Copom em risco? Apagão de dados por causa de greve já afeta atividades no BC

Com a greve dos servidores do Banco Central, as atividades preparatórias do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio (3 e 4) já estão afetadas sem a atualização de boletins e dados divulgados pelo BC, como o Relatório de Mercado Focus, o fluxo cambial, além das estatísticas de crédito, fiscal e do setor externo de fevereiro. É o que diz a Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB). Neste momento, a ANBCB está reunida com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros sindicatos que representam os servidores do órgão. A categoria está em greve desde 1º de abril, por tempo indeterminado.

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Segundo a ANBCB, o Sistema Expectativas de Mercado, que alimenta o Focus, e os Indicadores Econômicos Selecionados, como o movimento de câmbio contratado, “não serão atualizados para a próxima reunião do Copom”. O Focus está sem atualização há três semanas, enquanto o fluxo cambial pode completar quatro nesta quarta-feira (20). Na primeira semana da greve, o BC havia dito que continuava coletando as informações e que a divulgação ocorreria após o fim da greve, mas que as apresentações de conjuntura para o Copom seriam mantidas durante o movimento. Procurado hoje, o BC ainda não se manifestou.

Greve dos servidores: dados para o Copom estão atrasados

“O Copom não terá acesso a informações atuais da economia brasileira sobre as estatísticas do setor externo, monetárias e de crédito e fiscais. Os últimos dados sobre estas estatísticas e disponíveis para o Copom são de janeiro de 2022. Normalmente, o Copom de maio de 2022 teria a sua disposição informações oficiais sobre estas estatísticas até março de 2022 e informações preliminares de abril de 2022″, afirma a ANBCB, em nota.

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A associação tem publicado boletins diários sobre o efeito do movimento grevista nos departamentos do BC. Hoje, foi a vez de o Departamento de Estatísticas (Dstat), ligado à Diretoria de Política Econômica. Segundo a ANBCB, 60% dos servidores do departamento estão em greve, incluindo chefes de subunidade, coordenadores e assessores.

“Apesar de continuar coletando informações brutas para compilar as estatísticas econômico-financeiras, os processos de compilação de estatísticas dentro do Dstat foram significativamente afetados com a operação-padrão realizada pelos servidores do departamento e estão parados com a deflagração da greve dos servidores do Banco Central do Brasil”, afirma.

Além do Focus, dos indicadores selecionados e das estatísticas de crédito, fiscal e de setor externo, a associação afirma que os dados de reservas internacionais divulgados diariamente, às 17h, não são atualizadas desde 29 de março de 2022 no Sistema Gerenciador de Séries Temporais (SGS) do BC. Da mesma forma, as intervenções líquidas do BC em moeda estrangeira não são publicadas desde 18 de março, segundo o sindicato.

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Fonacate: Reajuste de 5% é insuficiente e mobilizações vão continuar

O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, que reúne mais de 30 categorias do funcionalismo público federal, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o reajuste de 5%, caso seja levado à frente, não é suficiente.

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Ele relatou que, caso o governo opte por esse porcentual, as mobilizações e movimentos de greve vão continuar e até se intensificar. “Essa faixa é insuficiente porque representa apenas 20% da inflação acumulada pelo IPCA, de 25%, de janeiro de 2019 até aqui”, argumentou Rudinei Marques. Hoje, em entrevista coletiva, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, disse que o reajuste de 5% para este ano para os servidores é uma das propostas na mesa, mas que ainda não há decisão.

BC: Copom não será afetado pela greve; dados da Focus serão acessados e usados

O Banco Central afirmou nesta segunda-feira, 18, que a realização do Comitê de Política Monetária (Copom) não será afetada pela greve dos servidores do órgão, em resposta a questionamento do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo o BC, em regime de contingência, os dados do Boletim Focus continuarão sendo acessados e usados pelos integrantes do comitê. Essas informações são importantes para construção de modelos de inflação e, assim, para a decisão da taxa Selic.

“A realização da reunião do Copom não será afetada pela greve. A produção das apresentações de conjuntura para o Copom é atividade essencial e, portanto, será realizada durante a paralisação. Em sistema de contingência, os dados da pesquisa Focus continuarão sendo acessados e usados pelos integrantes do Copom”, disse, em nota.

A afirmação do BC contraria relatório divulgado pela Associação Nacional dos Analistas do Banco Central (ANBCB), que representa a categoria, mais cedo.

Segundo a ANBCB, o “apagão de dados”, sem a divulgação de diversos boletins e estatísticas pelo BC, já afeta as atividades preparatórias do Copom. “Os dados sobre Sistema Expectativas de Mercado (que compõem o Relatório Focus) e Indicadores Econômicos Selecionados não serão atualizados para a próxima reunião do Copom”, disse a associação, em nota. O Sindicato Nacional de Funcionários do BC (Sinal) também tem defendido que as atividades preparatórias para o Copom não configuram serviços essenciais.

A greve dos servidores do BC começou no dia 1º de abril e é por tempo indeterminado, em busca de recomposição salarial de 26,3% e reestruturação de carreira. Nesta tarde, os sindicatos que representam a categoria tinham reunião marcada com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Mas, até o momento, não há informações sobre possíveis avanços no encontro.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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