Idean Alves

Como investir aproveitando os ciclos econômicos?

O mundo vive um momento atípico, de inflação alta, que pede juros elevados para controle da alta de preços. Só que agora estamos falando desse fenômeno nos países desenvolvidos, o que leva à desaceleração da economia global. O que o investidor deve fazer?

O investidor de renda fixa teve um “final feliz” em 2022. Depois de termos uma Selic (taxa básica de juros) em 2% por ano em 2021, hoje temos uma taxa de juros em 13,75%, o maior patamar dos últimos 6 anos. A taxa é excelente para o investidor conservador que busca segurança em renda fixa, pois ele voltou a ganhar o famoso 1% por mês, “livre de risco”, com algumas aplicações pagando até 16% por ano, que rendem 1,3% por mês bruto.

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Em contrapartida, o investidor moderado, agressivo, que gosta de correr um pouco mais de risco em renda variável, almejando ganhos maiores, precisou ter estômago para suportar a montanha-russa (literalmente) que foi a Bolsa de Valores em 2022. Tivemos um ano com muita volatilidade por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, inflação “aterrorizando” o mundo todo, política de covid zero na China e, claro, ano eleitoral no Brasil, que historicamente adiciona volatilidade à renda variável, e fez a bolsa brasileira perder mais de 20% em valor. Tudo isso machucou muitos investidores, que viram o cenário mudar rapidamente várias vezes ao longo do ano. E, como muitos estavam bem alocados na Bolsa, foi um ano mais desafiador para esse investidor, o qual inclusive optou por migrar parte dos recursos para a renda fixa novamente.

O investidor de longo prazo, que está acostumado com a volatilidade de momento, mudanças conjunturais também tem as emoções sendo testadas no limite. O mundo como um todo vive um momento atípico para a maioria, de inflação alta, o que naturalmente pede juros mais altos para controle da alta de preços. Só que agora estamos falando desse fenômeno nos países desenvolvidos, o que leva à desaceleração da economia global. Tanto é que se fala em recessão neste ano, o que leva investidores a buscarem esses países que estão pagando mais do que de costume na renda fixa, e são considerados mais seguros.

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A principal lição que fica, como o Copom comentou em sua última reunião para decidir sobre a taxa de juros do Brasil, é a vigilância. Significa que, em cenários instáveis como de 2022 e potencialmente de 2023, é muito importante ter cautela e sempre revisitar as teses de investimentos. O motivo que levou o investidor a aplicar em um determinado investimento continua? Ou, se mudou, como proceder? Continuar ou migrar? São essas e algumas perguntas que o investidor sempre deve se fazer e, claro, sempre que possível buscar ajuda de um especialista de investimentos.

Já que o cenário pode mudar muito rapidamente, é preciso ter cautela, e sempre deixar uma boa reserva de caixa disponível para novas alocações na carteira, assim o investidor terá maior flexibilidade às mudanças, e aproveitar as oportunidades, pois não podemos esquecer que crise, estresse econômico e incerteza geram muitas oportunidades para quem tem dinheiro para aproveitar quando elas aparecem.

De longe, o investimento mais promissor em 2023 vai continuar sendo a renda fixa, com taxas de retornos que devem ficar cada vez maiores, remunerando bem o investidor. O investidor, assim como o empresário, vai começar a fazer conta. É melhor ganhar 16%, 18% em renda fixa, ou comprar ações, abrir um negócio, com um risco muito maior, sem garantia de ganho e alta probabilidade de perda?
A história mostra que o brasileiro prefere a renda fixa, seja via CDB, LCI ou LCA. Até por isso, durante muito tempo, no nosso passado recente de juros altos, o Brasil era chamado de país dos rentistas, que nada mais faziam do que aproveitar esse alto retorno.

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Claro que isso será uma fase, um momento do ciclo econômico, e poderemos ver a luz no fim do túnel para ativos de renda variável, como Bolsa, no final do segundo semestre de 2023. Aí vai começar a fazer mais sentido o rebalanceamento na carteira e o ajuste fino na carteira de ações, pensando sempre não apenas no momento, mas na bola de neve que se pode criar para o longo prazo.

Poupança deixa de ser uma opção para o investidor bem informado, que encontra o dobro do retorno dela, que hoje está em 6% por ano, sem pagar imposto, e com a mesma liquidez, casos das LCI’s e LCA’s que são isentas para pessoa física, das quais se pode resgatar a qualquer momento.

Ouro é bom para cenários de estresse, só que nos últimos 100 anos ele só corrigiu a inflação, e hoje temos CDBs por exemplo, que pagam a inflação mais uma taxa adicional como 7% por ano, que é bem mais vantajoso.

Investir em dólar hoje se tornou fundamental e não só comprando a moeda diretamente, mas sim investindo no exterior. Assim, o investidor ganha com a valorização das aplicações, e com a variação cambial caso a situação econômica do Brasil deteriore. A maior parte do nosso consumo é dolarizado, então é cada vez mais importante investir lá fora, onde se tem acesso aos ativos do mundo todo.

Para quem quer começar a investir, oriento a buscar informação de qualidade, além de instituições e profissionais autorizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para fazer o planejamento dos próximos meses.

Estamos vivendo uma verdadeira janela de oportunidade nos investimentos. Apesar de a nossa economia real estar patinando um pouco, na renda fixa estamos vendo algumas das maiores taxas de juros dos últimos 6 anos, a Bolsa brasileira está consideravelmente barata quando olhada através dos seus fundamentos. Esse é o consenso da maioria dos analistas de renda variável. E, além disso, a porta do mercado internacional está mais acessível e democrática do que nunca. Quem souber aproveitar esse momento colherá bons frutos no futuro – afinal, como diria Gustavo Cerbasi, enriquecer é uma questão de escolha e, acrescento, a qual normalmente se paga no longo prazo.

Falo mais sobre investimentos no instagram: @ideanalves.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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