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    Value Investing: o que é? Saiba como investir com essa estratégia

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    Existem diversas estratégias de investimentos para os diferentes perfis de investidores, e cada uma se adequa às suas particularidades e interesses individuais. O Value Investing é uma delas, utilizada principalmente na análise fundamentalista.

    Sendo assim, o Value Investing deve ser conhecido por todos que querem estudar o mercado financeiro e aprender a ganhar dinheiro com ele.

    Em 2025, a estratégia voltou a chamar a atenção de grandes fundos e investidores individuais, especialmente após um ano de alta volatilidade nos mercados e reprecificação de ativos com base em fundamentos.

    Entender como funciona essa abordagem, que já foi adotada por nomes como Warren Buffett e Benjamin Graham, pode ser o diferencial para quem deseja investir com mais segurança, lógica e foco no longo prazo. A seguir, você vai descobrir o que é o value investing, seus princípios, e como aplicar essa estratégia na prática.

    O que é Value Investing?

    O que é Value Investing?

    O Value Investing é uma estratégia de investimento onde as ações selecionadas para a compra pelo investidor se encontram a um preço abaixo do seu valor intrínseco naquele momento. O significado deste termo vem da língua inglesa, e sua tradução literal seria “investimento em valor”.

    Ou seja, os value investors (ou investidores de valor), estão constantemente à procura de ações que acreditam estar subvalorizadas, com base em uma análise racional dos fundamentos da empresa. O valor intrínseco representa o verdadeiro valor do negócio, baseado em fatores como lucros, patrimônio, potencial de crescimento e fluxo de caixa. Já o preço de mercado reflete quanto os investidores estão dispostos a pagar naquele momento, o que pode estar distorcido por emoções ou especulações.

    Assim, a sua essência é bem clara e simples de entender, e está diretamente relacionada ao conceito de Margem de Segurança, comprar ativos por um preço menor do que realmente valem, minimizando riscos. O objetivo do value investing é comprar ativos de qualidade por um preço inferior ao seu valor real, obtendo retorno quando o mercado eventualmente corrige essa distorção.

    Portanto, isso faz com que o Value Investing seja praticado de maneira muito pessoal por aqueles que o adotam, uma vez que cada investidor faz a suas próprias análises e julgamentos individuais, de acordo com sua perspectiva e visão sobre o assunto.

    Além disso, outro jeito de definir o termo baseia-se no fato de que muitas pessoas alocam seu capital com essa forma de investimento em valor.

    Assim, eles acreditam que o mercado oscila constantemente entre bons e maus momentos, por influência de incontáveis fatores. Dessa forma, a oscilação resulta em movimentações nos preços das ações que muitas das vezes não correspondem à realidade dos fundamentos de longo prazo das empresas.

    Como funciona o Value Investing?

    Como funciona o Value Investing?

    A movimentação de preços no mercado financeiro, que gera oportunidades para os value investors, pode ser explicada por diversos motivos. No entanto, existe um que retrata muito bem este cenário, que é o conceito da lei de oferta e demanda.

    Primeiramente, se muita gente está querendo comprar algo e existem poucos vendedores, o preço do mesmo tende a subir.

    Em segundo lugar, o inverso também é válido, visto que se muita gente está tentando vender algo que pouca gente tem interesse na compra, o preço daquilo tende a cair.

    Contudo, no caso do mercado financeiro, o “valor” da empresa, em tese, tende a ser o mesmo ao longo do tempo (ou na verdade, tende a valorizar no longo prazo, conforme a empresa cresce e seu patrimônio aumenta).

    Normalmente, uma empresa não se torna melhor ou pior pela variação do preço das suas ações. Se ela é uma empresa lucrativa, tende a continuar sendo lucrativa. No entanto, se é uma empresa mediana, tende a continuar sendo mediana. Por fim, se é mal gerida, tende a continuar sendo mal gerida.

    Entretanto, nada é estável, principalmente no mundo empresarial, e existem fatores que podem mudar essas realidades no médio e longo prazo.

    Por exemplo: mudanças na gestão da companhia, aquecimento ou esfriamento do mercado em que atuam, alteração na estratégia de produção ou até mesmo aquisições e vendas de outras companhias.

    Princípios fundamentais

    O value investing é guiado por uma filosofia simples, mas poderosa: investir em empresas de qualidade, com bons fundamentos, compradas por um preço inferior ao seu verdadeiro valor.

    Para isso, é essencial que o investidor adote alguns princípios básicos que sustentam essa estratégia ao longo do tempo, e que foram aplicados com sucesso por investidores como Benjamin Graham e Warren Buffett.

    Entre os principais fundamentos do value investing, destacam-se:

    • Foco nos fundamentos da empresa: lucro recorrente, ROE atrativo, margem líquida estável e nível de endividamento controlado;
    • Margem de segurança: comprar com desconto em relação ao valor intrínseco reduz riscos;
    • Horizonte de longo prazo: a valorização tende a acontecer com o tempo, à medida que o mercado reconhece o real valor da empresa;
    • Avaliação de empresas, não de cotações: a análise é centrada no negócio, e não nas oscilações de curto prazo do mercado.

    Os 4 pilares do Value Investing

    PilarDescrição
    Análise de fundamentosExaminar lucro, rentabilidade, estrutura de capital e posição no setor.
    Margem de segurançaComprar com desconto em relação ao valor intrínseco estimado.
    Visão de longo prazoInvestir com paciência, visando a maturação dos resultados.
    Mentalidade empresarialOlhar para ações como partes de empresas, e não como meros ativos.

    Em 2025, esses pilares continuam sendo fundamentais, principalmente diante de ciclos econômicos voláteis, em que manter foco nos fundamentos pode ser o que diferencia ganhos consistentes de prejuízos impulsivos.

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    Quais são os principais investidores do Value Investing?

    Quais são os principais investidores do Value Investing?

    Ao longo da história dos investimentos, alguns nomes se destacaram por adotar com maestria os princípios básicos do value investing. Esses investidores se tornaram referência mundial não apenas pelos resultados obtidos, mas também pelo impacto que causaram na forma como o mercado passou a enxergar o investimento em valor.

    Como em toda área de atividade, existem os personagens que se destacam. Nos investimentos, mais especificamente em Value Investing, não poderia ser diferente.

    Assim, existem os verdadeiros mestres no assunto, e cada um apresenta pontos de vista e reflexões individuais que nos auxiliam a compreender melhor a abordagem.

    É importante que o investidor perceba que os principais nomes do mercado financeiro mundial compartilham essa estratégia de investimento.

    Mesmo que às vezes não se refiram ao Value Investing diretamente, estes investidores sempre estão se beneficiando de algum jeito das táticas que essa modalidade oferece, alcançando uma rentabilidade atraente.

    Estão sempre procurando se associar a bons projetos e tentando pagar pelas ações um valor que ofereça uma boa margem de segurança e que esteja abaixo do valor intrínseco da companhia.

    Por isso, é importante que o investidor esteja sempre se atualizando e buscando aprender algo novo sobre esse assunto.

      Benjamin Graham

      Benjamin Graham é autor de dois dos livros mais importantes já escritos sobre análise fundamentalista e Value Investing, os “Security Analysis” e “O Investidor Inteligente”.

      O investidor desenvolveu primordialmente a ideia de comprar ações abaixo do seu valor intrínseco para diminuir os riscos e também foi quem inicialmente promoveu o pensamento de que ações frequentemente são negociadas a preços que não refletem seu real valor.

      Assim, suas técnicas inspiraram ninguém menos que Warren Buffett, tornando-se assim o seu mentor por décadas. Ele nasceu em 1894 sendo considerado o pai do Value Investing.

       “Se eu tivesse o desafio de definir o segredo dos investimentos saudáveis em três palavras, essas seriam Margem de Segurança.”

      Benjamin Graham.

      Warren Buffett

      O bilionário norte-americano, Buffett, maior investidor de todos os tempos, nasceu em 1930 e foi aluno e depois funcionário de Graham.

      Warren Buffett tem uma estratégia de investimentos clara: ele pensa em comprar ações como se estivesse de fato comprando empresas e não apenas papéis (como muitos encaram).

      Portanto, ele tem prazos indefinidos nos seus investimentos, tanto é que fez seu primeiro investimento aos 14 anos e aos 30 já era milionário.

      Com esse pensamento, em 1962, ele começou a comprar ações da Berkshire Hathaway (inicialmente atuava no ramo de têxteis).

      Dessa forma, com o tempo, a quantidade de ações da empresa que Buffett detinha se tornaram suficientes para mudar a administração e então controlar a companhia, isso em 1965.

      Ele se tornou um dos homens mais ricos do mundo através do Value Investing, investindo em diversos setores: seguradoras, bancos, infraestrutura, alimentação, tecnologia e outros.

       “O preço é o que você paga. Valor é o que você leva. ” –  Warren Buffett.

      Mesmo em 2025, Buffett continua sendo citado como exemplo por grandes fundos internacionais, que revisitam sua filosofia de longo prazo diante de mercados mais seletivos e exigentes com fundamentos.

      Seth Klarman

      Klarman é um investidor americano que se dispõe a pensar fora da caixa e procura analisar investimentos que outros investidores normalmente não consideram e até mesmo costumam evitar.

      Assim, Seth Klarman  segue de perto a filosofia de investimento de Benjamin Graham sendo conhecido por comprar ativos impopulares enquanto eles estão subvalorizados, buscando uma margem de segurança e lucrando com sua alta no preço.

      “Nós temos batido o mercado incrivelmente ao longo dos anos, apesar deste nunca ter sido nosso objetivo. Na verdade, o que temos feito consistentemente é tentar não perder dinheiro e, fazendo isso, não só o protegemos como performamos acima da média. ” –  Seth Klarman.

      Livros sobre value investing

      <strong>Livros sobre value investing</strong>

      Tão importante quanto conhecer autores renomados que utilizam este método, é descobrir os livros com esta temática.

      Nesse sentido, vale destacar três obras com este foco. São elas:

      1. O Investidor Inteligente;
      2. Investimento em Valor: de Graham a Buffett e Além;
      3. Investindo em Ações no Longo Prazo.

      Dessa forma, vale destacar cada um destas obras de modo separado.

      O Investidor Inteligente

      Sendo um dos livros mais populares da área, “O Investidor Inteligente”, obra de Benjamin Graham lançada em 1940, busca apontar como a precificação de ações e o investimento em valor impactam na vida do investidor.

      Além disso, esta é uma das obras que se aprofunda na estratégia de buy and hold, um método utilizado por grande parte dos investidores do mercado financeiro.

      Investimento em Valor: de Graham a Buffett e Além;

      Publicado em 2021, “Investimento em Valor: de Graham a Buffett e Além” é uma obra de Bruce Greenwald.

      Ao longo do livro, o autor busca analisar as etapas necessárias para se descobrir bons investimentos, isto é, os melhores ativos para se investir.

      Nesse sentido, é utilizado o value investing para estudar o valor patrimonial da empresa, além do processo necessário para elaborar uma gestão de riscos.

      Investindo em Ações no Longo Prazo

      Por fim, mas não menos relevante, há a indicação da obra “Investindo em Ações no Longo Prazo”, livro de Jeremy Siegel publicado em 2015.

      Na obra, o autor avalia questões que possibilitam o crescimento e aumento de valor em ações de longo prazo, sendo isto feito com base no value investing.

      Além disso, o livro ainda aponta mecanismos de “defesa” que o investidor pode utilizar frente aos riscos do mercado.

      Qual o papel de análise fundamentalista no Value Investing?

      <strong>Qual o papel de análise fundamentalista no Value Investing?</strong>

      A análise fundamentalista é uma das ferramentas mais utilizadas pelos investidores do mercado financeiro, sendo uma alternativa útil especialmente para investidores de longo prazo.

      Assim, esta prática acaba tendo papel no value investing, afinal, entre outras coisas, é possível identificar ação cara e ação barata.

      Ou seja, entender se o investimento é um bom negócio ou não.

      Para isso, a análise fundamentalista considera diferentes fatores, dos quais é possível destacar, por exemplo:

      • Histórico da empresa;
      • Análise qualitativa;
      • Capacidade de inovação;
      • Capacidade instalada;
      • Faturamento;
      • Taxas de juros e câmbio;
      • Nível de inflação;
      • Inflação;
      • Momento do mercado em que atua.

      Vale destacar que estes são alguns dos fatores avaliados na análise fundamentalista.

      De todo modo, é possível entender que são consideradas questões ligadas à macroeconomia e microeconomia nesta análise, possibilitando um retrato mais amplo da realidade financeira do negócio.

      No contexto do value investing, a análise fundamentalista não se resume a olhar para múltiplos como P/L (Preço/Lucro) ou P/VP (Preço/Valor Patrimonial) isoladamente. O investidor de valor busca compreender a estrutura da empresa como um todo: sua gestão, posicionamento competitivo, resiliência em ciclos econômicos e capacidade de geração de caixa ao longo do tempo. 

      Essa abordagem mais profunda é o que permite identificar se um ativo está, de fato, sendo negociado com desconto em relação ao seu valor intrínseco.

      Em 2025, com o aumento da seletividade do mercado e a maior penalização de empresas sem lucros consistentes, o uso da análise fundamentalista voltou a ganhar força. Muitos investidores estão revendo suas carteiras e priorizando negócios que entregam resultados concretos, com menor dependência de expectativas futuras e maior clareza sobre o valor real das operações.

      Como investir usando o Value Investing?

      Como investir usando o Value Investing?

      Para saber como fazer value investing, é importante que cada investidor faça sua própria análise de Value Investing de maneira individual e particular, enxergando a sua análise de acordo com o que pensa sobre a situação.

      Além disso, é possível utilizar as mais variadas formas de se analisar uma empresa, para melhorar sua análise. Sendo assim, o value investing induz o investidor a analisar os projetos e empresas onde se pretende investir pela ótica da análise fundamentalista.

      Ou seja, de maneira qualitativa, no intuito de, ao adquirir ações destas empresas, esteja se tornando sócio das mesmas e participando de seus resultados.

      Assim, nos seus estudos de negócios, os investidores de valor devem procurar enxergar um real potencial de crescimento no empreendimento de interesse, fazendo com que sua alocação de ativos seja apropriada.

      Enquanto alguns praticantes baseiam suas estratégias apoiando-se em estimativas de crescimentos e geração de lucros futuros, outros investidores de valor voltam suas análises para os lucros e resultados presentes ao invés dos potenciais ganhos de longo prazo.

      São dois ângulos de visão para a mesma abordagem do assunto.

      Independentemente dos diferentes pontos de vista, o conceito lógico do Value Investing para investidores é: comprar ativos por um preço menor do que valem naquele momento para se associarem a empreendimentos de sucesso.

      O que observar na análise prática?

      Para aplicar o value investing na prática, o investidor precisa saber o que observar ao analisar uma empresa. Alguns dos principais indicadores utilizados nessa estratégia incluem:

      • P/L (Preço sobre Lucro): mostra quanto o mercado está disposto a pagar pelo lucro da empresa;
      • P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial): indica se a ação está sendo negociada abaixo do valor do patrimônio líquido;
      • Dividend yield: importante para empresas maduras que remuneram o acionista;
      • ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido): mede a rentabilidade dos recursos próprios da empresa;
      • Crescimento dos lucros: avalia a evolução da lucratividade ao longo dos trimestres e anos.

      Como identificar boas oportunidades?

      Empresas com fundamentos sólidos, liderança em seus setores, presença de vantagens competitivas duráveis (como marca forte, domínio de mercado ou estrutura de custos eficiente) são bons alvos para a estratégia de investimento em valor.

      Além disso, observar se essas empresas estão sendo negociadas a múltiplos abaixo da média histórica ou do setor pode indicar ações baratas com valor.

      Para facilitar essa análise, o investidor pode utilizar ferramentas como:

      Esses recursos permitem acompanhar os múltiplos, resultados e indicadores essenciais para tomar decisões mais embasadas.

      Como investir em Value Investing por meio de ETFs?

      Além da escolha direta de ações, é possível investir em value investing por meio de ETFs (fundos de índice) com foco em empresas de valor. Esses fundos replicam carteiras baseadas em critérios de fundamentos, como lucros, dividendos e valuation atrativo. Confira alguns exemplos:

      Ações value x ETFs de valor

      Tipo de ativoNomeBolsaFoco
      ETFOAKM11B3Small caps brasileiras com critérios de valor
      ETFIVLUNYSEEmpresas internacionais com múltiplos baixos
      ETFVTVNASDAQGrandes empresas americanas com dividendos
      Ação (exemplo)BBAS3 (Banco do Brasil)B3Alta rentabilidade e desconto no P/VP
      Ação (exemplo)TAEE11 (Taesa)B3Forte pagadora de dividendos e gestão sólida

      Os ETFs são uma boa porta de entrada para o investidor iniciante, já que oferecem diversificação automática e menor necessidade de análise individual de cada empresa. Já a escolha direta de ações permite maior personalização e potencial de retorno, especialmente para quem domina análise fundamentalista.

      PLANILHA DA VIDA FINANCEIRA

      Value investing em 2025

      Após um ciclo de juros baixos e forte valorização das empresas de crescimento entre 2020 e 2021, o value investing voltou ao radar em 2025 como uma estratégia sólida e resiliente diante de um cenário mais seletivo. A alta nos juros globais, a persistência da inflação e as revisões de lucros de grandes companhias de tecnologia fizeram com que investidores passassem a olhar novamente para ações baratas com valor, com geração de caixa real e fundamentos consistentes.

      De acordo com dados da Morningstar, os índices de ações de valor superaram os índices de crescimento (growth) em mais de 8% no acumulado do primeiro trimestre de 2025. Setores tradicionalmente ligados ao value investing, como energia, financeiro, commodities e saúde, foram os grandes destaques, impulsionados por resultados robustos e pagamento consistente de dividendos.

      Empresas como Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras (PETR4), Taesa (TAEE11) e Engie Brasil (EGIE3) atraíram tanto investidores institucionais quanto individuais por seus múltiplos baixos, boa previsibilidade de lucros e desempenho consistente frente à volatilidade global.

      Desempenho acumulado: Value x Growth (YTD 2025)

      ÍndiceRetorno YTD (2025)
      S&P 500 Value Index+6,2%
      S&P 500 Growth Index-2,1%
      MSCI Brazil Value Index+8,5%
      MSCI Brazil Growth Index-1,7%

      Segundo a Reuters, em março de 2025, o índice P/L médio das ações de valor nos Estados Unidos está em 17,6, enquanto o das ações de crescimento atinge 30,1, o que representa um desconto de cerca de 41% para os papéis considerados de valor.

      Ainda segundo a Reuters, os fundos de ações de valor registraram entradas líquidas de US$ 1,8 bilhão em março de 2025, enquanto os fundos de crescimento enfrentaram saídas de US$ 3,6 bilhões no mesmo período. Essa movimentação reflete uma busca por estabilidade em setores como financeiro, energia e saúde, que tradicionalmente compõem a base do value investing.

      Complementando, a Morningstar destacou que o Morningstar US Value Index teve um desempenho de +4,5% apenas em janeiro, contra +3,9% do Growth Index, sinalizando que o mercado voltou a priorizar fundamentos sólidos e valuation atrativo.

      Esse movimento reforça a tese clássica do value investing: em momentos de incerteza, fundamentos sólidos voltam a ser prioridade, e a diferença entre preço e valor fica mais evidente.

      Com isso, a estratégia que por alguns anos foi considerada “conservadora demais” voltou a ganhar força, especialmente entre investidores que priorizam previsibilidade de resultados, renda passiva via dividendos e descontos relevantes frente ao valor intrínseco estimado.

      Riscos e armadilhas do Value Investing

      Embora o value investing seja uma estratégia com fundamentos sólidos e defensivos, ela não está livre de riscos, especialmente quando aplicada de forma simplista ou apressada. Algumas armadilhas são recorrentes entre investidores que tentam seguir essa filosofia sem a devida cautela.

      Value trap (armadilha de valor)

      Um dos maiores perigos é cair em uma value trap, ou armadilha de valor. Isso acontece quando uma ação aparenta estar barata, com múltiplos baixos como P/L ou P/VP mas, na verdade, está descontada por motivos estruturais graves. Empresas com problemas persistentes de governança, deterioração no setor de atuação ou baixa capacidade de adaptação podem permanecer desvalorizadas por anos ou até desaparecer.

      Falta de paciência do investidor

      O horizonte de longo prazo é um dos pilares do value investing. No entanto, muitos investidores desistem da tese no meio do caminho por conta da oscilação de curto prazo dos preços. Essa impaciência pode fazer com que boas oportunidades sejam abandonadas antes que o mercado reconheça o valor real do ativo.

      Excesso de foco em múltiplos, sem avaliar o contexto

      Outro erro comum é confiar exclusivamente em indicadores como P/L, P/VP e dividend yield, sem levar em consideração o contexto setorial, o momento da empresa e os riscos do negócio. Uma ação pode ter múltiplos baixos por razões legítimas, como perda de competitividade, redução de margens ou mudanças regulatórias que afetam seu modelo de receita.Para aplicar o value investing com sucesso, é essencial aliar análise quantitativa e qualitativa, investigando não apenas os números, mas também os fatores estratégicos, a cultura da empresa e sua capacidade de entregar valor no longo prazo.

      Qual a diferença entre deep Value Investing e High Quality Investing?

      Qual a diferença entre deep Value Investing e High Quality Investing?

      De tão importante que é o Value Investing para o mercado de capitais, algumas variações da sua utilidade foram feitas ao longo dos anos, como por exemplo: Deep Value Investing e High Quality, entre outras.

      Podemos comentar brevemente sobre as principais, mas vale a pena o estudo de cada uma delas individualmente para melhor compreensão.

        High Quality Investing

        High Quality Investing é uma estratégia de investimento que se baseia em um conjunto de critérios fundamentais claramente definidos.

        Dessa forma, esse método de investimento busca identificar empresas com boas a excelentes características qualitativas para o médio e longo prazo, mas que se encontram abaixo do seu real valor.

        Assim, a avaliação qualitativa é feita com base em critérios como, por exemplo, credibilidade da gestão e a estabilidade das demonstrações financeiras, assim como o potencial de crescimento da companhia e do seu mercado.

        Além disso, essa também é uma estratégia que se baseia no valor das empresas.

        Deep Value Investing

        O Deep Value Investing, metodologia utilizada e difundida por Benjamin Graham e Warren Buffett, é, basicamente, um método que consiste em investir em empresas extremamente depreciadas, que sejam negociadas abaixo dos seus valores de liquidação.

        Ou seja, caso a empresa fosse liquidada, vendesse seus ativos, pagasse suas obrigações e distribuísse o restante aos sócios, o acionista receberia mais dinheiro do que pagou pelas suas ações.

        Podemos dizer, de modo geral e simples, que o Deep Value Investing é um “Value Investing ao extremo”, já que costuma se exigir nesse método um desconto mais elevado que o habitual.

        Em poucas palavras, em vez de buscar o crescimento no longo prazo e os futuros retornos das ações, os adeptos do Deep Value Investing buscam ações subvalorizadas com uma grande margem de segurança entre valor e preço.

        Assim, ao invés de prever o quão bem uma empresa pode ou não performar nos próximos anos, esses investidores estão mais preocupados em proteger o seu capital e obter um bom preço nos investimentos que fazem hoje.

        Entre 1957 e 1969, o megainvestidor Warren Buffett obteve os maiores retornos de sua carreira e conseguiu um retorno de cerca de 29,50% ao ano aplicando alguns critérios do Deep Value Investing, que lhe foram ensinados por Benjamin Graham. Foi a época de ouro do megainvestidor.

        Comprando uma empresa por menos que seu valor de liquidação

        Comprar uma empresa por menos que o seu valor de liquidação é fundamental no Deep Value Investing, afinal de contas, há uma grande margem de segurança envolvida quando o investidor adquire ações de uma empresa e sabe que, se a empresa fechar as portas amanhã e for liquidada, ele receberá mais do que pagou.

        Embora pareça simples na teoria, na prática pode não ser tão simples assim e ser até um tanto confuso, visto que muitas empresas possuem imobilizados contabilizados por valores superiores ao que realmente valem, ou seja, na hora destes ativos serem liquidados, a empresa não conseguirá obter o valor desejado.

        Além disso, avaliar as disponibilidades e o caixa não é suficiente também, já que a empresa pode realmente ter uma posição elevada de caixa, mas pode também ter elevadas dívidas, o que representa que este dinheiro já está comprometido com os credores.

        Ainda, é importante avaliar as obrigações que a empresa possui com funcionários, fornecedores, etc.

        Uma forma interessante e simples de avaliar se a empresa se enquadra no “Deep Value Investing” é somar seu capital de giro, seus ativos imobilizados e seu caixa líquido. Se a soma desses fatores for superior ao atual valor de mercado, o investidor poderá estar diante de uma oportunidade.

        Conclusão

        O value investing segue sendo uma das estratégias mais sólidas, racionais e duradouras do mercado financeiro. Em 2025, diante de um cenário global mais volátil e seletivo, a preferência por fundamentos voltou a crescer e com ela, o interesse por empresas que entregam valor real ao investidor.

        Como vimos ao longo deste guia, investir com foco em valor exige disciplina, paciência e análise crítica. É uma abordagem que vai além dos números: trata-se de entender o negócio, identificar vantagens competitivas, avaliar a gestão e, acima de tudo, comprar boas empresas por preços justos ou descontados.

        Seja por meio da análise individual de ações ou via ETFs de valor, a estratégia permite ao investidor construir um portfólio mais robusto, diversificado e orientado por lógica e não por modismos ou especulação.

        Mais do que buscar ganhos rápidos, o value investing ensina que o tempo é aliado de quem investe com fundamentos. Seu maior legado é mostrar que o investidor individual, com estudo e consistência, pode sim superar o mercado ao longo dos anos.

        Para aprofundar seu conhecimento, vale recorrer a livros clássicos como O Investidor Inteligente (Benjamin Graham) e ferramentas como o Suno Analítica, que auxiliam na avaliação de múltiplos, histórico financeiro e qualidade dos ativos.

        Você ainda tem alguma dúvida sobre o Value Investing e suas características? Comente abaixo para que possamos ajudar.

        João Daronco
        Compartilhe sua opinião
        1 comentário

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        • Fernando 29 de janeiro de 2023
          Muito bomResponder