Ibovespa cai 0,78%, mas acumula alta na semana; commodities lideraram ganhos do dia

Ibovespa encerrou o pregão desta sexta-feira (20) em baixa de 0,78%, aos 112.040,64 pontos, após oscilar entre 111.734,58 e 113.024,87 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 31,3 bilhões. No acumulado da semana, contudo, houve alta de 1,01% .

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No pregão de hoje a ponta negativa do índice foi a Americanas (AMER3), que teve baixa de 29,0%, a R$ 0,71. Na véspera, a varejista formalizou seu pedido de recuperação judicial, já aceito pela Justiça. Vale lembrar que a AMER3 deixa o Ibovespa e demais índices da B3 (B3SA3) após o fechamento de hoje.

“A B3 não permite empresas em recuperação Judicial em índices do Ibovespa. Então hoje foi o último dia da Americanas negociada no principal índice da B3 (Ibovespa). Com isso, o papel sai dos 14 índices e os fundos nacionais e internacionais que replicam o Ibovespa terão que zerar suas posições das varejistas, pressionando ainda mais o papel para possíveis futuras quedas”, explica Lucas Almeida, sócio da AVG Capital.

No fechamento do Ibovespa de hoje, ativos bancários também lideraram as quedas. O BTG Pactual (BPAC11)Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) recuaram, respectivamente, -2,91%, -1,41%, -1,77% e -1,22%. Por outro lado, o terceiro maior avanço do Ibovespa hoje foi o Banco do Brasil (BBAS3), subiu 2,46%.

“Depois de três dias consecutivos de alta é normal um leve ‘respiro’, e também hoje é dia de vencimento de opções, quando o mercado tende a ser volátil”, destaca Almeida.

Já sob a ótica política econômica, a crítica feita ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a autonomia do Banco Central (BC), agitou o mercado hoje. Houve disparada dos juros futuros, impactando os setores de consumo e imobiliário, que contribuíram para a baixa do índice.

“Após a entrevista de Lula, os juros futuros subiram bastante e o dólar teve alta, o que mostra o medo do mercado em relação à política econômica do governo. O que me surpreende, no final do dia, é a Bolsa não ter caído mais, ainda está com movimento forte de compra”, diz o chefe de renda variável da SVN Investimentos, André Luzbel.

Commodities seguem avançando

Com as boas perspectivas internacionais, as commodities avançaram no Ibovespa hoje. A Petrobras (PETR3;PETR4) subiu, respectivamente 1,12% e 2,09%, junto com a Vale (VALE3), que 0,27%.

Isso porque os contratos futuros do petróleo fecharam em alta nesta sexta-feira (20), ainda reagindo à reabertura da China. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em alta de +1,28%, a US$ 81,64 o barril.

Já o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de +1,71%, a a US$ 87,63 o barril. Enquanto isso, os contratos futuros de minério de ferro de Dalian, fecharam em US$ 122,10 a tonelada, com elevação de 0,58%.

Segundo Edward Moya, analista da Oanda, os preços da commodity tiveram uma boa semana de negociações devido ao otimismo com a reabertura da China. Moya avalia que muitos investidores em energia estão apostando que a demanda por petróleo deve crescer, apesar do risco crescente de recessão.

“O início do feriado de Ano Novo da China será acompanhado de perto para conferir se as viagens serão tão robustas quanto muitos estão esperando”, observou o analista.

A Capital Economics ressalta que a retomada da atividade econômica tem sido mais rápida do que o esperado, elevando para cima projeções de demanda, mas alerta para os sinais de recessão econômica global.

“O enfraquecimento da atividade em economias avançadas deve provavelmente pesar sobre os preços de commodities ao longo dos próximos meses”, pontuou a Capital.

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Dólar e bolsas de NY sobem

Dow Jones subiu 1,00%, S&P ganhou 1,89% e Nasdaq avançou 2,66%. Junto a isso, o dólar à vista fecha em alta de 0,72%, a R$ 5,2077, após oscilar entre R$ 5,1658 e R$ 5,2396. Na semana, moeda acumulou alta de 1,98%.

O aumento no apetite de risco dos investidores seguiu a divulgação de cortes no quadro de funcionários em algumas das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Nesta sexta, a Alphabet, controladora do Google, anunciou corte de 12 mil empregos em todas as unidades.

Somente nesta semana, Amazon e Microsoft também anunciaram eliminação de programas e cortes de funcionários para diminuir custos de operação. Alphabet, Amazon e Microsoft subiram 5,34%, 3,81% e 3,57%, respectivamente.

Analista da Oanda, Edward Moya acredita que a tendência reflete o temor de uma recessão na economia dos Estados Unidos e deve se espalhar por outros setores ao longo do ano, diminuindo pressões salariais e ajudando a inflação a retornar à meta estabelecida pelo Fed.

Wall Street parece confiante de que essa recessão irá trazer a inflação completamente para baixo, influenciando o Fed a começar cortes de juros no próximo inverno”, observa Moya. Contudo, o analista alerta que essas expectativas ignoram sinalizações recentes de dirigentes do banco central de que, apesar de uma redução no ritmo, o aperto monetário deve continuar por mais tempo.

Bolsas europeias fecham em alta

Os mercados acionários europeus fecharam em alta nesta sexta-feira (20). O pregão de hoje foi marcado pela melhora do apetite de risco de investidores, após a desaceleração do índice de preços ao produtor (PPI) da Alemanha, e de olho na fala da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.

Ela afirmou, em painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que deverá manter sua mentalidade sobre os aumentos das taxas de juros, ainda na busca pelo controle da inflação. No radar de investidores, está também a fala do dirigente Frank Elderson, que falou em na Mesa Redonda de Serviços Financeiros Europeus, sobre os fortes aumentos salariais que estão criando uma onda de alta dos custos..

Diante desse cenário, as bolsas europeias fecharam em:

  • Frankfurt (DAX): +0,76%
  • Lisboa (PSI 20): +0,88%
  • Londres (FTSE 100): +0,30%
  • Madri (IBEX 35): 1,38%
  • Milão (FTSE MIB): +0,70%
  • Moscou (MOEX): -1,25%
  • Paris (CAC 40): -0,10%

Notícias que movimentaram a Bolsa de Valores hoje

  • Ação da Americanas cai abaixo de R$ 1 e renova mínima histórica
  • Lula critica Banco Central e quer mudança na meta de inflação
  • Banco do Brasil aprova “payout” de 40% para o exercício de 2023

Americanas cai abaixo de R$ 1 e renova mínima histórica

As ações da Americanas voltaram a ser leiloadas nas últimas horas, e o ativo bateu sua a mínima histórica: R$ 0,64, em queda de 36%. Elas começaram o pregão sendo negociadas por R$ 0,98, mas logo subiram para preços acima de R$ 1.

Contudo, o ativo voltou a custar centavos por volta do 12h, e seguem assim desde então, com direito a novos leilões e mudanças positivas ou negativas.

Na bolsa, as ações desabaram 93,8% no período desde 11 de janeiro, quando o escândalo contábil da Americanas explodiu, até hoje. Antes da crise, o papel custava R$ 12.

O que dizem os investidores

“Muitos fundos e ETFs replicam índices do Ibovespa. E isso obriga os fundos que replicam essa estratégia a vender os papeis da Americanas e a liquidez tem uma redução considerável, pois o investidor institucional tende a prover liquidez pelo alto volume de negociação”, afirma Lucas Almeida, sócio da AVG Capital.

Ainda segundo ele, qualquer centavo representa um percentual alto para ações com valores inferiores a R$1,00. “Isso traz muita volatilidade no papel e torna um risco maior para o investidor por falta de liquidez por uma oscilação muito forte à medida que o processo de recuperação judicial avance.”

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Lula critica Banco Central e quer mudança na meta de inflação

Nesta semana, Lula questionou a autonomia do Banco Central (BC) e a repercussão segue agitando o mercado financeiro. O chefe do Executivo questionou o “exagero na meta de inflação”, que é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), para este ano.

Para 2023, é de 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A fala não foi recebida pelo mercado financeiro, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), teve de intervir para acalmar os ânimos.

Segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o Banco Central, como instituição, precisa de sua independência.

“Pois em momentos críticos da economia poderá agir sem uma pressão de ingerência política, como vimos no governo de Dilma Rousseff (PT). Vemos no mundo inteiro pressão política para redução de juros. É algo que mexe com a popularidade do governo.”

Banco do Brasil aprova “payout” de 40% para o exercício de 2023

O Banco do Brasil informou na noite de ontem (19) que o conselho de administração aprovou o payout [porcentagem do lucro líquido distribuído] de 40% para o exercício de 2023, via juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos.

Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BB ainda ressaltou que remunerará os acionistas em oito fluxos.

Serão quatro pagamentos realizados ao longo dos trimestres de referência, de forma antecipada. Os outros quatro pagamentos complementares serão efetivados após o encerramento dos trimestres de referência.

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Maiores altas do Ibovespa

  • 3R Petroleum (RRRP3): +3,48%
  • Usiminas (USIM5): +2,73%
  • Banco do Brasil (BBSA3): +2,46%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): +2,46%
  • CSN (CSNA3): +2,41%

Maiores baixas do Ibovespa

  • Americanas (AMER3): -29%
  • Alpargatas (ALPA4): -5,90%
  • Cosan (CSAN3): -4,47%
  • Suzano (SUZB3): -4,46%
  • Rede D’Or (RDOR3): -4,37%

Fechamento dos outros índices brasileiros

  • Small Caps (SMLL): -0,19% — no acumulado da semana: +0,89%
  • BDRs (BDRX): +2,55% — no acumulado da semana: +2,01%
  • Fundos Imobiliários (IFIX): +0,06% — no acumulado da semana: -0,43%

Cotação do Ibovespa nesta sexta-feira (20)

Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira (20) em em baixa de 0,78%, aos 112.040,64 pontos. No acumulado da semana, houve alta de 1,01% .

Com informações do Estadão Conteúdo

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Janize Colaço

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