Gian Kojikovski

Bancos Centrais têm culpa pela inflação?

A inflação é um problema global e não irá embora de uma hora para outra

Essa semana vimos o Brasil registrar uma inflação de dois dígitos em 2021 e o IPC dos EUA alcançar o seu maior valor em um ano desde 1982. O controle da alta dos preços tem sido uma dor de cabeça para os Banco Centrais ao redor do mundo – e também levantado a discussão sobre o quanto os próprios BCs são culpados.

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Nos EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, passou a reconhecer a atual inflação não mais como transitória apenas no final de 2021. Em audiência no Senado americano nesta terça-feira (11), Powell culpou o desequilíbrio entre oferta e demanda pela escalada da inflação. Para o presidente do Fed, os gargalos nas cadeias produtivas devem ser normalizados ao longo deste ano, o que ajudará a conter o aumento de preços.

Apesar do otimismo, o dirigente assegurou que o banco central americano está disposto a usar “todos os instrumentos” necessários para conquistar a estabilidade dos preços – incluindo a elevação dos juros em ritmo mais rápido.

Aqui no Brasil, em carta aberta enviada ao presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), o ministro Paulo Guedes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tentou justificar os motivos que levaram à inflação na casa de dois dígitos. Para ele, foram três os principais fatores: preços de commodities, bandeira de energia elétrica e gargalos nas cadeias produtivas globais.

Na carta, Campos Neto coloca a inflação “importada” – commodities em geral – como o principal fator para o desvio ao centro da meta, mas pouco menciona o quanto riscos fiscais forçaram a desvalorização do real frente ao dólar e como isso impactou no número.

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Na Inglaterra, o Banco Central do país foi o primeiro entre os grandes a elevar a taxa básica de juros para conter a inflação. O presidente da entidade, Andrew Bailey, disse que uma perspectiva de inflação “mais persistente” foi responsável pela decisão surpresa de aumentar as taxas pela primeira vez em três anos. Apesar dos riscos de desaceleração da economia britânica devido aos casos da Ômicron, Bailey afirmou que o BoE está mais preocupado em combater a inflação de médio prazo.

Enquanto isso, na União Europeia, a presidente do Banco Central Europeu, Chistine Lagarde, não dá sinais de elevação dos juros, mas acredita que a inflação diminuirá ao longo de 2022, indo em direção à meta.

O fato é que pouca gente esperava que depois dos impactos da covid, que chegou a ser tratada como uma possível crise deflacionária no início de 2020, a inflação fosse uma preocupação tão rapidamente. Muitos culpam as medidas tomadas pelos BCs para isso – aqui no Brasil os juros chegaram aos menores patamares da história. O que importa na análise, no final do dia, é que o problema está aí e não irá embora de uma hora para outra.

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Nota

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Gian Kojikovski
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