Redução da Selic: Há ainda longo caminho a percorrer para convergência da inflação à meta, diz ata do Copom

Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (19), o Banco Central (BC) observou, em relação à decisão de redução da Selic de 12,25% para 11,75%, que houve um progresso desinflacionário relevante no país, mas que ainda há um longo caminho a percorrer para a convergência da inflação para a meta.

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“O comitê avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo Copom, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária. Além disso, a incerteza, em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela na condução da política monetária”, pontuaram os membros do Copom no documento.

A decisão tomada na semana passada – que foi unânime – não surpreendeu o mercado. Com os votos do comitê (Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes), de corte de 0,5 p.p na Selic, o mercado já apostava em uma intensificação do ritmo de ajustes dos juros. 

O que o Copom avalia?

O Copom avaliou que o ambiente externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior, marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e sinais incipientes de queda de núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países.

Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. Assim, o grupo avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

“Com relação aos próximos passos, os membros do comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, segue o texto.

Copom: redução da taxa é estratégica para convergência da inflação

Sobre a decisão em reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 11,75% a.a, o Copom observou que ela é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025.

O comitê reforçou, ainda, que a decisão de reduzir a taxa Selic também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O grupo considerou que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária, reforçando a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Ainda segundo o Comitê, a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

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Expectativas de inflação são sendo fator de preocupação, diz Copom

Sobre as expectativas de inflação, o Copom acredita que elas seguem desancoradas e são um fator de preocupação.

Segundo o texto, o comitê avaliou que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira.

Assim, em seus cenários para a inflação, o comitê listou os que fatores de risco permanecem em ambas as direções. No caso dos riscos de alta, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais, além de uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada, em função de um hiato do produto mais apertado.

Já entre os riscos de baixa, o Copom ressaltou uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, além dos impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

“O comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária”, diz.

Decisão sobre redução da taxa foi consensual 

Segundo a ata, o Copom relembrou que a incorporação de cenários e variáveis exógenas, como a dinâmica fiscal ou o cenário externo, se dá por meio de seus impactos na dinâmica prospectiva de inflação, sem relação mecânica com a determinação da taxa de juros.

No texto, o comitê reforçou também que o cenário doméstico vem se encaminhando em linha com o que era esperado e que prossegue a trajetória desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços, reforçando a dinâmica benigna recente da inflação. 

“Além disso, dados recentes sugerem moderação da atividade econômica, como antecipado pelo Comitê. A desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos se manteve desde a última reunião do Copom. Por fim, as projeções de inflação no horizonte relevante não se alteraram significativamente, mantendo-se acima da meta”.

Após a análise do cenário, todos os membros concordaram que era apropriado reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, de forma a ajustar o grau de aperto monetário prospectivo.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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