Private Equity: o que é e como funciona o investimento

No mercado de capitais existem diversas formas de se realizar um investimento em uma empresa. Dentre elas, uma das mais utilizadas é o chamado Private Equity.
Mas como o próprio nome sugere, o Private Equity é uma forma de investimento privado. Ou seja, ao contrário do investimento através do mercado de ações, esse tipo de aporte é feito de forma fechada em empresas que não possuem capital aberto, ou seja, não estão listadas na bolsa de valores.
Assim, devido às vantagens que tal modalidade de investimento oferece, o setor vem ganhando tração em 2025. Mesmo com todos os desafios impostos à economia e ao setor financeiro mundial.
Por exemplo, no Brasil já tivemos algumas empresas que saíram do Private Equity e foram para a bolsa, como é o caso da Natura, Dasa, entre outras.
Acompanhe e conheça mais detalhes sobre o que é e como funciona o Private Equity.
O que é Private Equity e como funciona
O Private Equity é um tipo de investimento feito de forma privada, onde um investidor aporta seu capital diretamente em empresas com potencial de crescimento a médio e longo prazo, com o intuito de lucrar com uma futura venda.
Sobretudo, o Private Equity é um tipo de aplicação que pode ser feita diretamente por empresas, instituições, fundos de investimento especializados ou até mesmo investidores qualificados. Através deste investimento, as empresas recebem um aporte de capital privado para financiar suas operações.
O investimento via capital privado em uma empresa pode contar, em alguns casos, também com outros tipos de ajuda, como participação na gestão.
Os investidores que realizam esse tipo de aporte costumam optar por negócios que têm grande possibilidade de crescimento. Além disso, alguns negócios de determinados setores têm preferência.
Desse modo, o investimento direto nessas empresas é comandado por fundos especializados nesse tipo de operação: os fundos de private equity.
A ideia desse tipo de investimento é injetar capital em uma empresa com bom potencial de crescimento, ajudando a mesma a se valorizar e melhorar a gestão. Assim, quando o valor das ações deste negócio aumentarem, os investidores conseguem lucrar.
Desta forma, os fundos obtêm lucros que muitas vezes são investidos em outros negócios. Fundos de capital privado costumam investir em empresas de diversos setores.
Portanto, essa modalidade de investimento pode ser considerada de longo prazo. Nesse sentido, o investimento pode ter uma duração variada, durando de 5 a 10 anos.
Então, no longo prazo, o objetivo desses fundos é consolidar essas empresas no mercado, ao ponto em que elas consigam se tornar de capital aberto e participar da Bolsa de Valores. Em seguida, o fundo realiza a sua saída do investimento (exit), vendendo sua parte do negócio e lucrando.
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Diferença entre Private Equity e Venture Capital

Para compreender melhor as diferenças entre Private Equity e Venture Capital, veja a nossa planilha:
Característica | Venture Capital | Private Equity |
Estágio da empresa | O venture capital é mais voltado para empresas que estão iniciando. Isso é, startups que possuem um alto potencial de crescimento, mas estão iniciando no mercado. | O private equity é um modelo voltado para investimento privado em empresas já estabelecidas |
Risco | Essa opção é considerada um investimento de risco, já que a empresa não possui um mercado formado. | Aqui temos empresas que já possuem faturamento, clientes e um mercado estabelecido. Isso traz um risco muito menor para investimento. |
Volume de aporte | Por se tratar de empresas embrionárias, os aportes costumam ser menos relevantes. | No Private Equity estamos lidando com negócios já formados, com faturamento e toda uma operação. Assim, o aporte costuma ser alto. |
Objetivo da operação | Com riscos maiores a expectativa ao investir em uma Venture Capital é de retornos elevados. Normalmente, as empresas foco da Venture Capital são aquelas que buscam inovar, trazendo alguma necessidade ou solução. Portanto, o objetivo do investidor é lucrar alto com o investimento. | Por se tratar de um investimento maior, no Private Equity temos uma expectativa de ganhos consideráveis, mas dentro de uma projeção, algo mais plausível ou factível. |
· Perfil do investidor | Investidores com alto apetite por risco. | Investidores que buscam risco, mas não abrem mão de certa previsibilidade e segurança. |
Estratégias de Private Equity
Os investidores e fundos de Private Equity possuem algumas estratégias relacionadas ao investimento direto em empresas. Sendo que essas estratégias estão vinculadas as seguintes ideias:
Buyout: Nessas estratégias de Private Equity o investidor faz a compra total do negócio, ou parcial. O objetivo dessa aquisição normalmente é de reestruturar a operação, melhorando o desempenho da companhia e consequentemente, valorizando a empresa.
Growth capital: Ao optar pelo Growth Capital, o investidor dará preferência no crescimento da empresa. Conforme a operação cresce a companhia aumenta de valor, fato que pode favorecer uma eventual venda ou abertura do capital na bolsa.
Recapitalização: Nesta estratégia o investidor conduz a reestruturação do negócio e em contrapartida, distribui proventos (dividendos ou juro sobre capital próprio) aos investidores, com o objetivo de remunerar uma parcela do capital investido. Desse modo, a empresa terá como reequilibrar suas contas e posteriormente, pagar aos investidores uma parcela do capital investido.
Turnaround: Talvez de todas as estratégias, essa seja a mais arrojada. No Turnaround, o investidor compra a participação na companhia, buscando reverter a situação da firma. Ou seja, normalmente a aquisição se refere a uma empresa em péssimas condições financeiras e de operação. Desse modo, o investidor entra para reverter a situação por completo, dando nova vida ao negócio.
Expansão geográfica ou setorial: Por fim temos a estratégia de expansão geográfica ou setorial. Aqui, o investidor quer ampliar os negócios da empresa, podendo ser com base nas regiões de atuação ou através do seu setor. Portanto, ao atuar em mais regiões ou com mais amplitude dentro do seu setor, a empresa terá mais chances de aumentar o faturamento e consequentemente, o seu valor de mercado.
Cenário atual do Private Equity no Brasil (2024–2025)
Em 2024, o segmento de Private Equity no Brasil sofreu uma queda significativa: os aportes caíram cerca de 33,7% no primeiro trimestre, totalizando aproximadamente R$ 6,5 bilhões apenas nos três primeiros meses do ano.
Ao longo de 2024 completo, estimativas da ABVCAP indicam que o volume total de investimentos ficou em torno de R$ 20 bilhões, um patamar abaixo de anos anteriores.
Além dos aportes reduzidos, o número de operações também registrou retração. No primeiro trimestre, foram fechados 20 negócios (fim de março de 2025), e o total anual de operações deve girar em torno de 100–120 transações, bem abaixo dos níveis pré-pandêmicos.
A estratégia predominante continuou sendo a recapitalização de dividendos, com distribuições de caixa aos sócios como forma de retorno de capital mais imediata. Os setores com maior atenção dos investidores seguiram sendo os defensivos: infraestrutura, saúde e agro, valorizados pela menor volatilidade em cenários incertos.
Perspectiva global e oportunidades em 2025
No mercado global de Private Equity, o buyout alcançou cerca de US$ 602 bilhões em transações em 2024 (crescimento de 37% em relação ao ano anterior). Os investimentos totais em Q1 de 2025 somaram cerca de US$ 495 bilhões (alta de quase 40% em relação a Q1 de 2024), segundo dados da PitchBook .
O número de operações globais cresceu aproximadamente 45% no volume no primeiro trimestre de 2025, indicando recuperação na atividade deal-making.
Com a perspectiva de redução gradual das taxas de juros nas principais economias, espera-se um renascimento nas operações de IPO e M&A em 2025–2026, facilitando eventos de saída (exits) e a entrada de novos fundos.
Esse movimento tende a promover maior profissionalização do setor, transparência e disponibilidade de capital — fatores que devem aumentar a atratividade do private equity globalmente.
Principais players no Brasil e no mundo
No Brasil, as principais gestoras continuam sendo Pátria Investimentos, IG4 Capital, Vinci Partners, BTG Pactual, dentre outras líderes em operações significativas.
No cenário global, destacam-se Blackstone, Carlyle, KKR, Silver Lake, entre as maiores e mais ativas nas maiores transações.
Como investir em Private Equity
Atualmente, o acesso direto ao mercado de private equity no Brasil é restrito a investidores qualificados. Veja como funciona:
Quem pode investir:
- Apenas investidores qualificados, ou seja, com mais de R$ 1 milhão aplicados em ativos financeiros;
- Os aportes mínimos em fundos Private Equity geralmente partem de R$ 1 milhão.
Opções de acesso ao mercado de Private Equity:
- Fundos estruturados (como FIPs – Fundos de Investimento em Participações);
- Clubes de investimento;
- Family offices;
- Plataformas especializadas que intermediam oportunidades de acesso restrito.
Canais de distribuição:
- Corretoras, bancos e assessorias financeiras oferecem suporte e acesso aos produtos;
- O relacionamento com distribuidoras pode facilitar o ingresso em veículos exclusivos.
Alternativas para investidores menores:
- Exposição indireta via ações de empresas gestoras de Private Equity, como Pátria Investimentos (na B3) e Blackstone (na NYSE);
- Fundos listados na Bolsa com exposição a ativos de Private Equity (como alguns FIPs negociados no mercado secundário).
Vale a pena investir em Private Equity?
Investir em Private Equity traz oportunidades relevantes, mas também exige atenção aos riscos. Veja os principais pontos a considerar:
Vantagens
- Influência na gestão: fundos de Private Equity costumam atuar ativamente na gestão das empresas investidas, apoiando com expertise estratégica e operacional.
- Potencial de retorno elevado: mesmo em negócios mais maduros, o Private Equity pode gerar lucros expressivos, especialmente em casos de valorização da empresa e venda estratégica ou IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês).
- Acesso pré-IPO: investir antes da abertura de capital pode trazer ganhos significativos se a empresa se tornar mais lucrativa e atrativa ao mercado.
- Diversificação da carteira: o Private Equity permite acesso a ativos fora da Bolsa, ampliando a diversificação patrimonial. Apesar do risco, pode contribuir com ganhos de longo prazo.
Riscos
- Baixa liquidez: as participações não são facilmente negociáveis. Fundos exigem investidores qualificados e aportes altos, com prazos longos de saída.
- Retornos no longo prazo: o ciclo de maturação dos investimentos leva de 5 a 10 anos. Não é indicado para quem busca retorno rápido.
- Transparência limitada e risco operacional: informações sobre os investimentos nem sempre são acessíveis. Além disso, empresas investidas geralmente precisam mais do que capital — gestão, redes de relacionamento e eficiência operacional são fatores críticos.
Conclusão
Investir em fundos de Private Equity pode ser uma alternativa interessante para diversificar a carteira. Com uma posição pequena em comparação ao montante total do portfólio, o investidor pode ter grandes retornos.
Querendo ou não, o objetivo que buscamos ao investir em um fundo de Private Equity são de lucros muito superiores à taxa Selic, Ibovespa, S&P 500 ou qualquer outra métrica do mercado. Desse modo, mesmo um pequeno investimento pode gerar ótimos resultados.
Contudo, para o investidor acessar esse mercado hoje, ele terá que levantar um montante de recursos considerável. Além disso, será necessário paciência e um grande apetite por risco.
Sendo que em 2025, o investidor qualificado encontrará boas oportunidades de investimento com preços ajustados e estruturas mais profissionalizadas.
Assim, quem sabe, com uma nova regulamentação, o Private Equity também possa ser acessado pelos investidores de varejo?
Você permanece com dúvidas a respeito do Private Equity? Deixe uma pergunta ao final que já vamos lhe responder.