Com Selic em queda e juros futuros em alta, renda fixa pode ser oportunidade?

Uma opinião que vem ganhando força no mercado é a de que, com a Selic em queda, a renda variável e o Ibovespa em geral tendem a ganhar mais atratividade. Por outro lado, os juros futuros vêm chamando a atenção pela sua trajetória de alta, o que faz com que alguns passem a considerar um aumento de posição na renda fixa.

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O Boletim Focus projeta que a taxa Selic encerrará o ano de 2024 em 9%. O UBS-BB, por sua vez, tem uma estimativa mais arrojada, e enxerga uma Selic terminal em 8,50%. 

No entanto, o DI1F25, contrato de juro futuro com vencimento em janeiro de 2025, encerrou a sessão de quarta-feira (03) em 9,96%, o que indica que os investidores estão indo na contramão dessas projeções. Olhando para um prazo mais longo, o DI1F31,  com vencimento em janeiro de 2031, vem sendo negociado acima da faixa dos 11% ao ano.  

“Os juros de longo prazo são influenciados por uma série de fatores que envolvem o risco fiscal e político, por exemplo, e não apenas a precificação da Selic. Por isso, há essa diferença”, explica Ricardo Ribeiro, da equipe de Renda Fixa e Crédito da Fator.

Esses aspectos que acabam fazendo preço na curva de juros futuros não são restritos ao âmbito doméstico. Na verdade, o cenário internacional vem impactando bastante nesse sentido.

“A persistência da inflação, a atividade econômica mais forte do que o esperado, o mercado de trabalho apertado e as incertezas com relação aos próximos passos do Fed têm mantido a curva de juros em nível mais alto, o que também puxa a taxa da renda fixa”, diz Rafael Ohmachi, portfolio manager da RB Asset.

“Globalmente, os mercados de juros estão sob pressão altista, em parte devido à forte correlação com os juros americanos. Atualmente, há uma grande atenção aos dados econômicos dos Estados Unidos, na busca por indicações sobre o momento do primeiro corte de juros por lá. O mercado precifica esse corte para junho, mas a expectativa anterior era para março”, destaca Ribeiro.

Renda variável x renda fixa

O cenário descrito acima, naturalmente, causa impactos nos mercados. Ohmachi observa que esses reflexos já têm se mostrado na renda variável. 

“A renda variável tem ficado menos atrativa neste momento, o que é observado pelo fraco desempenho do Ibovespa. Isso acontece muito em função do maior custo de oportunidade da renda fixa”, afirma.

“O impacto inicial tende a ser negativo para setores sensíveis à curva de juros, como varejo e construção civil. Por outro lado, a valorização do dólar – que acontece em parte pela saída do investidor estrangeiro e pela manutenção da taxa alta nos EUA – favorece as exportadoras, resultando em um equilíbrio na Bolsa brasileira”, pondera Ribeiro.

No caso da renda fixa, o momento pode ser visto como oportunidade. “As NTN-Bs estão negociando acima dos IPCA+5,7%, em praticamente todos os vértices, o que é uma taxa historicamente atrativa”, diz Ohmachi, fazendo referência às notas do tesouro nacional (tesouro direto). 

“A remarcação dos títulos pré-fixados pode representar uma oportunidade para alocar em ativos que ainda oferecem rendimentos de dois dígitos ao ano. As NTN-Bs se destacam nesse cenário, já que oferecem proteção contra surpresas inflacionárias e se beneficiam da queda nas taxas de juros através de seus cupons”, completa Ohmachi.

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Fundos também são alternativa

O investidor que deseja se posicionar diante do atual cenário também pode fazer isso por meio dos fundos de investimento, como destacam os especialistas a seguir:

“O fundo de CRIs da RB Capital Asset, o RRCI11, tem 65% de sua carteira em ativos IPCA+, com taxa média de 7,65%, o que traz um prêmio atrativo contra as NTN-Bs. Além disso, 30% da carteira está alocado em ativos CDI+, com taxa média de 4,08%, também com bom prêmio contra os títulos públicos. Essa composição traz um equilíbrio entre os índices IPCA e CDI, reduzindo a volatilidade e risco da carteira. Além disso, o RRCI11 conta com isenção fiscal, o que os títulos públicos não têm”, diz Rafael Ohmachi, portfolio manager da RB Asset.

“O Fundo Multimercado Macro da Fator mantém alocações em taxas de juros pré-fixadas na parte média da curva, aproveitando as oportunidades decorrentes da alta dos juros recentes. Já o Fundo de Debêntures Incentivadas se beneficia da demanda por ativos de crédito privado e da isenção de imposto de renda. Assim como nosso Fundo Caixa, que se beneficia do fechamento da taxa das Letras Financeiras e vem rendendo acima do CDI nos últimos 12 meses, com resgate e liquidação D0”, afirma Ricardo Ribeiro, da equipe de Renda Fixa e Crédito da Fator.

Também há opções que unem os dois universos. Isso porque é possível investir em ativos de renda fixa dentro da renda variável por meio dos ETFs, que são listados em bolsa. Alguns deles são compostos por uma cesta de ativos de renda fixa, como é o caso do NTNS11.

“A NTNB 2055, título mais longo do tesouro disponível atualmente para o investidor pessoa física, está pagando por volta de IPCA + 5,89%. Enquanto o NTNS11, ETF da Investo que aloca somente em NTNBs de 0 a 4 anos, está com o yield próximo a IPCA + 6 %. Além disso, o ETF possui 1,6% de volatilidade nos últimos 12 meses, enquanto a NTNB 2055 apresentou volatilidade de 8%”, completa Alessandra Gontijo, CCO e sócia da Investo.

Clique aqui para saber mais sobre as projeções para a Selic, PIB e a inflação no Brasil, fatores que tendem a influenciar a atratividade tanto da renda fixa quanto da renda variável.

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Guilherme Serrano Silva

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