Grana na conta

Investimentos em ouro brilham menos, agora a tendência é comprar empresas do setor

Com as taxas de juros em alta e o dólar que também poderia em breve seguir essa tendência, investimentos em ouro já estão brilhando menos.

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Isso pois, de um lado, sendo parte de uma classe de ativos que não paga rendimentos, o ouro se torna relativamente menos atrativo quando os títulos do Tesouro dos Estados Unidos se tornam mais rentáveis.

E esse é exatamente o que está ocorrendo nesse momento, com a alta das taxas de juros nos EUA.

Por outro lado, como todas as matérias primas, o metal tem uma correlação inversamente proporcional com a dinâmica do dólar.

Não é um acaso se a aceleração do processo de normalização da política monetária dos EUA, que surpreendeu o mercado após a última reunião do Federal Reserve (Fed), fez cair de 5% em poucos dias a cotação do ouro, bem refúgio por antonomásia.

Os investidores tiveram que lidar com um rápido ajuste da trajetória das taxas de juros americanas. E o ouro acabou sofrendo na outra ponta.

Ouro contra juros dos EUA

Se é verdade que o Fed será menos indulgente frente ao aumento das expectativas de inflação, e, portanto, mais reativa elevando juros, os argumentos a favor do ouro como proteção contra uma potencial espiral dos preços poderiam ser colocados de lado.

Uma inflação fora de controle normalmente vê o ouro brilhando, pois o metal é a natural reserva de valor.

E esse é um cenário que mercado já está precificando, prevendo uma política monetária restritiva já em 2023.

Mas a inflação não é o único problema da economia que o ouro é chamado a fazer frente. O outro é a incerteza.

A resposta a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) levou o mundo frente a um macroscópico experimento de política monetária e fiscal, que implica uma mudança de paradigma econômico a nível mundial.

A mutação das coordenadas projeta os mercados financeiros mundiais em um território inexplorado.

E o ouro continua oferecendo uma proteção para eventuais choques do mercado.

Por outro lado, os analistas do Credit Suisse, em um relatório recém publicado, colocaram uma indicação “neutra” para o ouro.

Os suíços estão prevendo cotações por volta dos US$ 1.850,00 a onça para os próximos 90 dias (alta de 4% em relação aos valores atuais), e US$ 1.750,00 para os próximos 12 meses (queda de 1,6% em relação aos atuais valores).

Se os juros vão voltar a subir, aumenta o custo-oportunidade de manter ouro na carteira, pois e um ativo que não paga rendimentos.

Alternativa são as empresas do setor aurífero

A estrada alternativa é se posicionar através das ações de empresas do setor aurífero.

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Isso pois esses papéis, mantendo uma correlação com a cotação do metal, refletem as perspectivas dos ganhos das empresas ativas nesse setor.

Um segmento particularmente interessante é aquele das empresas de royalties & streaming (R&S) que operam com uma filosofia de private equity financiando a expansão e o desenvolvimento de novas minas.

Uma das vantagens dessas empresas é o rígido controle dos parâmetros ESG, especialmente sobre sustentabilidade da operação, seja em termos de impacto ambiental que social, seja em relação aos riscos operacionais, além de riscos geopolíticos.

Como reembolso do empréstimo, as empresas de royalties pedem uma porcentagem (entre 1% e 5%) do faturamento ou dos lucros da empresa mineraria.

As de streaming concordam a aquisição de uma determinada quantia do produto extraído (de 5% até 20%) em um preço prefixado e descontado em relação ao valor de mercado corrente.

Em ambos os casos são acordos de longo prazo, compatível com o tempo necessário para  desenvolvimento de uma mina (em média sete anos), e assinados com contrapartes de grandes dimensões, relativamente sólidas do ponto de vista financeiro e com projetos com margem elevados.

Os três maiores operadores desse mercado são:

  • Franco Nevada
  • Wheaton PM
  • Royal Gold

juntos, valem US$ 60 bilhões e geram mais de US$ 2,5 bilhões de faturamentos.

Entre as vantagens dessas empresas está o fato de ter um nível de inflação predeterminado e contratualizado, imune aos riscos de alta dos custos operacionais de extração, que, ao contrário, reduzem a margem das empresas de mineração.

E, claro, diferente do ouro, essas empresas pagam dividendos. O que as transforma como uma interessante alternativa para investir em ativos reais.

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Carlo Cauti

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