Aquele 1% ao mês acabou! Veja por que a renda variável vai entregar mais que a fixa em 2024

Com a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, ativos de renda fixa como o rendimento do Certificado de Depósito Bancário (CDB) atrelado a 100% do CDI já não entregam 1% ao mês. Neste cenário, a renda variável ganha fôlego por proporcionar rendimentos acima de 1% ao mês em 2024 – ou até mais. 

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/Lead-Magnet-1420x240-1.png

Segundo pesquisa da XP, o apetite por investimentos em ações já mostra melhora nos últimos trimestres, com um aumento de 58% para 65% dos assessores que indicaram que seus clientes planejam uma maior exposição em renda variável.

Para Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, as taxas de juros em patamares baixos, inflação controlada e aumento de fluxo de capital estrangeiro vêm colaborando para essa mudança de perspectiva. 

“O quadro ainda deve melhorar. Com o mercado precificando cortes na taxa de juros dos Estados Unidos para este ano, a gente acredita que o fluxo de capital estrangeiro deva ser positivo para mercados emergentes”, diz Harada. 

O analista lembra que muitas ações do Ibovespa estão bastante descontadas em comparação com a média histórica. Pelas estimativas da Genial, o Ibovespa é negociado a 8,3 vezes P/L (Preço/Lucro) projetado para os próximos 12 meses, contra média histórica de 11 vezes.

O earnings yield do Ibovespa está acima da sua média histórica, com taxa de retorno superior à média de retorno dos juros da NTN-B de 10 anos.

A XP afirma que o Ibovespa abaixo das médias históricas é um mercado atrativo para investidores locais e estrangeiro. O prêmio de risco e o dividend yield também estão acima de suas médias, enquanto o ROE (retorno sobre patrimônio) negocia acima da média dos últimos 15 anos.

Segundo Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, a renda variável oferece oportunidades de retornos potencialmente maiores em um ambiente de queda na taxa de juros. “Ela desempenha um papel crucial na diversificação de portfólios e pode oferecer e oferecer o rendimento de 1% ao mês que muitos dos investimentos buscam”. diz ele.

Além disso, em relatório, a Guide Investimentos cita que historicamente os períodos de quedas de juros são positivos para investimentos, incluindo ações, fundos imobiliários e renda fixa pré-fixada. “Até agora a queda dos juros teve pouco impacto no mercado financeiro. Não vimos crescimento tão expressivo de recursos nos fundos de ações e fundos multimercados. Acreditamos que esta situação deve mudar em 2024″, cita a Guide. 

De olho nesse novo momento econômico, os analistas ereforçam que o mais importante é a diversificação do portfólio, alinhado com o perfil do investidor, e a procura de bons ativos, com valores atrativos. Também é importante ter uma estratégia de investimento de longo prazo e não reagir precipitadamente a flutuações de curto prazo do mercado.

Renda variável: quais setores podem dar mais retornos?

Com a continuidade da queda dos juros, a Guide acredita que empresas de varejo, como SBF (SBFG3), educação, a exemplo da Cruzeiro do Sul (CSED3, e concessões rodoviárias – caso da Ecorodovias (ECOR3) — devem ter  um resultado melhor em 2024. 

“Outro grupo que ainda vemos espaço para valorização é o das small caps: historicamente, esse segmento se beneficiou da queda dos juros. Contudo, no atual ciclo de corte da Selic, as small caps ainda não deslancharam”, conclui a Guide. 

Harada diz que vê uma boa performance nos setores mais defensivos e resilientes, como seguradoras, bancos, empresas do setor elétrico. Por sua vez, Moura vê o setor de tecnologia continuar a crescer e inovar, além de saúde impulsionada por desenvolvimentos contínuos e necessidades na área pública.  

A equipe de analistas do Santander tem uma visão positiva sobre bancos, varejo e bens de consumo, utilities, construção civil e transportes.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Dividendos: quais devem ser as melhores pagadoras?

Uma das abordagens sugeridas por especialistas é construir uma carteira com ações de empresas que tenham uma sólida política de distribuição de dividendos ou que apresentam os maiores “dividend yields”. Petrobras (PETR4) é um ótimo exemplo. 

Para João Daronco, analista CNPI da Suno Research, para uma empresa ser considerada boa pagadora de dividendos deve retornar um yield acima de 6%. 

Segundo consulta ao Status Invest, as 5 melhores pagadoras de dividendos nos últimos os últimos 12 meses foram:

  •  Petrobras (PETR4): yield de 21,49%
  •  Petrobras (PETR3): yield de 20,49%
  •  Bradespar (BRAP3): yield de 13,23%
  •  BrasilAgro (AGRO3):yield de 13,14% 
  •  Bradespar (BRAP4): yield de 13,07

“Quando a gente olha a lista, predominam ações de commodities, com perspectiva bastante positiva. Uma empresa de commodity muitas vezes não tem tanto onde investir e quando o ciclo é positivo ela distribui o lucro”, diz Daronco.

Ibovespa: índice pode superar 150 mil pontos, estima Genial 

A Genial Investimentos projeta que o Ibovespa poderá atingir 151.250 pontos ao final de 2024 – apesar da queda recente de pontuação. Analistas consideram que o descolamento visto nas últimas sessões sugere retirada de recursos da B3 por estrangeiros, em reposicionamento ante a quebra da aposta, predominante ao longo de dezembro, de que haveria espaço para o Federal Reserve antecipar para março o momento de corte de juros nos Estados Unidos.

Segundo a Genial, a revisão também reflete a influência das políticas monetárias dos bancos centrais no mercado acionário global.

Analistas apontam que em um cenário mais otimista, no qual os riscos potenciais negativos são minimizados, o Ibovespa poderia experimentar uma valorização ainda maior, alcançando até 166.000 pontos. 

“Esse resultado mais favorável seria possível se, ao longo do próximo ano, o índice se mover em direção a um cenário de expansão dos resultados corporativos e de um pouso suave da economia norte-americana, evitando turbulências e instabilidades econômicas”, comenta a equipe da Genial. 

No entanto, diz a Genial, existe possibilidade de um cenário menos favorável, caso eventos negativos se tornarem predominantes. Por exemplo, uma aterrissagem brusca da economia dos EUA e/ou uma deterioração das contas públicas no Brasil. Nesses cenários, a perspectiva do Ibovespa poderia sofrer uma queda significativa, potencialmente recuando para a região dos 117.000 pontos.

Atualmente, o Ibovespa está situado na faixa entre 131.900 e 137.600 pontos, um patamar considerado de assimetria negativa para novas compras.

“Diante desse cenário, a recomendação é de que os investidores de renda variável adotem uma abordagem mais seletiva em suas novas entradas, uma vez que o Ibovespa pode enfrentar um período de acomodação ou realização”, alerta a casa. Moura enfatiza que investimentos em renda variável, como ações, são mais voláteis e podem oferecer maior risco de perdas. É preciso uma maior tolerância ao risco e compreensão do mercado.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Vinícius Alves

Compartilhe sua opinião