Americanas (AMER3): veja quais fundos de investimento mais sofreram com a crise

A Americanas (AMER3) soma uma desvalorização de mais de 88% desde que foi revelado um rombo bilionário nos balanços contábeis da companhia. Além das ações, os títulos de crédito da companhia sofreram desvalorizações – como debêntures e ativos similares, detidos por fundos de renda fixa ou crédito privado.

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Segundo acompanhamento de retorno da XP, os fundos que sofreram o maior impacto foram os fundos de investimentos de renda fixa do tipo high grade – ou seja, em que os gestores compravam títulos de dívida de empresas consideradas sólidas. Antes da revelação do rombo bilionário, a Americanas era bem classificada e tinha um risco de calote reduzido.

Dos 113 fundos analisados, 93 já publicaram suas cotas, sendo que média dos retornos foi de 0,06% de queda. O destaque negativo foi o Augme 45 Advisory FIC FIRF CP, que caiu cerca de 1,2% após os problemas contábeis da Americanas.

A exposição do fundo em questão aos papeis da Americanas no período era de 2,6%.

“Em posicionamento a Augme pontuou manutenção da posição, frisando que o investimento realizado foi em uma operação de curtíssimo prazo (via CDB vinculado) com vencimento para abril de 2023. A decisão de manter a posição vai em linha com a necessidade de ter maior visibilidade acerca dos próximos movimentos da companhia e do mercado. A gestora também pontuou que poderá fechar os fundos para proteger os cotistas atuais”, destaca a XP.

Outros fundos de renda fixa analisados foram os que investem títulos com boas notas de crédito (Renda Fixa Liquidez) e os Fundos de Renda Fixa High Yield. Estes tiveram retornos médios de 0,83% de queda e alta de 0,06% acima do CDI, respectivamente.

Fundos de ações afetados pela Americanas

No caso de fundos de ações, os mais impactados foram os da gestora Moat Capital. Na categoria de Fundos de Ações Long Only (que possuem apenas posições compradas em ações), o Moat Capital FIA caiu pouco mais de 6,8% com a crise na Americanas.

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O fundo tinha justamente como maior posição às ações da Americanas. Após o fato relevante que revelou o rombo bilionário, os gestores encerraram a posição em questão vendendo seus papéis.

Dentre os fundos long biased (com viés comprado, mas que podem ter posições vendidas), o destaque negativo foi do Moat Capital Long Bias, que caiu 3,5% ao ter uma exposição de 4,3% da carteira aos papéis AMER3.

Na média, fundos de ações long only caíram 0,33% ante uma baixa de 0,59% do Ibovespa. Já os fundos long biased caíram 0,13%.

Como um fundo ‘sangra’ com uma crise contábil

Conforme explicado pelo cofundador e Head de Investimentos em Infraestrutura da Bocaina Capital, Gabriel Esteca em entrevista ao Suno Notícias durante esta semana, a deterioração da percepção do risco de calote faz com que especialmente os fundos que detinham títulos de dívida da varejista sofram mais.

“Quando você tem uma situação dessa como a da Americanas, o primeiro impacto é uma redução do valor das negociações de mercado. Já na semana passada vimos isso, considerando inclusive que a Americanas é um emissor frequente de debêntures que estão espalhados por muitos fundos do mercado, e que muitos fundos de crédito tinham exposição”, explica.

“Essa situação remete ao fato de que aquele valor [de perda] pode ser irrecuperável”, completa.

Aliás, os problemas contábeis podem fazer com que alguns mecanismos sejam destravados e as dívidas da companhia com credores sejam vencidas.

“No caso da Americanas ou de outras corporações que são emissores frequentes, você tem o que chamamos de covenants. Um dos possíveis é a relação da dívida líquida pelo Ebitda, que é o indicador de endividamento da companhia. Isso mostra quantos anos de geração de caixa você precisa para pagar o estoque de dívida da companhia”, explica.

“Com isso você coloca a obrigação na empresa de não ter um endividamento superior aquele estabelecido previamente. Ou seja, se a empresa romper o covenant, ela fica sujeita a ter sua dívida vencida. Parte do caso da Americanas é esse. A reclassificação contábil levaria à dívida financeira da empresa a explodir, e então ela romperia os covenants de dívida das debêntures”, completa.

Novidades no caso de AMER3

Conforme reportado pelo Suno Notícias, as novidades mais recentes desde a revelação das inconsistências contábeis incluem um bloqueio bilionário que afeta a companhia. O pedido inclui R$ 1,2 bilhão do BTG Pactual (BPAC11), que é o credor com maior exposição à companhia.

Nesse contexto, o caixa da Americanas foi reduzido drasticamente e a companhia pode ter de pedir recuperação judicial às pressas.

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Eduardo Vargas

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