Fed conseguirá barrar a inflação sem recessão?

Após a elevação da taxa de juros dos Estados Unidos para uma faixa de 4,50% a 4,75% ao ano pelo Federal Reserve, o Fed, nesta quarta-feira (1º), analistas destacam que a autoridade monetária está mais próxima de conter a inflação do país, terminando o ciclo altista – ainda que a custos de uma contração na economia.

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A decisão do Fed, vale lembrar, foi unânime e ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro.

“Na minha visão, o Fed está cada vez mais próximo da sua meta de redução da inflação e colecionando evidências que justificam esse entendimento. Uma vez que a política monetária proposta está impactando a economia dentro de um quadro desejado”, comenta Carlos Vaz, CEO da Conti Capital.

O especialista destaca que ainda é incerta a possibilidade de pouso suave (ou soft landing) – o fenômeno de conter a inflação sem causar uma recessão – mas que a decisão desta quarta (1º) deixou a autoridade monetária dos EUA mais perto do êxito, neste aspecto.

“Estamos mais próximos da sonhada etapa de ‘pouso econômico suave’, embora ainda não seja seguro descartar o risco de uma recessão. Analisando todos os índices econômicos divulgados nos últimos meses eu estou confiante e otimista de que a fase mais dura da crise nos EUA, com pico inflacionário, já ficou para trás, afirma Conti.

Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, destaca que o Fed fica próximo do teto da taxa de juros.

“Lembro que o teto do Federal Reserve era de 5 a 5.4%, então, digamos que estamos na fase final de aumentos dos juros, ele fala que embora a inflação tenha sido amenizada, ela ainda está alta, isso é natural, e vai em linha com o que o Fed informou no ano passado, que o topo seria de 5 a 5.4, essa mudança foi abaixo do que poderia que poderia ser, 0.5, os mercados mercados reagem positivamente”, comenta.

Beto Saadia, economista e sócio da BRA-BS, reafirma que as decisões de Jerome Powell causam divergências no mercado.

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“Esta reunião do FED teve importância extra porque Powell precisa se opor ao atual otimismo recente promovido pelo mercado. Investidores sabem que estão próximos do fim do ciclo de taxas e já precificam o início de uma queda no segundo semestre deste ano, o que o FED não quer”, analisa

Juros em alta além do Fed

Além do Fed – do Copom, do Brasil – o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) se reúnem nesta semana para tomar decisões de política monetária.

Para o economista-chefe da Mirae Asset, Julio Hegedus Netto, ambos tendem a ser mais hawkish – ou seja, com posturas mais contracionistas em termos de política monetárioa.

“Na Zona do Euro, o CPI mostra alguma desaceleração, de 9,2% em dezembro a 8,5% em janeiro, enquanto no Reino Unido o CPI a 10,5% no anualizado até dezembro, é uma preocupação. Na zona do euro, o Core CPI (núcleo) – indicador da inflação subjacente que exclui itens voláteis – a 5,2% no anualizado, ainda é resiliente, sinalizando de que o juro terá que chegar a 3,0% ou mesmo acima”, diz o especialista.

“Resumindo, acreditamos que o BCE e o BoE devem perseguir uma taxa terminal de juros a 3,0% para levar o CPI a 2,0% no prazo considerado adequado. Esta deve ser a estratégia também do Fed, só que perseguindo uma taxa terminal em torno de 5,0% a 5,25%. Objetivo é levar o CPI atual, 8,5%, a 2,0% no prazo que for necessário”, completa.

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Eduardo Vargas

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