Ibovespa recua pelo 4º dia seguido, com queda da Petrobras (PETR4) e bancos; índice acumula baixa de 0,57% na semana

Após forte oscilação nesta sexta-feira (4), o Ibovespa fechou a sessão em queda de 0,89%, aos 119.507,68 pontos, após ter a mínima diária de 119.215,02 pontos e a máxima de 121.442,02 pontos.

O volume financeiro do dia foi de R$ 30,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa cai 0,57%, com perdas acumuladas nas quatros primeiras sessões do mês.

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O Ibovespa hoje terminou em linha com as Bolsas dos Estados Unidos, que também caíram.

  • Dow Jones: -0,42%, aos 35.067,20 pontos;
  • S&P500: -0,52%, aos 4.478,38 pontos;
  • Nasdaq: -0,36%, aos 13.909,24 pontos.

O preço do dólar à vista terminou a sessão em baixa de 0,36%, atingindo a máxima de R$ 4,8753.

Enquanto muitas empresas tiveram alta ainda repercutindo os resultados do corte da Selic, a Petrobras (PETR4) teve forte baixa, após os resultados operacionais não agradarem o mercado. Os papéis preferenciais da estatal caíram 2,66% nesta sessão, cotados a R$ 30. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) desabaram 4,2%, a R$ 32,88. Já Vale (VALE3) teve uma leve alta de 0,07%.

Ibovespa: Copom foi decepção relativa?

O Ibovespa chegou a ensaiar reação nesta quarta sessão de agosto, mas não conseguiu evitar o sinal que prevaleceu nas três anteriores, negativo, pressionado nesta sexta-feira, em especial, pela má recepção aos balanços trimestrais de dois pesos-pesados do índice.

Com perdas ao longo das quatro primeiras sessões de agosto, o índice recua 2,00% nesta abertura de mês, limitando o avanço do ano a 8,91%.

De certa forma, o pós-Copom foi uma decepção relativa, tendo em vista que o BC, mesmo que dividido, entregou redução de juros no limite superior da expectativa do mercado, com o corte da Selic em meio ponto porcentual, o que deve se repetir na próxima reunião do Comitê conforme a sinalização dada no comunicado. O apetite por risco, contudo, não veio, e isso ficou evidente desde a quinta, em particular no comportamento das ações de grandes bancos. Nesta sexta, houve recuo na curva de juros, mas na quinta o sinal havia sido misto, com os curtos em retração e os longos em avanço.

Além da cautela externa, que dificulta o apetite por risco em ativos domésticos, algumas nuances não passaram despercebidas desde a noite da última quarta-feira – o que alimenta, em parte, incerteza sobre a trajetória de queda dos juros à frente. No caso dos bancos, há a questão ainda em aberto quanto ao fim da distribuição de JCP (juros sobre capital próprio), sinal que tem sido reiterado pelo governo recentemente. Mas também pesa sobre o setor o efeito das incertezas sobre o ritmo de redução dos juros, quando ainda pendem dúvidas sobre quanto o governo conseguirá arrecadar, de fato, para fazer frente ao compromisso de equilíbrio fiscal.

Na própria noite em que elogiou a decisão do Copom de cortar a Selic em meio ponto porcentual, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez referência a “problemas de arrecadação”, observa Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, notando também que a questão do fim do JCP segue em cima da mesa. “Mesmo com a contratação de novos cortes, indicada pelo Copom, deve-se preservar nos próximos meses um patamar contracionista para a política monetária”, ressalva o analista.

Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico Investimentos, chama atenção para a retirada, na noite de quarta-feira, de referências à questão fiscal no comunicado pós-Copom, com relação ao balanço de riscos. “Nas comunicações anteriores, o Copom vinha destacando riscos associados à possibilidade de uma inflação acima do esperado e, neste comunicado, diminuiu um pouco as referências nesse sentido. Não se falou mais sobre a questão fiscal, ou sobre a desancoragem das expectativas de longo prazo. Os principais riscos agora, na visão do Copom, estão relacionados à inflação global e à inflação de serviços”, acrescenta.

O campo minoritário que emergiu na reunião desta semana, dos diretores que advogavam ritmo mais cauteloso para a queda da Selic – que se iniciaria, no entendimento dessa ala, com uma redução de 0,25 ponto na última quarta-feira -, faz crer que uma perspectiva ‘dovish’ possa ganhar força ao fim do mandato de dirigentes considerados mais ortodoxos e duros com relação aos juros, como Fernanda Guardado – uma perspectiva que começa a entrar no radar do mercado, e que pode trazer um grau maior de volatilidade para a curva de juros.

Assim, com cautela externa e um grau de incerteza significativo em relação ao horizonte doméstico, o Ibovespa não conseguiu escapar à decepção decorrente, nesta última sessão da semana, em especial dos lucros de segundo trimestre apresentados na quinta à noite por Petrobras e Bradesco, que seguraram a ponta negativa do índice, nesta sexta

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Entre as maiores quedas do Ibovespa hoje, destaque para Carrefour Brasil (CRFB3), que tombou 6,76%, Bradesco (BBDC4), que registrou queda de 6,65% após divulgar os números do segundo trimestre – considerados fracos por analistas e investidores -, e Embraer (EMBR3), que desvalorizou 5,00%.

As 3 maiores altas do dia foram de Dexco (DXCO3), BRF (BRFS3) e Lojas Renner (LREN3), que subiram 6,37%, 6,10% e 5,77%, respectivamente.

No setor bancário, a queda do Bradesco após repercussão do balanço trimestral contaminou os desempenho de seus pares, que fecharam em queda. Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) caíram 1,83% e 2,18% respectivamente. O Banco do Brasil (BBAS3) também encerrou em baixa de 0,52%.

Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje

O que movimentou o Ibovespa hoje?

No Brasil, muitas empresas seguiram em forte alta ainda absorvendo a queda da Taxa Selic em 0,5%, enquanto muitos do mercado apostavam em um corte menor.

Segundo Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, a queda da Selic é um dos principais motivos para altas de empresas como a Kora Saúde (KRSA3), Westwing (WEST3) e Lojas Renner (LREN3). “As três companhias sofreram bastante nos últimos anos em decorrência da alta de juros, o que gerou endividamento, principalmente Kora e Westwing. Neste início de ciclo de queda de juros, estas empresas e outras na mesma situação tendem a performar de forma superior ao Ibovespa.”

Além disso, o gestor destaca que a Lojas Renner teve um balanço trimestral reportado acima da expectativa e por isso disparou quase 6%. Em efeito oposto, por terem reportados balanços aquém do esperado, Bradesco e Petrobras lideram as baixas.

“A Petrobras reportou um lucro líquido de cerca de 10% abaixo das expectativas de mercado. Outro problema da empresa são os atuais níveis de defasagem da gasolina e do diesel”, diz Cardozo. Atualmente, analistas apontam uma defasagem maior de 20% frente a paridade internacional.

Do lado do Bradesco, o lucro líquido abaixo do esperado e o aumento do PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) ainda pesam.

Carrefour também cai hoje, após a Advent vender R$ 600 milhões em ações da empresa durante leilão, o que fez muitos investidores venderem o papel.

Um leilão de 49,065 milhões de ações do Carrefour movimentou R$ 600 milhões na B3 na manhã desta sexta. O vendedor dos papéis, de acordo com fontes, foi o fundo americano Advent. A ação saiu ao preço inicial de R$ 12,16, em um leilão que durou uma hora, feito pela corretora do Itaú.

“Os resultados de Petrobras e Bradesco não animaram o mercado. O Bradesco revisou para baixo o ‘guidance’ de receita advinda das operações de crédito, na carteira ampliada, para os próximos trimestres. Petrobras não trouxe resultados tão fora do esperado, mas que tampouco animaram, com o mercado ainda atento à mudança na política de dividendos, com distribuição menor, o que traz certo mau humor com relação ao papel”, diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.

O quadro de distribuição das expectativas do mercado financeiro para o desempenho das ações no curtíssimo prazo mostrou poucas mudanças no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira em relação à pesquisa da semana passada. Entre os participantes, a expectativa de alta para o Ibovespa subiu de 57,1% para 63,64%, no melhor nível em três semanas. Os que preveem estabilidade são 27,27%, de 28,57% na pesquisa anterior. A fatia dos que acreditam em queda caiu de 14,29% para 9,09%.

Marfrig (MRFG3) e BRF tiveram suas ações impactadas pelas recomendações do Citibank, que elevou preço alvo da BRF e reduziu da Marfrig.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão de ontem (3) em baixa de 0,23%, aos 120.585,77 pontos

Com Estadão Conteúdo

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Vinícius Alves

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