Receita bruta: conheça o indicador de vendas de uma empresa

A receita bruta é um dos indicadores mais básicos e também mais relevantes para a avaliação financeira de uma empresa. Representa o total de vendas realizadas, sem considerar descontos, impostos ou deduções.
Embora seja um dado inicial, sua análise adequada pode revelar muito sobre a saúde e a escala de operação de um negócio.
Em 2025, com o ambiente de juros altos e consumo das famílias pressionado, a análise desse indicador tornou-se ainda mais estratégica para investidores e analistas.
Neste artigo, entenda o que é receita bruta, como ela é calculada, qual a sua importância dentro de um demonstrativo de resultados, sua distinção em relação a outros tipos de receita e por que esse conceito deve ser observado com atenção por quem investe em ações.
O que é receita bruta?
A receita bruta de uma empresa é o valor total de vendas de produtos, mercadorias, prestações de serviços de um empreendimento. Em outras palavras, ela é o faturamento de um negócio.
Esse número dentro de uma DRE pode ser um importante indicador do crescimento de um negócio, pois demonstra como andam as vendas de uma empresa.
É por esse motivo que a informação contida nas vendas brutas de uma companhia pode ser um importante indicador do sucesso ou do fracasso da estratégia comercial de uma empresa.
Diferença entre receita bruta e receita líquida
Uma das dúvidas mais recorrentes entre investidores iniciantes é sobre as diferenças entre receita bruta e lucro bruto, ou ainda entre receita bruta e receita líquida. São conceitos relacionados, mas distintos.
Enquanto a receita bruta mostra o valor total das vendas, a receita líquida já considera os descontos e deduções citados anteriormente. Assim:
Receita líquida = Receita bruta – (impostos + devoluções + descontos comerciais)
Já o lucro bruto é apurado após a dedução do custo dos produtos vendidos (CPV ou CMV), com a fórmula:
Lucro bruto = Receita líquida – Custo dos produtos vendidos
Dessa forma, entender as diferenças entre receita bruta e lucro bruto é fundamental para interpretar corretamente os demonstrativos contábeis.
Quais impostos incidem sobre a receita bruta?
Com a reforma tributária em andamento no Brasil, parte dos tributos que antes incidiam sobre a receita bruta foram reorganizados em dois grandes blocos de Imposto sobre Valor Agregado (IVA): a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que devem substituir gradualmente o PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI.
Por enquanto, muitos desses tributos continuam válidos até a transição completa, prevista para os próximos anos.
Entre os principais tributos que ainda impactam a receita bruta, destacam-se:
- ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços),
- IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados),
- ISS (Imposto Sobre Serviços),
- PIS (Programa de Integração Social),
- Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
Como calcular a receita bruta?
O cálculo é simples:
Receita bruta = preço unitário x quantidade vendida
Por exemplo, imagine que uma empresa vendeu 1.000 unidades de um produto ao preço de R$ 200 cada. A receita bruta será:
R$ 200 x 1.000 = R$ 200.000
Importância da receita bruta
Com os números históricos da receita bruta de vendas em mãos, é possível preparar a empresa para eventuais sazonalidades em seus resultados. Fato que pode dar ao gestor financeiro uma melhor margem de manobra ao se preparar para a compra de matéria-prima.
Outra informação interessante fornecida por esse indicador é a possibilidade de estratificar as vendas da empresa de acordo com os seus diferentes produtos, possibilitando a verificação dos itens ou serviços que mais possuem velocidade de vendas.
Além disso, ela pode ser um importante “termômetro” que indica quando a empresa precisará de novas contratações, dado os períodos de vendas sazonalmente mais fortes.
Mesmo com tudo isso, a importância desse indicador não cessa até aí. Conhecer a sua dinâmica é de vital importância para que a companhia entenda quanto precisa vender para que possa auferir resultados líquidos positivos.
Mas para saber como gerir os custos e despesas de acordo com as vendas brutas obtidas, é necessário entendermos como são classificados esses passivos:
- Custos fixos: São custos que independem do nível de atividade da empresa. Exemplo: depreciação, aluguéis, serviços de vigilância, etc.
- Custos variáveis: São custos que variam proporcionalmente de acordo com o nível de produção da empresa. Exemplo: Matérias-primas, comissões de vendas, energia elétrica, etc.
Caso queira entender mais sobre a dinâmica dos custos e despesas temos um artigo que trata especialmente sobre esse tema.
Onde encontrar a receita bruta de uma empresa?
A receita bruta é um componente que forma uma das três principais demonstrações financeiras de uma companhia: o demonstrativo de resultados do exercício (DRE).
Numa DRE esse indicador pode ser encontrado no primeiro item que integra esse demonstrativo. Ele pode também ser chamado de receita bruta de vendas, e fica logo acima da linha de deduções e impostos recuperáveis.
Quando são subtraídos as deduções e impostos recuperáveis desse indicador, o que teremos é a receita líquida de uma companhia.
Para exemplificar o cálculo do indicador de vendas brutas, digamos que exista uma empresa que vende peças de roupas. Mensalmente ela vende cerca de 200 peças, todas com um valor de R$ 120,00. O cálculo desse indicador então seria:
- Receita bruta: 200 peças x R$ 120,00 cada
- Receita bruta = R$ 24.000,00
Como vimos, a compreensão do funcionamento sobre o que é receita bruta é bastante simples, porém de grande valia para a estratégia de vendas de um negócio. Por isso, cabe a cada empreendedor saber fazer o melhor uso dessa ferramenta em uma organização.
Receita bruta é lucro?
Não. Receita bruta não pode ser confundida com lucro. A receita bruta mostra o quanto a empresa conseguiu faturar antes de realizar o pagamento de impostos e outras despesas obrigatórias.
Isso pode indicar, por exemplo, que mesmo diante de um cenário adverso como juros elevados, câmbio pressionado e crédito mais restrito, como ocorre em 2025, as vendas continuam aquecidas.
No entanto, para saber se a empresa realmente está gerando lucro, é necessário subtrair:
- impostos,
- custos operacionais,
- despesas com pessoal,
- encargos financeiros, entre outros.
Receita bruta e o demonstrativo de resultado
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é o relatório contábil onde a receita bruta aparece no topo. A partir dela, seguem-se as deduções para se chegar à receita líquida, depois ao lucro bruto e, por fim, ao lucro líquido.
A presença da receita bruta na DRE permite que investidores e analistas avaliem:
- O tamanho da operação;
- A eficiência comercial da empresa;
- O impacto de políticas de desconto ou devoluções.
Também é nesse contexto que se diferencia a receita operacional bruta, ligada à atividade-fim da empresa, de receitas não operacionais, como ganhos financeiros ou vendas de ativos.
Logo, entender o que é receita operacional bruta ajuda a isolar os efeitos das atividades principais da companhia, o que é essencial para projeções de longo prazo.
Conclusão
Compreender o que é a receita de uma empresa vai muito além de saber quanto ela fatura. A análise da receita bruta é um primeiro passo essencial para todo investidor que deseja entender a estrutura de geração de valor de um negócio.
A correta interpretação desse indicador permite distinguir crescimento saudável de expansão artificial e auxilia na formulação de estratégias de investimento mais embasadas. Ao lado de outros elementos do DRE, ela compõe um quadro mais completo sobre a performance e o potencial da companhia.
Você ainda tem dúvidas sobre receita bruta? Deixe seu comentário abaixo.