Ibovespa cai 0,27% e fecha aos 111 mil pontos; varejistas avançam e bancos puxam queda

Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira (23) com queda de 0,27% aos 111.737,28 pontos, após oscilar entre 111.541,82 e 113.061,34 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 23,6 bilhões.

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No primeiro dia sem a Americanas (AMER3) no Ibov, o pregão foi marcado pelo avanço de varejistas. As maiores altas do dia foram da Via (VIIA), Magazine Luiza (MGLU3) e Carrefour (CRFB3), que registraram ganhos de +8,37%,+5,76% e +5,64%, respectivamente.

No primeiro pregão fora do Ibovespa, a Americanas (AMER3) figurou entre as maiores altas do mercado à vista, com alta de 12,68%, a R$ 0,80.

Por outro lado, o dia foi de recuo para a maioria dos bancos listados na bolsa. O setor financeiro caiu 2,04% hoje, pressionado pela exposição dos bancos ao rombo bilionário das Americanas e pela percepção de um aumento da concessão de crédito público via BNDES.

Assim, no Ibovespa hoje as maiores quedas foram do Bradesco (BBDC4; BBDC3), em -4,23% e -3,19, do Santander (SANB11), em -4,08%, e do Itaú Unibanco (ITUB4), em -3,07%.

Já sob o radar político, os investidores repercutiram as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente da Argentina, Alberto Fernandez, sobre a criação de uma moeda comum entre os países. Lula disse a empresários do país que o BNDES poderá voltar a financiar projetos de engenharia para ajudar países vizinhos e empresas brasileiras que operam no exterior. Junto a isso, o boletim Focus projetou mais uma vez alta do IPCA para este ano e o próximo.

“As falas de Lula sugerem uma intervenção estatal direta nas empresas, e isso deixa o mercado em polvorosa, porque volta o filme antigo da Petrobras (PETR4), dos fundos de pensão, na cabeça do investidor. Esse fantasma continua assombrando a cabeça dos investidores, então o pessoal fica com um pé atrás, principalmente com as empresas que têm participação estatal”, diz o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Já Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed, pontua que os investidores têm visto que os ruídos políticos provocaram impactos rápidos na bolsa. “Algumas declarações polêmicas de Lula feitas na Argentina fizeram preço no Ibov, que deixou o índice no ‘zero a zero’ após isso. Além disso, mercado espera que a inflação seja controlada para juros passarem a cair e vermos corrida de empresas para investirem com taxas menores de juros”, pontua Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed.

Commodities fecham mistas

Os contratos futuros do petróleo fecharam com sinais mistos. O pregão de hoje foi marcado por certa volatilidade, agenda esvaziada e mercados fechados na China, Coreia do Sul e Taiwan para comemoração do feriado do Ano Novo Lunar.

Com isso, o minério de ferro, principal referência para a Vale (VALE3) no Ibov, não foi negociado hoje na bolsa de commodities de Dalian. Na sexta-feira (20), o preço de referência fechou em US$ 122,10 a tonelada, com alta de 0,58%. Hoje, a mineradora encerrou o pregão com alta de 0,31%, cotada a R$ 94,30.

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Assim, as ações da Petrobras subiram: PETR3 avançou 2,31% (R$ 30,52) e PETR4 ganhou 1,59% (R$ 26,79). A Vale (VALE3) teve elevação de 0,33% (R$ 94,30).

Enquanto isso, na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em queda de 0,02%, a US$ 81,62 o barril. Por outro lado, o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,64%, a US$ 88,19 o barril.

Diante desse cenário no preço da commodity, os ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam o Ibovespa hoje com altas de 2,31% e 1,59%, cotados a R$ 30,52 e R$ 26,79, respectivamente.

“A bolsa tem se recuperado muito por conta da reabertura da China e sabemos que cerca de 40% da composição do índice é em empresas de commodities. Isso tem ajudado o Ibov”, explica Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed.

Para o Swissquote, o frio na Europa e altas do preço do gás natural também devem apoiar mais os preços do óleo. Já a TD Securities avalia que a oferta da commodity deve se estabilizar nos próximos meses, indicando superávit nos preços de mercados.

“Nosso indicador de riscos de fornecimento de energia continua a mostrar sinais de estabilização, sugerindo que os mercados físicos têm precificado cada vez mais um superávit esperado após as sanções atenuadas às exportações russas de petróleo”, analisa.

Dólar em baixa e bolsas de NY em alta

A segunda-feira foi de ganhos nas bolsas de Wall Street, com ações do setor de tecnologia impulsionadas por notícias sobre planos de redução de custos. Com o início do período de silêncio de dirigentes do Federal Reserve (Fed), investidores operaram sob expectativa por uma desaceleração no ritmo de aperto monetário na semana que vem.

Diante disso, o Dow Jones subiu 0,76%, S&P avançou 1,18% e Nasdaq ganhou 2,01%. Por outro lado, o dólar à vista à vista fechou em baixa de 0,15%, a R$ 5,2000, após oscilar entre R$ 5,1655 e R$ 5,2210.

Na bolsa de Nova York hoje a Microsoft fechou em alta de quase 1%, com a notícia de um investimento multibilionário na criadora do ChatGPT. Já o Spotify subiu mais de 2%, com a informação de que irá demitir 6% de sua força de trabalho, seguindo a tendência de outras empresas de tecnologia.

Investidores também se mantiveram atentos às expectativas da próxima alta de juros por parte do Fed. No meio da tarde, o CME Group indicava que as chances de uma alta de 25 pontos-base (pb) estavam em 99,9%. Isso indicaria uma redução do ritmo de altas em relação à última decisão monetária, em dezembro. A desaceleração ainda seria benéfica para as empresas, visto que as companhias utilizam das taxas para o seu financiamento.

Mais cedo, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse à Reuters que a desaceleração da inflação e a força do mercado de trabalho nos EUA são “sinais muito promissores”. Ambos os indicadores também são usados pelo Fed na decisão de juros.

Bolsas europeias em alta

Os mercados acionários da Europa fecharam em alta no pregão desta segunda-feira (23). O dia foi marcado por falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), indicando que a próxima alta de juros deverá manter o ritmo atual. Além disso, a melhora do índice de confiança do consumidor da zona do euro, na leitura preliminar, também orientou os investidores.

Confira o fechamento das bolsas europeias:

  • Frankfurt (DAX): +0,46%
  • Lisboa (PSI 20): +0,99%
  • Londres (FTSE 100): +0,18%
  • Madri (IBEX 35): +0,34%
  • Milão (FTSE MIB): +0,18%
  • Moscou (MOEX): +0,86%
  • Paris (CAC 40): +0,52%

Segundo análise da CMC Markets, apesar de um início de pregão “lento”, o FTSE 100 terminou com ganhos, impulsionado pelos setores de tecnologia e varejo. Na Bolsa de Londres, a empresa de tech Ocado teve alta de quase 4% e a varejista JD Sports avançou mais de 1,5%.

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Notícias que movimentaram a Bolsa de Valores hoje

  • Boletim Focus estima IPCA maior em 2023 e 2024
  • Compra da Corsan pela Aegea é aprovada pelo Cade
  • Real vai acabar? Entenda a proposta entre Brasil e Argentina

Boletim Focus estima IPCA maior em 2023 e 2024

Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (23), mostra pela quarta vez projeções mais elevadas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este e o próximo ano.

A estimativa do mercado financeiro é que a inflação termine 2023 em 5,48% e o ano de 2024 em 3,84%, aumentando em conjunto as duas projeções do Boletim Focus.

Na semana anterior, as projeções de IPCA do Boletim Focus estimavam uma inflação de 5,39% para este ano. Já há quatro semanas, as projeções eram de 5,23%.

Veja, em detalhes, as projeções mais importantes para 2023 e 2024:

2023

  • IPCA: a projeção subiu para 5,48%
  • PIB: a projeção subiu para 0,79%
  • Dólar: a previsão do câmbio segue em R$ 5,28
  • Taxa Selic: a previsão segue em 12,50%
  • Balança Comercial: a expectativa para o superávit subiu para US$ 58 bilhões
  • Investimento Estrangeiro Direto: a previsão segue em US$ 80 bilhões
  • Dívida do Setor Públicoa previsão caiu para 61,60% PIB

2024

  • IPCA: a projeção subiu para 3,84%
  • PIB: a projeção segue em 1,5%
  • Dólar: a previsão do câmbio segue em R$ 5,30
  • Taxa Selic: a previsão subiu para 9,50%
  • Balança Comercial: a expectativa para o superávit segue em US$ 52,40 bilhões
  • Investimento Estrangeiro Direto: a previsão segue em US$ 77,50 bilhões
  • Dívida do Setor Públicoa previsão caiu para 64,20% PIB

Compra da Corsan pela Aegea é aprovada pelo Cade

A Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a aquisição de até a totalidade do capital social da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pela Parsan e Saneamento Consultoria (Sanco), empresas detidas por Aegea, FIPs Perfin e FIP Kinea.

A operação, descreve o parecer do Cade, “se insere no contexto de leilão realizado em 20.12.2022 pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul para a desestatização da Corsan, nos termos do Edital de Leilão nº 01/2022, publicado do Diário Oficial do Estado em 28.11.2022, no qual o Consórcio Aegea – formado por Parsan e Sanco – sagrou-se vencedor”.

Vale lembrar que o consórcio Aegea arrematou por R$ 4,15 bilhões a Companhia Riogradense de Saneamento, a Corsan. O leilão foi feito no dia 20 de dezembro.

O valor pago pela Aegea foi quase sem ágio sobre o valor mínimo, em leilão de privatização promovido pelo governo gaúcho na sede da B3 (B3SA3), em São Paulo.

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Real vai acabar? Entenda a proposta entre Brasil e Argentina

A proposta de criação do Sur, a moeda comum entre Brasil e Argentina, causou ruídos no mercado financeiro. Contudo, a ideia apresentada pelos presidentes Lula Alberto Fernández não é a de criar uma espécie de “euro latino” por enquanto.

Mas, sim, de contar com uma moeda que facilite o comércio entre os países do bloco. Assim, o real e o peso argentino seguirão normalmente na economia dos seus respectivos países.

Em um artigo publicado no jornal argentino Perfil, Lula e Fernández argumentaram que a ideia visa reduzir a vulnerabilidade externa dos países para operações financeiras e comerciais. 

Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital, destacou que o País vizinho tem muito a ganhar com essa iniciativa: “A Argentina está sem moeda funcional, sem reservas nem crédito no mercado internacional”.

Na visão do especialista, caso o projeto vingue, os argentinos contarão com o crédito brasileiro no mercado internacional e não precisarão adquirir dólares americanos para realizar negociações com comerciantes nacionais — atualmente, a Argentina tem baixa reserva de dólar, o que dificulta transações.

Maiores altas do Ibovespa

  • Via (VIIA3): +8,37%
  • Magazine Luiza (MGLU3): +5,76%
  • Carrefour (CRFB3): +5,64%
  • Telefônica (VIVT3): +5,02%
  • CSN Mineração (CMIN3): +3,81%

Maiores baixas do Ibovespa

  • Bradesco (BBDC4): -4,23%
  • Cosan (CSAN3): -4,14%
  • Santander (SANB11): -4,08%
  • Minerva (BEEF3): -3,55%
  • HapVida (HAPV3): -3,43%

Fechamento dos outros índices brasileiros

  • Small Caps (SMLL): -0,08%
  • BDRs (BDRX): +1,39%
  • Fundos Imobiliários (IFIX): -0,38%

Cotação do Ibovespa nesta segunda-feira (23)

Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (23) com queda de 0,27% aos 111.737,28 pontos.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Janize Colaço

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