Consórcio: o que é e como funciona? Descubra se vale a pena fazer

Adquirir um carro, uma casa, ou até mesmo realizar uma viagem internacional são sonhos de consumo bastante comuns para boa parte da população. Mas por serem bens e serviços de valor elevado, muitas vezes as pessoas não possuem dinheiro para pagar à vista e acabam recorrendo ao consórcio.

Por ter prestações mais baratas que um financiamento, um consórcio pode ser uma alternativa interessante em algumas situações, principalmente em compras planejadas. Porém, é preciso tomar cuidado e analisar todos os prós e contras antes de fechar esse tipo de negócio.

O que é consórcio?

Consórcio é uma modalidade de compra realizada conjuntamente por um grupo de pessoas (físicas ou jurídicas) que estão interessadas em adquirir o mesmo tipo de bem ou serviço. 

Logo, um consórcio pode ser formado para adquirir veículo, imóvel, equipamento agrícola, curso de pós-graduação, cirurgia plástica, entre outros.

Sendo assim, um número de compradores se reúne para contribuir mês a mês para um fundo em comum, que irá comprar os bens ou entregar o crédito para todos os membros do grupo.

Todos os meses (ou conforme estipulado em contrato), o dinheiro pago pelos consorciados é utilizado para que, pelo menos, uma pessoa do grupo possa fazer sua aquisição. 

Com isso, a distribuição dos bens ou valores vai acontecendo progressivamente, até que no final do consórcio todos os cotistas sejam contemplados.

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Como funciona o consórcio?

O consórcio permite que o interessado tenha total liberdade de escolha para optar pelo plano que mais se encaixa em suas necessidades.

No entanto, há uma série de aspectos peculiares que precisam ser compreendidos antes de tomar a decisão de adquiri-lo.

Sendo assim, as principais características do consórcio são:

Administração

Todo consórcio deve, obrigatoriamente, ser organizado por uma instituição administradora de consórcios com autorização do Banco Central para funcionar.

Essa instituição é a responsável por ofertar produtos à clientela, além de coordenar todas as etapas da compra colaborativa.

Cada administradora de consórcio pode criar sua própria carteira de produtos ou serviços, com diferentes valores de créditos, parcelas e prazos de pagamento.

Regulação

Além de respeitar a legislação do setor dada pela lei 11.795/2008, todo consórcio segue as regras do estatuto que regulamenta o seu funcionamento.

Por meio desse instrumento são definidos os direitos, os deveres e as obrigações tanto da administradora quanto dos consorciados.

Por fim, o Bacen atua como órgão regulador, tornando a fiscalização mais efetiva, o que gera maior segurança aos consorciados. 

Sorteio

A principal forma de entrega dos bens e serviços em um consórcio acontece por sorteio

Logo, via de regra, a administradora sorteia mensalmente um ou mais consorciados para serem contemplados naquele momento. 

Esse processo se repete regularmente, até que no final do consórcio todos recebam o seu bem ou serviço. Por isso, o consorciado pode ter que esperar um longo tempo para ser contemplado.

Vale destacar que, para fazer parte do sorteio, o consorciado precisa estar com o pagamento das parcelas em dia.

Contemplação

A contemplação corresponde ao momento em que o consorciado recebe a carta de crédito, ou carta de consórcio, para adquirir tão desejado bem ou serviço.

Vale destacar que o crédito a que faz jus o consorciado contemplado será o valor equivalente ao do bem ou serviço indicado no contrato.

A contemplação ocorre por meio de sorteio ou de lance, então todos aqueles que vêm quitando em dia os seus compromissos participam do sorteio. 

O número de pessoas contempladas por mês varia conforme a administradora do consórcio e o tipo de contrato.

Leilão

Todos os meses, após a contemplação por sorteio, o consórcio organiza uma assembleia, onde os participantes do grupo podem comprar e vender as cartas de crédito recebidas. 

A negociação é feita por meio de um leilão. 

Dessa forma, quem oferecer o maior lance ou adiantar mais parcelas do seu consórcio adquire o consórcio contemplado.

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Custos e taxas

Não existe incidência de juros em um consórcio. 

Porém, os consorciados precisam pagar, de forma diluída durante o período de contrato, custos como taxa de administração, seguro e fundo de reserva. 

Quando somados, esses valores podem representar até 20% a mais no valor do bem.

Inadimplência

Em caso de desistência ou atraso no pagamento, o comprador pode ser retirado do consórcio e perder tudo que investiu. 

Nesse caso, ele só poderá reaver seu dinheiro se conseguir vender sua cota para outra pessoa ou quitar todos os pagamentos.

Qual a diferença entre lance e sorteio?

Como vimos, para ser contemplado em um consórcio, existem basicamente duas formas: sorteio ou lance.

No sorteio, o consorciado precisa contar com a sorte para ser contemplado. Então ele precisa esperar de forma passiva as assembleias mensais realizadas pela administradora do consórcio.

Quanto ao lance, pode existir modalidades diferentes, de acordo com a administradora escolhida, mas basicamente se divide em três:

Lance Embutido

No lance embutido a administradora autoriza o consorciado a utilizar entre 10% a 20% do valor da própria carta de crédito para oferecer o lance na assembleia mensal. 

Para ilustrar, se um consorciado adquiriu um consórcio para compra de um imóvel de R$ 200 mil e oferecer um lance de 10% do valor da carta de crédito, ao final terá R$ 180 mil para a compra do bem, se for contemplado.

Como resultado, é possível concluir que o lance embutido beneficia, sobretudo, as pessoas que não possuem dinheiro para antecipar o pagamento de parcelas.

Lance Livre

O lance livre é a modalidade mais comum e conhecida entre todos. 

Por meio dele, o consorciado define quantas parcelas poderá antecipar naquele mês para tentar levar a carta de crédito. 

Então, se o valor oferecido estiver entre os mais altos no seu grupo de consorciados, o consorciado será contemplado e poderá adquirir o seu bem. 

Uma dica aqui é estudar os lances ofertados em meses anteriores para ter uma base de  comparação com seu próprio lance.

Além disso, evite dar lances no fim do ano pois é uma época onde os “concorrentes” possuem mais dinheiro, como 13º salário (alguns até 14º), férias, bônus.

Por outro lado, meses como fevereiro podem ser uma boa época para fazer lances já que a maioria das pessoas gastaram dinheiro para cobrir as despesas de início de ano, como IPTU e material escolar.

Lance Fixo

No lance fixo a própria administradora do consórcio fixa, previamente, o valor que deve ser oferecido como lance. 

Caso mais de um ofertante se manifeste, será feito um sorteio para decidir quem vai ser contemplado.

Vale lembrar que não são todas as administradoras que oferecem essa modalidade de lance.

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Quais são os tipos de consórcio?

Tipicamente brasileiro, o consórcio é uma forma de aquisição muito utilizada na compra de bens com valor elevado. 

Dentre os tipos de consórcio mais comuns, estão os seguintes:

Imobiliário

Por meio de um consórcio imobiliário é possível realizar a aquisição de casa, apartamento ou imóvel comercial. 

Além disso, essa modalidade de consórcio permite ainda realizar reformas, bem como construir ou comprar um terreno com prestações sem juros, de maneira acessível. 

Além do sorteio mensal, o consorciado pode ainda fazer a oferta de lances. Algumas administradoras de consórcio permitem que seja utilizado o FGTS, o que aumenta as chances de ser contemplado. 

Carro

O consórcio de carro pode ser usado tanto para a compra do veículo novo quanto do veículo usado.

As parcelas nessa modalidade variam de acordo com a administradora, podendo chegar a planos de até 80 meses.

Então, é só escolher as parcelas que melhor cabem no bolso e o valor do crédito que deseja pagar.

A contemplação da carta de crédito pode ocorrer por meio de sorteios ou de lances mensais.

Moto

É possível ainda investir em uma motocicleta nova por meio do consórcio. 

Em geral, planos de consórcio de motos costumam ser acessíveis, de modo que alguns chegam a ter parcelas a partir de R$ 140,00 por mês.

Ao ser contemplado, o consorciado terá a flexibilidade para escolher o modelo, a marca e a cor da motocicleta desejada, desde que de acordo com o valor da sua carta de crédito.

Por fim, vale destacar que quem é contemplado em um consórcio de moto deve usar o crédito exclusivamente para isso. 

Ou seja, não pode usar os recursos para comprar um carro, por exemplo. Por outro lado, em um consórcio de carro é permitido usar o dinheiro para comprar qualquer veículo de locomoção, inclusive moto.

Caminhão

Para quem deseja expandir sua frota de caminhões, o consórcio de caminhão também pode ser uma boa alternativa para alavancar o negócio.

O período de duração desse tipo de consórcio varia entre as administradoras, mas em média fica em torno de 120 meses.

Náutico

Para quem está pensando em trocar ou comprar lancha, jet-ski, barcos e veleiros, o consórcio náutico pode ser a melhor opção.

Isso porque ele é isento de taxa de juro e oferece um longo prazo de pagamento, tornando as parcelas acessíveis.

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Qual a diferença entre financiamento e consórcio?

Conforme visto anteriormente, o consórcio é uma modalidade de aquisição de bens ou serviços, baseada no agrupamento de pessoas.

O financiamento, por sua vez, é um tipo de empréstimo com garantia feito por uma instituição financeira.

Em outras palavras, no financiamento, o próprio bem a ser adquirido é usado como garantia. Então, se as parcelas não forem quitadas, ele é devolvido à instituição. 

Entre as vantagens de optar por um financiamento está a possibilidade de compra imediata do bem ou serviço desejado.

Além disso,  caso consiga amortizar antecipadamente a dívida, o devedor do financiamento poderá ter desconto nos juros das últimas parcelas.

Vale destacar, no entanto, que quando se trata de um financiamento o bem não é registrado no nome do requerente do crédito e sim do banco que emprestou o dinheiro. 

Nesse sentido, essa operação é conhecida como alienação fiduciária.

Outra desvantagem do financiamento em relação ao consórcio é a incidência de juros, que muitas vezes costumam ser altos. 

De acordo com as instituições financeiras, essa cobrança é necessária como proteção em casos de inadimplência.

Outro aspecto importante diz respeito ao processo de aprovação pela instituição. Nos financiamentos bancários, essa operação costuma ser muito mais burocrática e demorada, com análise de crédito criteriosa antes da aprovação.

No entanto, o dinheiro é liberado tão logo o crédito seja aprovado. Situação inversa ocorre no consórcio, onde o processo de ingresso costuma ser bem mais simples, contudo o consorciado pode levar anos até conseguir sua tão sonhada carta de crédito.

Logo, para quem tem urgência na compra do bem ou do serviço, o financiamento pode ser a melhor opção.

Como ser contemplado no consórcio?

administradora de consórcio

A essa altura você já sabe que a contemplação no consórcio pode ser feita por meio de lance ou sorteio.

A diferença é que, se no sorteio todos concorrem em condições de igualdade, no lance a situação se assemelha mais a um leilão. 

Sendo assim, para ser contemplado por sorteio o consorciado precisa contar com uma ajudinha da sorte, tendo em vista que não há muito o que fazer nesse caso.

Por outro lado, no lance, o consorciado consegue aumentar suas chances de ser contemplado ao realizar o pagamento das parcelas futuras. 

Vale destacar que, independentemente da modalidade a ser escolhida, o vencedor só terá que pagar o lance caso ele seja o vencedor. 

Quais as vantagens e desvantagens do consórcio?

Se você ainda tem dúvidas sobre fazer um consórcio, conhecer suas vantagens e desvantagens pode te ajudar a tomar a melhor decisão:

Vantagens do consórcio 

  • Não é necessário juntar dinheiro antes de entrar em um grupo de consórcio. No entanto, uma reserva financeira pode ser muito útil na hora de dar lances para ser contemplado.
  • O consórcio tem como uma de suas principais características a facilidade de ingresso, ou seja, a burocracia para entrar no grupo é menor.
  • O consórcio é isento de juros, de modo que essa modalidade tem sido escolhida por muitos que desejam fugir das altas taxas de juros aplicadas nos financiamentos.
  • No consórcio imobiliário o participante pode utilizar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para ofertar um lance. Lembrando que, caso o consorciado não seja contemplado usando o lance com FGTS, o dinheiro não é perdido. 

Desvantagens do consórcio

  • Se você tem urgência em obter o crédito, essa pode não ser a melhor opção. Isso porque, caso você não seja sorteado ou não consiga dar um lance, pode ter que esperar até o término do prazo para resgatar a carta de crédito, o que pode levar anos.
  • Geralmente para ter seu lance contemplado é necessário fazer uma aposta alta, o que acaba exigindo um alto valor em dinheiro.
  • A carta de crédito só é liberada se, no momento da concessão, o consorciado estiver adimplente, ou seja, com o “nome limpo na praça”.

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Como fazer um consórcio?

O primeiro ponto importante ao tomar a decisão de fazer um consórcio é procurar uma administradora que tenha a autorização do Banco Central

Em seguida, o interessado deve investigar se a referida administradora tem os planos disponíveis para o bem ou serviço que deseja adquirir.

Lembrando que o contrato precisa ser claro e preciso, com caracteres legíveis e cláusulas limitadoras de direitos bem destacadas. 

Fique atento ainda a itens como: prazo de duração, valor e número de parcelas, número máximo de consorciados, taxa de administração do consórcio, condições de pagamento.

Vale observar também pontos como periodicidade de realização das assembleias, obrigações financeiras do consorciado, garantias para retirada quando a contemplação acontecer.

Esses cuidados são essenciais para não ter problemas no futuro.

Por fim, o ingresso pode ser feito por meio de um grupo em formação ou por um grupo que já esteja em andamento.

Neste caso, essa operação é feita a partir de uma cota vaga, diretamente com a administradora de consórcios.

Vale a pena fazer um consórcio?

Pelas vantagens apresentadas, muitas pessoas pensam que entrar em um consórcio seria uma espécie de investimento. 

Porém, essa afirmação é equivocada pois o valor aplicado pelos consorciados não é rentabilizado, e sim utilizado para a aquisição de um bem.

Por isso, considera-se que o consórcio seja, na verdade, um tipo de “autofinanciamento” sem juros e de forma 100% parcelada.

Então, se você deseja adquirir um bem em um futuro distante, o consórcio pode ser uma excelente ideia, pois não tem o custo da taxa de juro embutida nas parcelas.

Para aqueles que encontram dificuldades para elaborar um planejamento financeiro e reservar uma parte do salário, vale a pena fazer consórcio.

Em outras palavras, o consórcio funciona como uma poupança obrigatória que facilita a concretização de sonhos daqueles que não têm a disciplina de guardar dinheiro.

Além disso, para quem não dispõe de um valor para dar de entrada, como normalmente é exigido nos financiamentos, o consórcio pode ser a solução. Isso porque, no consórcio, essa entrada não é necessária. 

Diante desses fatos, se você não tem dinheiro para adquirir o bem à vista, não é disciplinado financeiramente, nem tem urgência para adquirir o bem, fazer consórcio pode ser uma excelente escolha.

Mas vale destacar que o plano escolhido precisa estar alinhado com seu orçamento familiar durante todo o período de duração do consórcio, e não somente no momento da contratação.

Além disso, é essencial conhecer todas as cláusulas do contrato de adesão ao consórcio para não ser surpreendidos no futuro.

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ACESSO RÁPIDO
    Tiago Reis
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    1 comentário

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    • Anderson Pacheco 24 de setembro de 2019
      Tiago, na questão da inadimplência não é bem isso. No caso de inadimplência quando a cota é cancelada, o valor é devolvido quando o número da cota é sorteada ou no término do plano. O ex-consorciado receberá o valor referente ao fundo comum(crédito) menos multa, geralmente de 10%, por quebra de contrato. E o consórcio gera rendimentos sim, mas somente após a contemplação. O interessante é que a rentabilidade é sobre a totalidade do crédito contemplado, onde é aplicado no tesouro direto, livre impostos e de taxas extras. Abraço Anderson PachecoResponder