Vêm quedas ainda mais fortes da Selic: taxa pode chegar a 8% no final do ano, diz UBS-BB; entenda o motivo

Em relatório logo após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a Taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), analistas do UBS-BB estimam uma queda nos juros para além do que já vinha sendo projetado pelo mercado.

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De acordo com a casa, o comitê deve reduzir a taxa em 50 pontos-base mais duas vezes. Já na reunião de junho, o corte na Selic deve ser de 75 pontos-base.

Ainda segundo as projeções do UBS, a taxa terminal, ou seja, o patamar no qual o Copom cessará o ciclo de cortes, será de 8%. Esse número deve ser alcançado já em novembro, diz o relatório. E é menor que o mercado espera: as projeções das maioria das casas ficam em torno de 9 a 10%.

O Boletim Focus da última terça (30) também tem essa estimativa. Segundo o Banco Central (BC), a taxa de juros, a Selic, continua em 9% ao final deste ano. De acordo com a pesquisa, para 2025, o mercado espera que a taxa de juros termine em 8,50%, mesma projeção da semana anterior.

Mas por que o UBS-BB tem uma projeção de queda maior da Selic ainda em 2024? O relatório do banco suíço prevê uma queda maior da inflação este ano – o que poderia fazer com que o Copom acelerasse os cortes.

“Esperamos mais dois cortes de 50 pontos base antes de uma aceleração no ritmo de flexibilização de 75 pb na reunião de junho. A aceleração acontece em função de dois principais fatores: 1) continuamos 80 pontos base abaixo do consenso em nossa previsão de inflação para 2024 e esperamos que a parte significativa desta surpresa descendente da inflação aconteça no segundo trimestre”, explicam os analistas do UBS-BB.

Isso levaria o Copom a começar seu ciclo de flexibilização antes de junho. Por isso o UBS-BB prevê, nas reuniões do comitê do BC, mais dois cortes de 75 pontos-base em junho e julho.

“Em última análise, nosso cenário é que a taxa Selic chegue a 8% até novembro. O consenso do mercado tem uma expectativa 1ppt maior para a taxa Selic no final do ano, mas a expectativa da maioria dos analistas é por uma inflação 0,8 pp maior em relação ao nosso cenário, que prevê 3% no IPCA para 2024”, explica o UBS.

Copom desta quarta (31): sem novidades, segundo o UBS-BB

Já em relação à decisão do Copom da quarta (31), o UBS diz não enxergar grandes novidades.

“Isto [corte de 50bps] já era esperado pelos mercados, pelo consenso e pelo UBS. A decisão foi unânime e houve pequenas alterações na comunicação”, diz.

Segundo os especialistas da casa, a única mudança relevante no comunicado foi quando o Banco Central (BC) falou sobre o cenário internacional

“A única mudança na comunicação ocorreu na seção internacional. O comitê destacou agora o debate sobre o início do ciclo de flexibilização em principais economias e que os sinais de inflação subjacente mais baixa já não são ‘incipientes'”, disse o UBS-BB.

Além disso, os analistas destacam que no cenário doméstico e nas projeções de inflação global o Copom manteve a projeção para a inflação de 2024 em 3,5% e para 2025 em 3,2%.

Em seu parecer, o UBS-BB lembra ainda que continua com os 80 pontos base abaixo do consenso em sua previsão de inflação para 2024 e espera que a parte significativa desta surpresa de desaceleração da inflação aconteça no segundo trimestre.

Além disso, o UBS-BB espera que o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed) – o FOMC – inicie seu ciclo de flexibilização antes de junho.

“A combinação destes dois fatores nos levou a continuar a prever dois cortes de 75 pontos-base em junho e julho”, conclui a casa.

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Veja o que o Copom disse após o corte na Selic

O Copom divulgou nesta quarta (31) o quinto corte seguido da Selic. Com o corte de 0,5 p.p divulgado hoje, a taxa básica de juros foi reduzida para 11,25% na primeira reunião do ano do comitê do BC.

A redução dos juros era aguardada pelo mercado. A decisão foi unânime.

Os dirigentes do Copom preveem corte da mesma magnitude nas próximas reuniões do Comitê.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionária”, diz o comunicado do Copom.

O texto que acompanha a decisão do Copom sobre a Selic acrescenta: “O ritmo [dos cortes] é apropriado para manter política contracionista necessária para desinflação. Magnitude total do ciclo depende, em especial, de itens mais sensíveis à Selic e atividade.”

O comitê fala sobre o cenário doméstico: “O conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.”

A expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, mas as estimativas de prazos mais longos seguiram desancoradas. A mediana para a inflação de 2024 passou de 3,93% no último Copom, em meados de dezembro, para 3,81% na última divulgação, ontem. Já para 2025 e 2026, as estimativas ficaram estacionadas em 3,50%, também acima da meta contínua de 3,00%.

Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 63 de 64 instituições financeiras consultadas acreditavam que o BC manteria o plano de voo e faria mais um corte na Selic de 0,50 ponto, para 11,25%, enquanto uma casa apostava em um corte mais agressivo para 11% ao ano. Para 56 entre 60 (93%), o colegiado seguirá nesse ritmo também nas reuniões de março e maio.

No encontro de dezembro, o BC repetiu no comunicado sobre a decisão do Copom que antevia redução de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para “manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Segundo o Copom, o corte de 0,5 pp é compatível com convergência para redor da meta ao longo do horizonte relevante. “A política contracionista é necessária para consolidar desinflação e ancoragem em torno de metas. O horizonte relevante inclui 2024 e, em maior grau, 2025.”

O comunicado do BC após a decisão de corte da Selic ainda diz que “os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.”

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Eduardo Vargas

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