Piter Carvalho

Começou o rali de fim de ano da Bolsa?

Desta vez, veio estimulado pelos dados recentes da economia americana, como indicadores mais fracos de emprego e arrefecimento da inflação. Juros altos nos EUA liberaram fluxo de capitais para outros países, principalmente emergentes como o Brasil

Será que já começou o rali de final de ano na Bolsa de Valores? Sim, e não precisou esperar dia 25 de dezembro para ele começar. Ano passado, por exemplo, ele começou depois de acabar o ano. Sim, meus caros, é um fenômeno sem previsão exata igual a meteorologia, em que no máximo você acerta que vai chover, só não dá para cravar com toda certeza quando, onde e a quantidade. E assim como o “homem do tempo” erra várias vezes, muitos analistas que dizem que vai ter o rali de final de ano acabam passando vergonha quando ele não vem.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-4.png

Estatisticamente ele ocorreu em quase 50% dos anos analisados no histórico da Bolsa de Valores no Brasil, logo não é algo muito frequente. Mas, desta vez, veio estimulado pelos dados recentes da economia americana, como indicadores mais fracos de emprego e arrefecimento da inflação – que ajudaram a tese de pouso suave na economia americana. Isso se refletiu nos juros de 10 anos que chegaram a encostar em 5%, entretanto recuaram e trouxeram alívio para economias no mundo todo.

Alívio, pois liberaram fluxo de capitais para outros países, principalmente emergentes como o Brasil. Antes, esse capital tinha ido rumo aos juros altos americanos que davam segurança enquanto os mercados ainda não sabiam quando seria o final de ciclo de alta de juros nos EUA. Aqui, esse dinheiro estrangeiro chegou em boa hora e puxou a bolsa até 125 mil pontos, no momento que escrevo essa coluna e talvez quando esse texto chegar na sua mão pode estar em níveis muito maiores.

Muitos não entendem como a Bolsa pode subir se os dados que são divulgados da economia como queda no PIB, vendas no varejo mais fracas, queda do setor de serviços e outros mostram que a economia não está a pleno vapor. Essa diferença ocorre principalmente porque esses dados olham para trás, refletindo como foi a economia no passado no período de juros muito altos e restritivos. Enquanto o que vemos na Bolsa de Valores é a perspectiva futura para nossa economia já com o reflexo de juros mais baixos.

Os dados de PIB que saíram recentemente não são tão ruins, eles só não conseguem acompanhar a alta expressiva do começo do ano, puxada principalmente pela safra recorde do setor agrícola. Esses números, porém, não podem se repetir todos os meses, pois a colheita não é mensal. Tudo tem seu tempo na natureza, e isso impacta até a economia. E muitos especialistas falam que a próxima colheita não deve ser tão boa quanto a de 22/23, devido principalmente aos fatores climáticos provocados pelo EL Niño, com chuvas fortes na região sul e calor extremos em diversos outros cantos do país.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Se o PIB tiver pequenos crescimentos após o excepcional primeiro trimestre, podemos sim fechar o ano com crescimento perto de 3% ou mais, como estima o próprio governo. Isso porque outros fatores podem ajudar na conta do PIB, como nosso superávit na balança comercial, aumento de gastos do governo e consumo mais forte estimulado pelo bolsa família que foi turbinado. E o crescimento pode se manter no ano seguinte, principalmente no segundo semestre com economia já sentindo o efeito da queda de juros e da inflação.

Uma alta do PIB em 2023 pode explicar depois o rali da Bolsa que aconteceu agora em novembro, mas pode ser tarde para quem espera esses dados econômicos para investir em ações e fatalmente vai chegar atrasado na festa.

Um consolo é que a nossa Bolsa está muito barata ainda e tem muitas oportunidades até ela voltar ao preço que deveria estar. Cabe ao investidor ficar atento às oportunidades que o mercado dá.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Piter Carvalho
Mais dos Colunistas
Luiz Grubert Inflação, um inimigo sorrateiro

Quando falamos sobre investimentos, um dos primeiros conceitos que todo investidor deveria buscar entender é o conceito de inflação. A inflação nada mais é do que a pe...

Luiz Grubert
Dierson Richetti Renda fixa X Selic: Acabou a festa?

A economia vive de ciclos de juros, que são mecanismos dos Bancos Centrais para controlar a inflação em seus países. A inflação por si só é o aumento dos preços, seja ...

Dierson Richetti

Compartilhe sua opinião