia pode investir em projetos com retorno elevado, é melhor que ela retenha os lucros para realizar esses investimentos. Dessa forma, a empresa terá maiores lucros e, consequentemente, maiores dividendos no futuro.

O investidor deve sempre avaliar a consistência dos lucros da empresa ao longo dos anos. Um payout elevado só é positivo quando sustentado por resultados recorrentes e geração de caixa saudável.

Outro ponto importante é observar se a política de distribuição está compatível com o ciclo do setor. Empresas maduras, como utilities ou bancos, tendem a ter payouts naturalmente mais altos, enquanto empresas em crescimento precisam reinvestir.

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Payout baixo

Assim como um payout elevado não é necessariamente bom, um payout baixo também não precisa ser encarado como negativo. A empresa pode estar retendo caixa para investimentos estratégicos, o que pode trazer ótimos resultados ao acionista ao longo do tempo. O essencial é que esses investimentos sejam bem executados e entreguem retorno acima do custo de capital.

Um exemplo atual é a WEG (WEGE3). Em 2025, a companhia mantém payout de aproximadamente 30–35%, pois continua investindo fortemente em expansão internacional e tecnologia de automação, segmentos que demandam capital, mas oferecem elevado retorno a médio prazo. Nesse contexto, apesar do payout baixo, a valorização das ações tem sido sólida, refletindo um bom equilíbrio entre distribuição e reinvestimento.

Outro exemplo é a Magazine Luiza (MGLU3), cujo payout permanece baixo por conta de investimentos em logística, tecnologia e expansão de marketplace. Embora isso reduza o fluxo de dividendos no curto prazo, reforça o crescimento e a competitividade da empresa.

Payout elevado

Empresas que conseguem manter payout elevado e ainda assim crescer os lucros são especialmente atrativas para investidores que buscam renda passiva.

Em 2025, um destaque é a Engie Brasil (EGIE3). O payout da companhia está em torno de 70–80%, alinhado à sua política de distribuição, enquanto o dividend yield gira em torno de 8%.

Outro caso é o setor de utilities conectadas a commodities: Petrobras (PETR4) reportou payout superior a 140–150% em alguns trimestres, mesmo após prejuízo, distribuindo dividend yield acima de 17%. Já a Taesa (TAEE11) mantém payout entre 90–100%, com dividend yield próximo a 8%, consolidando-se como uma excelente pagadora mesmo em 2025.

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ACESSO RÁPIDO
João Daronco
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12 comentários

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  • luiz eduardo froes 24 de março de 2020
    olá, muito bom o conteúdo. só uma dúvida: e quando o payout é maior que 100%?? pois isso que consta atualmente no payout da ENBR3 (dia 24/03/20). Obrigado desde já...Responder
    • Cintia 7 de abril de 2020
      Oie! Também tinha essa dúvida! Acho que se tratam de empresas que somam amortização e depreciação ao Lucro Líquido para chegar ao valor a ser distribuído de dividendos.Responder
  • Romero 13 de abril de 2020
    Muito explicativo ParabénsResponder
  • cesar ferreira 25 de maio de 2020
    Olá, vejo que neste primeiro trimestre de 2020 a Leve3 teve payout acima de 100%, desejo saber o que motivou isto? De onde vem este recurso?Responder
    • Suno Research 26 de maio de 2020
      Olá Cesar, Quando a quantia distribuída aos acionistas é superior ao lucro da empresa, o payout é superior a 100%. Os recursos podem vir do caixa da empresa ou de endividamentos.Responder
  • UBIRAJARA 29 de maio de 2020
    valeu, somente hoje consegui entender perfeitamente payout e dividendos, e suas relações para uma tomada de decisão na compra de ações.Responder
  • Alazira 22 de junho de 2020
    Muito bom o esclarecimento.Ajuda muito is nao sao expert ainda. Obrigada.Responder
  • Carlos Alberto 16 de setembro de 2020
    Gostaria de parabenizar o gestor Tiago Reis pelo excelente serviço no crescimento e fortalecimento da educação financeiro da população brasileira. Muito claro, assertivo, e de fácil compreensão. Parabéns a Suno pela distribuição e manutenção destas "aulas" ao público.Responder
    • Suno Research 17 de setembro de 2020
      Olá, Carlos Alberto! Tudo bem? Muito obrigado pelos elogios! Ficamos felizes em ajudar. Atenciosamente, Equipe Suno.Responder
  • nilson luz 29 de maio de 2021
    muito bom o conteúdoResponder
  • John 16 de abril de 2022
    Fiz um pix para minha conta e o dinheiro ainda na caiu,Responder
  • Felipe 18 de junho de 2022
    Bom o conteúdo essencial. O meu pix não caiu na minha conta saquei ele da canta FTX TRADE me ajuda foi $R:40Reais.Responder