Por que Bill Ackman perdeu mais de US$4 bilhões?

William Albert Ackman é um investidor americano bilionário, fundador e CEO da Pershing Square, uma gestora de investimentos multibilionária. Nascido em 1966, Bill se graduou pela Universidade de Harvard com honrarias magna cum laude, em 1988. Quatro anos depois, o investidor conquistou seu MBA pela Harvard Business School.

Conhecido por muitos pela ousadia, Bill Ackman teve um início de carreira promissor, em que ganhou notoriedade entre os investidores por realizar investimentos certeiros que lhe renderam fortunas.

Entretanto, como todos os bons investidores, Ackman também cometeu alguns erros graves ao longo de sua carreira. Dez anos após fundar seu primeiro Hedge Fund, a Gotham Partners, Bill viu sua empresa fechar devido a um investimento malsucedido em uma operadora de campos de golfe.

O fato não desanimou o investidor que, dois anos mais tarde, em 2004, fundou a Pershing Square. Após diversos investimentos certeiros, Bill Ackman decidiu travar uma batalha contra a Herbalife, alegando que o modelo de negócios da companhia era baseado em pirâmide.

MINICURSO DIVIDENDOS

Em dezembro de 2012, o CEO da Pershing Square anunciou uma aposta bilionária contra a companhia. Mais de 5 anos depois, em fevereiro de 2018, Bill aceitou a derrota e saiu da posição. Entretanto, essa não foi a pior aposta do investidor.

Em meados de 2015, Bill Ackman resolveu investir mais de US$3 bilhões na farmacêutica Valeant. O investidor, que comprou sua participação quando as ações negociavam próximo de US$190, viu as ações subirem a US$260 e, pouco mais de um ano depois, caírem para o patamar de US$8.

O que aconteceu com a empresa para perder mais de 95% do seu valor de mercado em menos de dois anos?

A maioria das empresas do setor farmacêutico operam segundo um modelo de negócios baseado em pesquisa e desenvolvimento. Boa parte de seus recursos são destinados ao desenvolvimento de fármacos, que posteriormente são comercializados sob proteção de patentes que geram pequenos monopólios em nichos específicos.

Quando a empresa desenvolve um fármaco que atende a uma demanda específica do mercado, a companhia tem o poder de precificação, pois, sob proteção de patente, durante sua vigência não haverá concorrência.

Apesar da maioria das empresas do setor atuar desta forma, a Valeant criou um modelo de negócios diferente dentro da indústria. Sabendo que seus produtos possuíam demanda inelástica, a empresa percebeu que, independente do preço que estipulasse, os clientes pagariam para ter o fármaco, uma vez que, sem o uso do medicamento, as consequências seriam graves para a vida dos pacientes.

Assim, a empresa estabeleceu um modelo de negócios onde adquiria companhias que possuíam medicamentos patenteados com demanda inelástica, e elevava significativamente os preços do medicamento. Em um único ano, a Valeant chegou a elevar o preço de um medicamento em 2.700%.

Com o crescimento espantoso das receitas, a companhia era capaz de comprar outras farmacêuticas e repetir o procedimento. O modelo de negócios parecia bem-sucedido e a Valeant viu suas receitas, lucros e, consequentemente, a cotação de suas ações dispararem. As ações, que em novembro de 2008 eram negociadas a aproximadamente US$7,50, menos de sete anos depois estavam sendo negociadas a US$260.

Por mais que a ética por trás do modelo de negócios da companhia seja questionável, a elevação de preços, por si só, não configurava um ato ilícito segundo a legislação americana. Entretanto, os gestores cometeram um erro fatal.

Com a elevação dos preços, os planos de saúde passaram a recusar os medicamentos da Valeant, uma vez que o custo dos tratamentos era altíssimo. Para burlar as recusas, a companhia criou farmacêuticas fantasmas para distribuir seus produtos sem que os planos de saúde percebessem que os produtos eram os fármacos da Valeant.

Muitos investidores não têm problemas quanto à ética dos gestores da companhia, mas, certamente nenhum investidor gosta de colocar dinheiro em empresas envolvidas em escândalos possivelmente criminosos.

Não por acaso, as ações da companhia despencaram em um curto espaço de tempo, perdendo mais de 90% de seu valor em menos de um ano. Em março de 2017, Bill Ackman anuncia a saída da posição com prejuízo de US$4 bilhões.

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    Tiago Reis
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    2 comentários

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    • Alexandre Olivari 25 de junho de 2019
      Por mais que isso seja contra as práticas de mercado, temos que ensinar a nossos filhos e colaboradores que, n final, o crime não compensa.Responder
    • [email protected] 25 de junho de 2019
      Parabéns Tiago por suas dicas comentários orientações notícias etc.. Muito bom Acompanho diariamenteResponder