Apetite por risco em ações sobe e FIIs superam renda fixa na preferência de investidores, mostra pesquisa da XP

O apetite por investimentos em ações continua melhorando, mostra pesquisa da XP Investimentos. Segundo dados da corretora, houve um aumento de 40% para 58% dos assessores que indicaram que seus clientes planejam uma maior exposição em renda variável.

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De acordo com pesquisa da XP, atualmente 35% dos clientes de assessores possuem menos de 10% do portfólio alocado em ações. Além disso, 78% da parcela de clientes apresentam menos de 25% de suas carteiras aplicadas em ações.

“Após um forte rali do mercado em novembro, muitos de seus catalisadores permanecem: uma taxa da Treasury em 10 anos em queda, dados econômicos melhores, o retorno de fluxos de investidores estrangeiros e valuations historicamente baratas”, afirma a XP.

Os sentimentos dos assessores da XP também ficaram mais positivos, com 70% dando uma nota 7 ou maior para o mercado. A média foi 7,2, um aumento diante dos 6,6 do mês anterior. Em relação ao Ibovespa, os assessores projetam uma estimativa entre 130 mil a 140 mil pontos para o ano que vem.

No entanto, o risco Brasil aumentou, a preocupação sobre a política fiscal doméstica subiu de 46% para 50%. Uma recessão nos Estados Unidos ficou em segundo lugar.

Os fundos imobiliários (FIIs) ultrapassaram a renda fixa como a classe de ativos preferida. Dessa forma, houve crescimento na preferência de ativos de risco , enquanto ativos defensivos não tiveram grande mudança.

Ativos preferidos dos investidores. Fonte:XP
Ativos preferidos dos investidores. Fonte:XP

Ações: investidores demonstram interesse em investimentos internacionais, diz XP

Segundo a pesquisa da XP, mais de um quarto dos investidores demonstram interesse em alocações de ativos internacionais.

Neste contexto, as categorias mais procuradas são Bonds (44%), ETFs (39%), BDRs (37%), Fundos internacionais (32%) e Dólar (27%).

Risco fiscal brasileiro é maior preocupação 

Quanto às preocupações, a política fiscal brasileira é apontada como o principal fator de risco. Uma recessão nos EUA ficou em segundo, acompanhada por uma instabilidade política.

Entre os fatores que aumentariam o apetite por risco em ações, os assessores lembraram um corte de juros mais agressivo no Brasil e uma redução no risco na política fiscal.

As preferências por setores na Bolsa continuam sendo por ações defensivas, como setor financeiro e elétricas e saneamento.

Setores preferidos dos investidores. Fonte:XP
Setores preferidos dos investidores. Fonte:XP

Selic a 11,75% ao ano: como ficam os investimentos?

Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, estima que a partir de janeiro poderemos ver algumas demonstrações com relação à aceleração nos cortes.

“Apesar de estar em queda, a taxa Selic ainda segue em patamares altos e isso ajuda a renda fixa a se manter um investimento atrativo. Além disso, a renda fixa possui um acréscimo que são os prêmios de risco e estes seguem em patamares altos. Isso segue atraindo recursos dos investidores”, explica.

Segundo Canez,, nesse cenário, os ativos prefixados, principalmente para o longo prazo, já que é dada como certa a redução da Selic, já estão precificando boa parte dessa queda – por isso para curto prazo os mais atrativos são os pós-fixados atrelados ao CDI.

Investimentos atrelados ao IPCA, apesar das excelentes taxas praticadas no mercado, são os menos atrativos, pois a meta de inflação segue muito baixa e, por consequência, a expectativa também. Para o investidor mais conservador os títulos atrelados ao IPCA são muito importantes, pois oferecem um retorno real, ou seja, com taxas sempre acima da inflação, mas a tendência é de que esse retorno seja menor que o CDI por um tempo.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, diz que a renda fixa continua atrativa com Selic a 11,75%. “Ainda mais em um cenário de juros altos nos EUA, a renda fixa global tende a seguir atrativa por mais algum tempo. Sem falar que qualquer taxa maior que 10% ao ano não é de se jogar fora”, lembra,

“Sigo na linha de que para o investidor pessoa física as incentivadas são as melhores escolhas – LCI/LCA ou mesmo debêntures incentivadas. A recomendação é escolher bem o emissor e não extrapolar o limite do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) porque são produtos isentos e de baixo risco”, aconselha Jorge.

“Outro ponto é que esses título geralmente pagam mais que outros investimentos como os CDBs e títulos públicos, por isso vejo mais vantagens.”

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Os prazos, prossegue o sócio da Quantzed, variam em função da necessidade de caixa de cada investidor, mas no geral “esses investimentos possuem opções de três meses a 1 ano”. Ele lembra que em vários casos o dinheiro fica preso até o final – “logo, é preciso investir o que não irá precisar de liquidez”.

Já para recursos com liquidez imediata, os CDBs são as melhores opções, complementa Jorge. “Ainda acredito também nos prefixados de três anos aproximadamente. Os ativos ligados à inflação também são boas opções para quem quer se proteger. O importante é o investidor ter uma carteira bem diversificada e se atentar bem para os prazos e liquidez”, afirma

Diversificar sempre: “Bolsa e FIIs precisam ficar na carteira”

Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira, observa: “Renda fixa vale a pena com o juro real que se ganha, não com juro nominal. Nossa Selic ainda está em um nível alto e a inflação está caindo junto, proporcionalmente. Então, enquanto a Selic está lá em cima ainda, mas a inflação caindo junto, o juro real, que é a Selic menos a inflação, ainda é alto. Então, mesmo com o novo corte da Selic, acredito que ainda vale a pena investir em renda fixa sim, pois ainda estamos em patamares bons de juros que remuneram bem o investidor.”

Para 2024 o ciclo de corte da taxa de juros deve se intensificar, projeta: “Isso se o mercado mundial e do Brasil melhorar. Lá fora a gente tem uma expectativa de queda dos juros a partir de março. A bolsa CME já aposta que juros nos EUA devem cair entre abril e maio. E, com isso, a gente também tende a ter um cenário mais positivo aqui. E aí a Selic pode cair mais em ritmo até maior.”

Cohen faz a ressalva: “Até que a gente tenha uma Selic em 7%, por exemplo, ainda assim [renda fixa] vai valer a pena se a inflação cair junto. Só que aí é aquele negócio. Selic caindo muito, a gente tem Bolsa subindo e fundos imobiliários subindo. E aí o investidor precisa começar a diversificar.”

Já está na “hora de começar a olhar bolsa há muito tempo, mas fundos imobiliários também”. O analista CNPI argumenta: “O ideal é sempre preferir ativos atrelados ao IPCA. Os ativos prefixados, na minha visão, só valem quando a Selic está muito lá em cima e a gente não tem expectativa de novas altas. Mesmo assim são um risco. O pós-fixado pode ser uma boa alternativa, mas o investimento pode sofrer com a inflação, caso venha a subir.”

Cohen conclui ao comentar a decisão do Copom desta quarta (13): “Na renda fixa, temos a marcação a mercado. Muita gente acha que no Tesouro Direto pode-se retirar o investimento com liquidez diária. Não pode. Tem a marcação a mercado. Inclusive, pode até ter prejuízos mesmo sendo renda fixa. Em muitos casos, será necessário deixar o dinheiro até uma data determinada, ou seja, investir no longo prazo para não correr riscos de prejuízo.”

A queda de juros é um dos principais motivadores para o investidor assumir maior risco na compra das ações.

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Vinícius Alves

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