Luiz Grubert

Inflação, um inimigo sorrateiro

A inflação se dá por inúmeros fatores, mas o que quero trazer neste artigo é como podemos nos proteger dela e, mais, como obter um ganho consistente acima da inflação.

Quando falamos sobre investimentos, um dos primeiros conceitos que todo investidor deveria buscar entender é o conceito de inflação. A inflação nada mais é do que a perda do poder de compra do dinheiro no tempo – em outras palavras, aqueles mesmos R$ 100 que antes rendiam uma boa compra no supermercado hoje compram apenas algumas poucas sacolas.

A inflação se dá por inúmeros fatores, mas o que quero trazer neste artigo é como podemos nos proteger dela, e mais, como obter um ganho consistente acima da inflação.

Sabendo que o objetivo de investir é ter mais capital hoje do que ontem, logo podemos assumir que o objetivo de todo investidor deveria ser de, ao longo do tempo, superar a inflação e ser capaz de gerar um retorno incremental acima dela (o quanto acima naturalmente depende do quanto de risco cada um está disposto a assumir).

Aqui já desmistificamos uma das maiores crenças ao investir, o de sempre superar o CDI, e não que ele seja uma medida de comparação ruim, muito pelo contrário. Mas quando tratamos de uma carteira de investimentos diversificada com Renda Fixa, Ações, Fundos Imobiliários, ativos no exterior, dentre outros, o CDI se torna uma medida incompleta à medida que pode ter uma relação mais direta com algumas dessas classes e muitas vezes inversa com outras – quando o CDI ou a Selic estão altos geralmente o Ibovespa, índice de retorno médio das maiores ações da Bolsa de Valores Brasileira, está com a cotação mais pressionada; e a medida que o CDI/Selic caem começa a ocorrer uma migração de capital para investimentos de maior risco, dentre eles as próprias Ações, fazendo com que as mesmas se valorizem.

Adicionalmente, o CDI também costuma ser um índice com maior variação do que a própria inflação (cujo índice oficial é o IPCA) em janelas de tempo maiores, em que muitas vezes o CDI está acima do IPCA e outras vezes abaixo, como ocorreu nos últimos anos.

Desta forma, caro investidor, à medida que a sua carteira for se aproximando cada vez mais de uma diversificação entre renda fixa e renda variável sugiro que considere a utilização da inflação como seu principal índice de referência para que para uma mesma rentabilidade, de, digamos, 12%, você não fique satisfeito com ela quando a Selic estiver 5% e insatisfeito quando a Selic estiver 14% – no final das contas, de quanto foi a inflação em cada cenário? Esse deveria ser o cerne de avaliação desta análise.

Indo além, tão importante quanto ter uma rentabilidade acima da inflação ao longo do tempo é reajustar os seus aportes, no mínimo pela inflação ano a ano; ou seja, caso a inflação tenha sido de 5% no último ano, é recomendável também aumentar o seu aporte nos mesmos 5% para que o seu aporte também não perca poder de compra – comprando “menos” ativos financeiros.

Desta forma, ao garantir que os seus aportes sejam reajustados pela inflação e o seus investimento rentabilizem acima dela de forma consistente, a sua fortaleza financeira se tornará, ano após ano, cada vez mais robusta e sem dúvidas te aproximará cada vez mais dos seus objetivos financeiros.

Para executar todo o exposto acima, é necessário uma estratégia bem ajustada e individual, mas são premissas indispensáveis entender o seu perfil de risco, o quanto está disposto a assumir de volatilidade em sua carteira; o seu prazo de investimento, seria para a aposentadoria em 20 anos ou para fazer uma viagem no ano que vem?; o seu nível de conhecimento, não pule fases, comece por investimentos mais simples dentro da Renda Fixa e vá avançando conforme seus estudos para investimentos mais arrojados;

Tão importante quanto ter insumos e informações para elaborar essa estratégia é o seu acompanhamento da mesma, garantindo que a carteira esteja bem ajustada ao seu perfil (que pode inclusive mudar ao longo do tempo) e de forma a se beneficiar dos cenários de mercado, bem como acompanhando de forma próxima todos os ativos investidos – trazendo mais segurança e confiança ao investimento. Lembre-se sempre que investir é uma jornada, mas com a estratégia correta podemos percorrê-la e atingir a linha de chegada (seus objetivos) no menor tempo possível e com menos percalços no meio do caminho.

Nota

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Luiz Grubert
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