IPCA: inflação tem ligeira alta em setembro, com reflexos da alta dos combustíveis

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro registrou uma variação positiva de 0,26% em setembro. O índice havia marcado 0,03 pontos percentuais (p.p.) a menos em agosto (0,23%). Agora atinge uma inflação atualizada nos últimos 12 meses é de 5,19%, conforme mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (11).

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A alta de 2,80% nos preços da gasolina foi o maior estímulo para o avanço do indicador, com uma contribuição de 0,14 p.p. no resultado do IPCA, o principal indicador oficial da inflação no Brasil.

Em um intervalo de 12 meses, a inflação atinge 5,19%, um aumento relevante quando comparado aos 4,61% que eram vistos no mesmo intervalo de 12 meses imediatamente anteriores.

No ano, a inflação acumulada é de 3,50%.

“A gasolina é o subitem que possui maior peso no IPCA. Com essa alta, acaba contribuindo de maneira importante para o resultado do mês de setembro”, explica André Almeida, gerente do IPCA.

Sobre a composição do IPCA, o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, concluiu que “o cenário segue benigno”, visto que:

  1. preços de serviços se mantiveram estáveis no acumulado de 12 meses;
  2. apesar de ter subido na variação mensal, os preços dos serviços subjacentes arrefeceram na variação anual;
  3. a média dos núcleos de inflação passou de 5,2% em agosto para 5,0% em setembro;
  4. o índice de difusão (porcentagem da cesta de produtos pesquisada que teve alta nos preços) caiu para 42% ante a 53% de agosto.

Além disso, Sung destaca que a pesquisa Reuters indicava uma taxa a 0,34%, bem acima da inflação concretizada pelo IBGE nesta quarta-feira.

Entre os novos grupos pesquisados, apenas três caíram no IPCA

Nos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, Transportes teve o maior impacto positivo (0,29 p.p) e a maior variação (1,40%). Nesse grupo, destaca-se o principal subitem: a gasolina, com uma alta de 2,80%. Ainda em Transportes, o subitem passagens aéreas, segunda maior variação mensal (13,47%) e segundo maior impacto (0,07 p.p) no total do IPCA, após recuo de 11,69% em agosto.

Outro setor que registrou alta foi o de Serviços, mas que teve um impacto muito baixo, visto que “os demais itens que compõem o índice mostraram um qualitativo benigno, com difusão muito baixa e as diversas medidas de núcleos bem-comportadas”, analisou o head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, João Savignon.

“O IPCA veio muito tranquilo. Mesmo em relação a agosto, foi uma variação muito pequena, principalmente quando olhamos para o comportamento do grupo de Transportes, que foi bem relevante”, comentou a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.

Do lado das quedas, Sung também destaca a contribuição negativa de Alimentação e bebidas (-0,71% e -0,15 p.p.). “Houve recuo, principalmente, nos preços de alimentação em domicílio”, comenta.

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Alimentos mais baratos em 2023

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, também comentou sobre a redução nos preços dos alimentos até agora. “Principalmente aves e ovos que caíram -1,0% e carnes e peixes industrializados que caíram -1,1%. Em algum momento, o setor de proteína seria refletido no IPCA, mostrando queda nos preços, devido a queda da arroba do boi ao longo de 2023,” explica.

O empresário entretanto relembra que a arroba do boi já tornou a subir no mercado físico e futuro, um impacto que deverá ser visto nos próximos meses. “Nos próximos meses, devemos ver o grupo dos Alimentação e bebidas saindo desse patamar de deflação, refletindo o aumento dos preços,” reforça Veronese.

Sobre o impacto do índice no mercado desta manhã, Fernandes afirma que a reação na bolsa foi “positiva, com o índice futuro subindo, os juros futuro caindo, e dólar caindo também. Para o próximo mês, os combustíveis devem continuar dando o tom do IPCA. Como o petróleo voltou a subir por conta da guerra, pode haver novos reajustes nos preços da gasolina e diesel pela Petrobras (PETR4).”

A seguir, é possível acompanhar as variações do IPCA ao longo do ano de 2023:

MÊSRESULTADO
Março/240,16%
Fevereiro/240,83%
Janeiro/20240,42%
Dezembro/20230,56%
Novembro/230,28%
Outubro/230,24%
Setembro/230,26%
Agosto/230,23%
Julho/230,12%
Junho/230,08%
Maio/230,23%
Abril/230,61%
Março/230,71%
Fevereiro/230,84%
Janeiro/230,53%

Entre os entrevistados, existe um consenso de que os dados do IPCA divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira não deverão impactar os cortes esperados para a taxa Selic:

“A mensagem é que é uma composição inflacionária muito benigna que não muda o rumo do Banco Central (bc)”, comentou Veronese.

“As aberturas do dado de hoje reforçam a dinâmica recente da inflação no país e o plano de voo do BC no ciclo de cortes de juros“, avaliou Savignon.

“Esperamos que o Copom siga com cortes de -0,50% nas próximas reuniões e esse patamar de cortes não deve aumentar por enquanto devido à incerteza global”, diz Fernandes.

“De forma geral, esse IPCA corrobora a nossa tese de que a inflação continua numa trajetória baixista. Além disso, o boletim Focus continua mostrando estabilidade das expectativas de inflação, principalmente, para períodos mais longos. Até o final do ano, a expectativa é de cortes de 50 bps (0,50 p.p.), nas duas reuniões do Copom (em novembro e dezembro) levando a taxa Selic a 11,75% a.a. no final de 2023,” salienta Sung.

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Camila Paim

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