Vale (VALE3) prevê gastar R$ 29 bi em reparação, mas dividendo continua

A Vale (VALE3) projetou R$ 29,6 bilhões para eventuais indenizações da tragédia de Brumadinho (MG), mas destacou que “não vê obstáculos” para a distribuição de dividendos aos acionistas. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (2) durante o evento anual “Vale Day”, em que a companhia divulga projeções e metas com os investidores.

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De acordo com a Vale, o montante prevê R$ 19 bilhões para um potencial acordo dentro do balanço. “Temos R$ 19 bilhões para um acordo em potencial, que é um número que achamos justo e adequado”, disse o diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.

Na soma para os R$ 29,6 bilhões previstos, a companhia ainda contempla, em um eventual acordo:

  • Mais R$ 8 bilhões como provisão adicional.
  • R$ 7,4 bilhões com provisões até outubro de 2020.
  • R$ 3,6 bilhões para reparações a partir de outubro.
  • R$ 1,9 bilhão para recuperação ambiental
  • R$ 1,7 bilhão para indenizações individuais.

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Confira o detalhamento dado pela companhia hoje, durante o Vale Day:

Vale

Para o diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, a companhia deverá fechar um acordo para Brumadinho, apesar de não informar qual a previsão para isso.

“Vamos atingir um acordo estável para o assunto. Mas, independentemente de qualquer acordo, continuaremos com um compromisso integral com Brumadinho“, disse Eduardo Bartolomeo, diretor-presidente da Vale.

Vale diz que nunca esteve tão perto de um acordo

Segundo Bartolomeo, a empresa busca segurança jurídica para firmar um acordo e a Vale nunca esteve tão próxima de um acordo.

De acordo com a mineradora, os valores desembolsados por reparação ambiental por Brumadinho cresceram, alcançando R$ 2,6 bilhões desde o começo. Em 2019, o montante foi de R$ 80 milhões, enquanto que, ate o terceiro trimestre neste ano, o valor chegou a R$ 470 milhões.

Em relação às indenizações individuais, o montante passou de US$ 420 milhões para US$ 570 milhões no mesmo período. Segundo a Vale, mais 8.300 pessoas foram indenizadas, uma alta de 2.300 ante o ano passado.

Apesar dos R$ 29,6 bilhões, o montante está abaixo dos R$ 54 bilhões estimados pelo relator da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha a negociação entre a mineradora Vale e o governo mineiro, deputado Rogério Correia (PT-MG).

Na última sexta-feira (27), ele se reuniu com a procuradora-chefe do Ministério Público Federal de Minas Gerais, Silmara Cristina Goulart, e com o procurador Eduardo Henrique Soares para debater os rumos da negociação.

Segundo a Agência Câmara, o relator disse que a Vale fez uma contraproposta de R$ 16 bilhões, valor bem inferior ao estabelecido pelo Ministério Público, a Defensoria Pública e o governo do estado de Minas Gerais.

Dividendos deverão retornar

Além da provisão para indenizações, a Vale também informou que não vê obstáculos para a distribuição de dividendos. Apesar da afirmação, a companhia não informou quando deverá iniciar a distribuição.

“Quando chegarmos lá, será ótimo para todos”, disse Eduardo Bartolomeo, diretor-presidente da Vale. “Queremos ser consistentes e previsíveis em relação a remuneração do acionista.”

A companhia passou dois anos sem distribuir dividendos após o acidente de Brumadinho.

No dia da divulgação de resultados operacionais do segundo trimestre da mineradora, a Vale anunciou a retomada dos pagamentos, mas agentes do mercado se mostraram preocupados pela possibilidade de uma interpelação jurídica na distribuição.

Em setembro, a Vale informou que seu conselho de administração aprovou o pagamento de R$ 2,4075 por ação, sendo R$ 1,4102 por ação na forma de dividendos e R$ 0,9973 por papel na forma de juros sobre o capital próprio (JCP).

O BTG Pactual (BPAC11), por exemplo, expressou otimismo diante do anúncio feito pela mineradora Vale (VALE3) sobre a aprovação do conselho administrativo do pagamento de R$ 2,4075 por ação em proventos, declarando que a notícia foi positiva devido ao “montante extra de US$ 1 bilhão”.

O MPF, porém, pediu, em caráter de urgência, a suspensão do pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) e do pagamento de dividendos aos acionistas da empresa. Este movimento ainda está sendo retomado e, segundo a agência de rating Fitch, é avaliado em US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,6 bilhões).

Além disso, a força-tarefa também pediu a nomeação de um interventor, em até 15 dias, para elaboração de um plano para reestruturar a governança da Vale.

Por volta de 14h16, a ação da Vale caía 1,70%, a R$ 79,87, enquanto o Ibovespa subia 0,78%.

Vale prevê crescimento de 11% na produção para 2021

A Vale deverá ter uma alta de 11,6% na produção de minério de ferro no ano que vem, na comparação com o volume produzido neste ano.

De acordo com a Vale, a produção para este ano deve ficar entre 300 milhões de toneladas (Mt) e 305 Mt, enquanto que, no ano que vem, o volume de minério produzido deverá ser entre 315 Mt e 335 Mt.

Além disso, a companhia também previu aumentar a capacidade de produção para até 400 Mt por ano até 2022.

“Pensamos, hoje, na nossa capacidade com algum problema operacional, então é um número bem conservador. Pode ter algum espaço para melhora, mas preferimos uma previsão mais conservadora e limitamos a 335 toneladas de produção”, disse Marcello Spinelli, diretor-executivo da Vale.

Além disso, a empresa também informou que irá aumentar os investimentos para extração de níquel e que vê em novas tendências, como o carro elétrico, por exemplo, um fator de aumento da demanda.

“Esses produtos têm muita oportunidade para fornecermos níquel para produtores de alta pureza para quem produz baterias de veículos elétricos”, disse Spinelli sobre a Vale.

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Vinicius Pereira

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