Giro do ativo: aprenda como calcular esse importante indicador

Dentro do mundo dos indicadores da análise técnica, o Giro do Ativo se destaca como um indicador de eficiência das empresas e competência da gestão. Você já ouviu falar nele? Esse é um indicador bastante interessante para utilizar na análise fundamentalista de companhias da bolsa.

O que é giro de ativo?

O giro do ativo (GA) é a comparação de quanto a empresa vende em relação ao total de ativos, sendo calculada pela razão entre receita líquida e total médio de ativos. Ela avalia o quanto os seus ativos – aquilo que compõe o capital da empresa – estão sendo bem empregados.

A receita líquida é baseada em quanto a empresa vendeu em 12 meses após abatimentos como devoluções, impostos sobre a venda e descontos. Já o total médio de ativos é simplesmente a média em 12 meses do total de ativos da companhia.

Por exemplo:

  • Receita Líquida: R$ 4 milhões
  • Total médio de ativos: R$ 30 milhões

GA = R$ 4 milhões / R$ 30 milhões = 0,13

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Obviamente, quanto maior essa métrica melhor, pois a companhia gerará cada vez mais vendas com a mesma base de ativos.

Contudo, deve-se destacar que o GA varia bastante dependendo do setor que estamos analisando. Setores com poucos ativos (asset light) tendem a ter essa métrica maior enquanto indústrias com mais demanda de capital apresentam um indicador mais contraído.

O que são os “ativos” do Giro do Ativo?

Os ativos de uma empresa são todos aqueles bens (assets) que a empresa possui. Uma companhia de transportes, por exemplo, contaria seus caminhões entre seus principais ativos. Caso fosse dona do escritório da sede – e não o alugasse – ela também contaria o imóvel e o terreno entre os ativos.

Empresas são muitas vezes separadas em asset light ou asset heavy, isto é, empresas com muitos ou poucos bens. Setores com muitos bens costumam estar relacionados a commodities, como petróleo, mineradoras e agronegócio, que precisam de bens e maquinário pesado para operar, e para quem ter os bens significa uma boa amortização.

Já empresas asset light são aquelas com poucos bens. Empresas de serviço, como companhias de turismo, de tecnologia e de finanças costumam ter menos bens e conseguir lucros a partir de seus serviços. Para essas o Giro do Ativo pode se mostrar um indicador um pouco enviesado e precisar ser complementado com outros para uma boa análise.

O que um bom “giro do ativo” diz sobre a empresa

O giro do ativo é um indicador que avalia quão bem os bens da empresa estão sendo usados para fazer lucro. Se uma colheitadeira precisa de manutenção a tal ponto que ela gera mais prejuízo do que lucro com a venda das sacas de soja, por exemplo, ela precisa ser trocada. Caso não seja, a empresa estará demonstrando que não é tão boa em fazer dinheiro com seus bens.

Isso, no longo prazo, pode se transformar em prejuízos líquidos. A venda desses bens, caso não forneçam um bom giro do ativo, também pode ser prejudicada – afinal, o que garante que também não serão prejudiciais para quem os comprar? – fazendo com que as empresas com um indicador baixo tenham menor grau de solvência.

Buscar empresas com um bom indicador de giro do ativo é mais um sinal, entre vários outros, que você deve avaliar para a otimização de geração de lucro. É claro que este não é o único. Cruze esses dados com outros – como P/VP, lucro líquido e Yield – para ter um panorama transversal da operação.

Exemplo: Giro do ativo das Lojas Guararapes

Giro dos ativos da Guararapes
Giro do ativo da Guararapes – Economatica

A Guararapes (GUAR3,GUAR4) é uma empresa de varejo, dona da marca Riachuelo. Empresas varejistas normalmente trabalham com uma base pequena de ativos, pois basicamente se tratam de estoques.

Além disso, as lojas costumam ser alugadas, como em grandes shoppings por exemplo, o que faz com que não haja o reconhecimento da propriedade nos ativos.

Como podemos notar, o GA da Guararapes oscilou ao redor de 1 durante o período 2000-2008. Ou seja, para cada R$ 1 de ativos, a companhia conseguiu gerar aproximadamente a mesma quantidade em vendas.

Contudo, após 2008 vemos que o GA vem caindo bastante, o que pode significar, por exemplo, um estoque obsoleto da empresa ou também um menor nível de vendas.

Mas somente olhando os números, também podemos interpretar de outras formas. Por exemplo, a empresa pode estar aumentando os seus estoques em antecipação a um maior período de crescimento.

Por isso, é preciso entender bastante da dinâmica de cada setor. Empresas de commodities, por exemplo, podem aumentar o GA drasticamente caso o preço de tal commoditie suba vertiginosamente no curto prazo.

Exemplo: Giro do ativo da Cemig

giro do ativo da Cemig
Giro do ativo da Cemig – Economatica

Por outro lado temos a Cemig, que é uma companhia de energia intensiva em capital, e que possui muitas usinas hidroelétricas e eólicas.

Podemos notar que o GA da companhia é muito menor do que no caso da Guararapes. Em geral, companhias de utilidade pública terão essa métrica menor em relação a outros setores pois a base de ativos costuma ser comparativamente maior em relação ao nível de receitas.

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Exemplo: Giro do ativo na decomposição DuPont do ROE

Existe uma maneira muito interessante de interpretar o ROE de uma companhia, que é através da decomposição DuPont.

Basicamente, o ROE é separado em três partes:

  • ROE = Giro do ativo X Alavancagem financeira X Margem líquida

Ou seja, dependendo da situação, pode ser que uma determinada mudança no nível do ROE foi explicada apenas por uma variação no giro do ativo, enquanto a alavancagem e as margens permaneceram estáveis.

Conclusão sobre o giro do ativo

O giro do ativo é um excelente indicador para avaliar a capacidade da empresa gerar receitas com sua base de ativos, além de ser útil para entender o ROE. Apesar disso, essa é uma métrica bastante influenciada pelo segmento da economia que estamos analisando. Por isso, as comparação devem ser feitas com bastante cuidado.

Esperamos que você tenha compreendido como usar o indicador giro do ativo dentro de uma análise. Se ficou alguma dúvida, compartilhe conosco sua pergunta ou opinião sobre esse tema nos comentários.

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ACESSO RÁPIDO
    Rodrigo Wainberg
    Henrique Imperial
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    3 comentários

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    • Mauricio Costa 18 de junho de 2019
      Olá, parabéns pelo artigo! resumido, objetivo e não cansou a leitura. Minha sugestão de melhoria é apenas em relação aos gráficos do giro. A escala é muito pequena e necessário dar zoom excessivo se quiser olhar a escala com tranquilidade. Sugiro, portanto, que de alguma forma entrasse a imagem do gráfico com o tamanho da escala fácil para leitura em zoom padrão de 100% do browser. Mais uma vez parabéns pelo conteúdoResponder
    • Matheus 30 de dezembro de 2019
      Artigo construtivo e só tenho elogios,única observação é como o maurício falou anteriormente quanto aos graficos, mas com um esforço deu pra entenderResponder
    • Danilo Barbieri 7 de junho de 2020
      Oi Rodrigo, que explicação fantástica. Me permita uma dúvida, existe um range? ex. > 1 é bom e < 1 é considerado ruim ou algo nesse sentido? obrgado.Responder