Mercado aberto: saiba a importância do open market para a política monetária

O mercado aberto é uma ferramenta essencial usada pelo Banco Central para ajustar a quantidade de moedas em circulação no Brasil, controlar a liquidez da economia e influenciar os juros de curto prazo.

Em 2025, com a Selic mantida em 14,25% e a inflação acumulada em 12 meses acima de 5%, o Banco Central do Brasil tem intensificado o uso dessas operações para controlar a liquidez da economia e conter pressões inflacionárias.

Acompanhar como funciona o mercado aberto é essencial para entender as decisões do Banco Central, especialmente em um cenário de juros elevados, dólar acima de R$6 e maior volatilidade econômica.

Neste artigo, você vai entender como funciona o mercado aberto e por que é tão importante para a política monetária.

O que é mercado aberto (open market)?

O termo mercado aberto, ou open market, refere-se ao ambiente em que o Banco Central realiza operações de compra e venda de títulos públicos federais com o objetivo de influenciar o volume de recursos disponíveis no sistema bancário.

Por meio dessas transações, o BCB consegue controlar a oferta monetária, interferir no nível de juros de mercado e, consequentemente, influenciar variáveis macroeconômicas como inflação, crédito e atividade econômica.

A expressão “open market” é amplamente utilizada no contexto financeiro global, pois representa a flexibilidade e a dinâmica com que essas operações são conduzidas — geralmente em mercados secundários e com liquidez elevada.

Como funcionam as operações de mercado aberto?

Uma operação de mercado aberto é uma ação do Banco Central para comprar ou vender títulos públicos federais, com o objetivo de regular a liquidez no sistema bancário. Elas se dividem em:

  • Compra de títulos: injeta recursos no sistema, ampliando a liquidez e pressionando os juros para baixo;

  • Venda de títulos: retira dinheiro de circulação, restringe a liquidez e eleva os juros.

Essas transações são feitas com instituições financeiras autorizadas, via leilões eletrônicos, com efeitos diretos na taxa Selic (taxa básica de juros) diária, aproximando-a da meta definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária).

Para que servem as operações?

O objetivo principal das operações de mercado aberto é:

  • Manter a Selic próxima da meta do Copom;

  • Controlar a inflação;

  • Estabilizar o sistema financeiro;

  • Dar previsibilidade ao mercado quanto à condução da política monetária.

Essas operações também funcionam como um canal de sinalização, indicando o posicionamento da autoridade monetária diante das condições econômicas.

Quais os impactos do open market no mercado e nos investimentos?

As decisões no mercado aberto influenciam diretamente:

  • A rentabilidade da renda fixa (Tesouro Direto, CDBs, LCIs, LCAs, etc.);

  • O valuation de ações e ativos de renda variável;

  • As taxas de crédito, o consumo e o investimento produtivo;

  • O comportamento da inflação e a oscilação do câmbio.

O que mercado aberto e dívida pública têm a ver?

As operações de mercado aberto envolvem essencialmente títulos da dívida pública, como o Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e títulos prefixados. Esses papéis representam obrigações do governo federal com seus credores e são os principais instrumentos utilizados pelo Banco Central para regular a liquidez.

Quando o BC vende títulos públicos no mercado aberto, ele está aumentando temporariamente a participação desses papéis na economia, elevando a base da dívida mobiliária federal interna em circulação. Já ao comprar títulos, o Banco Central reduz a quantidade de papéis em poder do mercado, afetando momentaneamente o estoque da dívida ativa em mercado.

Vale destacar que, embora essas operações tenham efeitos sobre o volume de títulos disponíveis, elas não significam, por si só, emissão líquida de dívida — pois não envolvem necessariamente novas captações de recursos pelo Tesouro Nacional, mas sim movimentações de títulos já existentes.

Em resumo, o mercado aberto funciona como um canal de gestão da dívida pública em mercado secundário, servindo como ferramenta de política monetária sem alterar estruturalmente a composição da dívida federal.

Como o BC usa operações compromissadas?

O instrumento mais utilizado nas operações de mercado aberto é a operação compromissada de um dia (overnight). Essas operações têm vencimento no dia seguinte à sua realização e visam ajustar a liquidez bancária diária, garantindo que a Selic efetiva se mantenha próxima à meta estabelecida pelo Copom.

Além das operações diárias, o Banco Central também pode realizar operações compromissadas com prazos mais longos, chamadas estruturais, quando deseja provocar efeitos mais duradouros sobre a liquidez. 

Em situações extraordinárias, como choques de confiança, crises cambiais ou financeiras, o BCB também pode adotar leilões de recompra, swaps cambiais e linhas especiais de liquidez, de acordo com sua estratégia de política monetária.

O Banco Central atualiza rotineiramente o calendário e os volumes dessas operações em sua página institucional, permitindo o acompanhamento pelos participantes do mercado, como bancos, fundos de investimento e demais instituições financeiras autorizadas.

Impactos sobre a taxa de juros e crédito

A eficácia do mercado aberto está na sua capacidade de influenciar diretamente a taxa de juros de curto prazo, que é fundamental para o custo do crédito e os rendimentos dos ativos financeiros. 

Em julho de 2025, por exemplo, a taxa Selic encontra-se em 15,00% ao ano, refletindo uma política monetária restritiva implementada ao longo de sete altas consecutivas pelo Copom desde 2024.

Esse aperto na política monetária teve como principal motivação o controle das expectativas inflacionárias, após pressões vindas do aumento da demanda interna, dos preços administrados e da desvalorização cambial. 

Como consequência, houve um arrefecimento no ritmo de crescimento do crédito, com o estoque total alcançando R$ 6,7 trilhões em maio de 2025, segundo dados do BCB.

Dessa forma, a atuação do Banco Central no mercado aberto tem efeitos relevantes sobre a atividade econômica, influenciando o consumo das famílias, o investimento das empresas e a geração de empregos.

Relação com inflação e estabilidade econômica

O principal objetivo das operações de mercado aberto é manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)

Quando a economia apresenta sinais de superaquecimento, o aumento da taxa Selic, via contração da liquidez, contribui para desacelerar o consumo e a pressão sobre os preços. Em contrapartida, em cenários recessivos, a redução da Selic via expansão da liquidez busca reaquecer a atividade econômica.

Esse processo de ajustes é gradual e depende das condições do crédito, da confiança dos agentes e do cenário internacional. Em 2025, a inflação acumulada em 12 meses ronda 4,8%, dentro do intervalo de tolerância da meta para o ano, que é de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual.

As decisões do Copom são comunicadas em atas e relatórios públicos, como o Relatório de Política Monetária, que substituiu o antigo RTI (Relatório Trimestral de Inflação), oferecendo maior transparência sobre a estratégia adotada pelo BCB.

Desafios e perspectivas futuras

O uso do mercado aberto como instrumento de política monetária continuará sendo essencial para o Banco Central, especialmente em um contexto de mudança tecnológica no sistema financeiro

A implementação do Real Digital (Drex), previsto para 2025, pode alterar o padrão de liquidez e o comportamento dos agentes, exigindo novos instrumentos e ajustes operacionais.

Além disso, o cenário internacional segue desafiador, com juros elevados nos Estados Unidos e instabilidades geopolíticas. Isso impõe cautela ao BCB na condução da política monetária, pois choques externos podem afetar o câmbio, a inflação e a dinâmica da dívida pública.

Assim, o mercado aberto permanece como um instrumento técnico indispensável para garantir a estabilidade macroeconômica, funcionando como um canal direto de ação do Estado sobre a oferta de moeda e as condições de crédito no país.

Conclusão

O mercado aberto continua sendo uma das ferramentas mais relevantes da política monetária brasileira. Em 2025, diante de juros altos, inflação elevada e pressões cambiais, as operações de compra e venda de títulos públicos têm assumido papel central na condução da economia.

Para investidores, empresários e cidadãos, compreender o funcionamento do mercado aberto é essencial para interpretar as decisões do Banco Central e antecipar seus impactos no crédito, nos investimentos e no custo de vida.

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Tiago Reis
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1 comentário

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  • Artemio Sitoe 27 de novembro de 2020
    Este artigo me ajudou muito a entender a importancia do Mercado aberto, e como conclusao, entendi que a politica monetaria depende desse Mercado aberto, visto que os Bancos Centrais usam esse Mercado para controlar a circulacao da moeda na economia.Responder