João Canhada

Há algo especial na atual febre das memecoins

Não é fácil cravar o que está por trás desta corrida, em meio ao halving, mas há alguns indícios de que esse “boom” das memecoins tem coisas maiores por trás

Ainda no final do ano passado, eu e outros players do mercado de criptomoedas não falávamos
de outra coisa, a não ser sobre os ETFs spot nos Estados Unidos e o próprio halving do
Bitcoin, previsto para abril (daqui alguns dias). Mas o que a gente muito esperava com o BTC
dominando tudo e todos, na verdade, virou uma… Memeseason?

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Pois é! Quem diria que em um dos anos mais importantes para o mercado de criptomoedas, os
famosos tokens de “piadas financeiras” iriam se sobressair. Não é fácil cravar o que está por
trás desta corrida, em meio ao halving, mas há alguns indícios de que esse “boom” da
memecoins tem coisas maiores por trás.

Pumping the memes

Apesar de estarmos falando de memecoins agora, a verdade é que a faísca que explodiu este
barril de pólvora da “risadinha” aconteceu já no ano passado, com a PEPE. O sapinho verde
simpático bastante usado pelas pessoas como meme na internet, virou um token de quase US$
3 bilhões de capitalização de mercado, segundo o CoinMarketCap.

Claro que quando a gente compara com outras criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum e
Tether, US$ 3 bilhões não são nada. Mas entenda uma coisa. Todo esse dinheiro está
“depositado” em uma criptomoeda que não necessariamente apresenta um projeto relevante de
criação de smart contracts, layer-2 ou algo do tipo.

Nem um smart contract para validar contratos burocráticos ou uma moeda de transação de
valores com taxas baixas? Não! Nada, é apenas um meme, que está movimentando bilhões de
dólares.

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Memecoin virando hype

Com a PEPE abocanhando uma fatia extremamente considerável do mercado, e pessoas
lucrando absurdos com a valorização do token na volatilidade insana desse tipo de
criptomoeda, é claro que a piada iria continuar. E aí veio mais uma galera “desenvolvendo”
suas memecoins.

Recentemente, a BONK surgiu no mercado e brilhou tanto quanto PEPE. Ou seja, além de
Shiba Inu (SHIB) e Floki (FLOKI), mais um fofo cachorrinho marcava presença no mercado de
criptomoedas.

Depois, outras duas memecoins ganharam espaço. E, sim, mais um cachorro para conta…
Dogwifhat (WIF) chegou para brigar por seu espaço aqui! Por fim, tivemos a Book of Meme
(BOOK) que é um… Meme!

Essa brincadeira toda custa “caro”. Na real, bem caro mesmo. A capitalização de mercado de
todas essas criptomoedas está próximo da casa dos dois dígitos. Basta um pumpzinho de alta
aí!

Esses US$ 8,7 bilhões se tornam ainda mais expressivos, quando olhamos para o marketcap total das memecoins que, atualmente, está na casa dos US$ 60 bilhões.

Nas entrelinhas

Quando a gente tenta entender os motivos para este grande interesse em memecoins, não precisamos ir tão longe assim. Esses tokens são bastante voláteis, afinal, estão à mercê do humor dos investidores e não de um fundamento específico de rede ou coisa do tipo. Então, é claro que há muitas pessoas investindo em memecoins, tentando acertar aquela pernada.

Mas eu queria abrir essa discussão um pouco mais além!

Você sabe em qual blockchain estes tokens estão operando? Aqui é onde me parece estar o principal valor dessas memecoins. Dos quatro tokens citados aqui, três utilizam a rede Solana, contra apenas um se apoiando no Ethereum.

Essa simples tabelinha tem muita informação importante, que a gente vai discutir a seguir!

Ethereum killer

Se você é novo no mercado de criptomoedas, talvez não conheça o termo “Ethereum Killer”.

Vamos contextualizar antes. Basicamente, a rede do Ethereum domina todos os desenvolvimentos de aplicações e finanças descentralizadas (dApps e DeFi), assim como as memecoins. E não à toa, tá? A plataforma surgiu como um divisor de águas, permitindo, de forma eficiente, a criação de smart contracts.

Porém, a rede foi ficando cada vez mais cheia de projetos e um volume enorme de transações diárias. Como consequência, o Ethereum ficou mais lento e caro, sendo “salvo” por atualizações do protocolo e a inclusão de soluções de layer-2, que criaram rotas secundárias para desafogar a mainnet e, assim, tornar o fluxo de informações novamente mais barato e veloz.

Então, Ethereum Killer seria o que o próprio nome diz: a rede responsável por destronar o Ethereum de principal rede para projetos descentralizados. Entre os candidatos, sabe quem está lá? Sim, a Solana!

A emissora do token SOL possui uma grande escalabilidade, que permite o desenvolvimento de aplicações, muitas vezes, mais rápidas e menos custosas do que o Ethereum, sem perder em nada a segurança.

Mas o caminho nem sempre foi tão pavimentado assim. Afinal, a Solana sofreu bastante com paralisações da rede nos últimos dois anos, e o fantasminha da extinta FTX também não deixou a plataforma em paz por um bom tempo. Porém, com tudo isso praticamente resolvido, o Ethereum Killer está “voando”!

Ethereum X Solana

Espero que você que esteja lendo este artigo não pense que estou falando mal do Ethereum. Ao contrário, o projeto desta rede é absurdamente poderoso. O comparativo a seguir é muito mais para a gente entender como os protocolos estão crescendo e novas opções surgem no mercado de criptomoedas.

Então, a começar pelo marketcap de todo o ecossistema destas plataformas:

Apesar da diferença de quase 100% entre o valor de mercado desses dois ecossistemas, o desempenho de cada rede mostra um crescimento da Solana, contra, pelo menos, uma estagnação do Ethereum.

Isso acompanha ainda a atividade na rede, que não só está maior na Solana, como também apresenta uma tendência de alta por lá.

O gráfico extraído da The.Block mostra que existem quase 39 milhões de endereços ativos dentro da Solana. Ou seja, são endereços que estão fazendo movimentações e interagindo com o token SOL e outros aplicativos desenvolvidos dentro da plataforma, como as memecoins que falamos aqui.

Já o Ethereum está, de certa forma, em um platô, na região dos 17 milhões de endereços ativos

Mas, claro, vale lembrar que há muitas soluções de segunda camada para o Ethereum, o que acaba diluindo essa atividade em outras plataformas, mesmo que operem para o próprio Ethereum.

Por trás das memecoins

Toda essa narrativa me traz a uma percepção específica sobre o atual momento da febre das memecoins. Como comentado ao longo deste artigo, boa parte desta euforia está relacionada à tentativa de obter lucros astronômicos com um pump maluco que esse tipo de tokens oferece – ou não – aos seus investidores.

Mas por trás há algo muito mais importante, que é a possibilidade de uma mudança na dominância de redes. Até dois anos atrás, por exemplo, era difícil imaginar o Ethereum tomando pancada de outra rede. “É o Ethereum, cara! Eles são gigantescos. O ecossistema é completo. Tá tudo bem!” Mas não é bem assim!

A Solana está ganhando cada vez mais espaço em termos de tecnologia. E a tendência, talvez, é de que o Ethereum Killer cresça ainda mais. Isso vai levar ao fim do Ethereum? Olha, não apostaria nisso. Mas, a partir de agora, não só a Solana, mas outros concorrentes podem chegar a bater de frente com a segunda rede mais valiosa do mundo.

Então, para além das memecoins, há uma disputa tecnológica extremamente acalorada e intensa que pode guiar muitas das novas soluções financeiras e de aplicações descentralizadas que estamos para ver em um futuro bem próximo.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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