O que esperar das ações dos bancos em 2023? Veja perspectivas

Nos últimos meses, as ações dos bancos, apresentaram de modo geral uma tendência de queda. Agora, em meio a fatores que podem afetar os ativos futuramente, como a mudança de governo e questões macroeconômicas, surge a dúvida sobre o que esperar para as ações dos bancos em 2023.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/Lead-Magnet-1420x240-1.png

Diversos bancos com atuação no país estão listados na bolsa de valores. Este é o caso das quatro maiores instituições financeiras do Brasil: Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11).

Em vídeo recente sobre as perspectivas dos principais bancos para 2023, o analista CNPI da Suno, José Eduardo Daronco, comenta que o setor bancário é muito importante para o investidor — principalmente, por se tratar de um setor perene e por pagar bons dividendos.

O analista explica que os bancos podem gerar receita por duas principais linhas de negócio: pelo serviço e pela carteira de crédito.

Destaques entre os bancos no terceiro trimestre

Segundo Marco Monteiro, analista CNPI da CM Capital, em entrevista ao Suno Notícias, no terceiro trimestre os bancos que se destacaram positivamente foram Banco do Brasil e Itaú.

Entre julho e setembro, o BB teve lucro líquido de R$ 8,37 bilhões, o que representa um avanço de 62,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho do Banco do Brasil ficou acima do esperado pelo mercado, que era de R$ 7,36 bilhões.

O Itaú reportou lucro líquido de R$ 8,07 bilhões, equivalente a um avanço de 19,1% na comparação anual. O valor ficou praticamente em linha com a previsão, que era de R$ 8,10 bilhões.

Já os destaques negativos no balanço do terceiro trimestre, conforme Marco, foram Bradesco e Santander.

O Bradesco apresentou um lucro recorrente de R$ 5,22 bilhões, o que representa uma queda de 22,8% na base anual. A quantia veio abaixo do estimado, que era de R$ 6,76 bilhões.

No caso do Santander, houve um lucro líquido gerencial de R$ 3,12 bilhões, correspondente a uma diminuição de 23,5% em relação ao mesmo intervalo de 2021. A cifra veio abaixo do projetado, que era R$ 4,34 bilhões.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Análise da situação das instituições financeiras

Ao Suno Notícias, o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, considera que os bancos foram bastante prejudicados no terceiro trimestre por uma conjuntura econômica, de aumento de endividamento e inadimplência.

“Há algum tempo, vemos provisões para devedores duvidosos crescendo nos principais balanços de bancos, e isso foi relatado no terceiro trimestre”, comenta.

O estrategista entende “que o momento é ruim, mas boa parte dos bancos está preparada”. Ele não acredita em uma grande crise, “longe de algo parecido com o que vemos em bancos estrangeiros”

Gustavo prevê que o cenário para os bancos em 2023 “vai passar demais pela decisão econômica, pelo novo time econômico”. 

O estrategista afirma que o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem um pensamento muito próximo ao da ex-presidente Dilma Rousseff, “e nós vimos, no governo Dilma, o que aconteceu com a situação do mercado de crédito, a crise que aconteceu, quando os bancos públicos acabaram ‘expulsando’ o mercado privado de alguns mercados”.

Gustavo entende que “isso foi ruim para os bancos públicos, que acabaram tendo seus balanços bem prejudicados; e para os bancos privados, que também diminuíram de tamanho”.

Segundo o especialista, “pode ser que a gente tenha uma repetição nos próximos anos. Vai depender muito, de 2023 e dos próximos anos, de qual vai ser essa cabeça na condução econômica”.

O que esperar para as ações dos bancos em 2023?

Marco, da CM Capital, afirma que, para 2023, se não melhorar o cenário macroeconômico e houver uma má gestão pública com a troca de governo, pode haver uma desvalorização das ações dos bancos.

Neste eventual cenário, o analista acredita que as ações do Banco do Brasil seriam as mais afetadas, já que o governo é o maior acionista da instituição.

“O Banco do Brasil seria um banco em que eu teria muita cautela em tomar posição, juntamente com Bradesco e Santander, pois reportaram lucro líquido abaixo do esperado e menor no comparativo com o ano passado”, afirma.

Na outra ponta, “um banco que eu ficaria de olho para tomada de posição a um valor descontado seria o Itaú, pois ele vem em linha com a expectativa e reportou lucro maior na comparação anual”, complementa Marco.

Sobre as perspectivas para os bancos em 2023, Gustavo, da RB Investimentos, também cita o Itaú como a instituição com melhor cenário.

O estrategista diz que este banco privado “tem uma qualidade de ativos, qualidade de profissionais muito reconhecida pelo mercado financeiro. Por mais que tenha a situação macro — e até micro — do seu setor que possa ficar mais adversa, ainda parece alguém que consegue ‘navegar’ de forma menos turbulenta”.

No caso do banco com pior perspectiva para o ano que vem, Gustavo aponta os bancos médios — que não são considerados nem fintechs e nem ‘bancões’.

“Talvez estes tenham maior dificuldade, porque vão precisar pagar taxas mais elevadas para captar. Já temos visto isso no mercado quando eles estão captando e pagando taxas muito elevadas, diante da conjuntura que exige uma taxa de juros mais alta, e isso pesa”.

Gustavo comenta que as fintechs “estão sofrendo mais com a concorrência. Os próprios ‘bancões’ demoraram, mas já possuem suas plataformas digitais”.

“Portanto as fintechs vão repetir o que acontece lá fora: se temos um mundo com taxas de juros mais altas, é claro que as fintechs também vão sofrer na hora de fazer novas rodadas de captação. Já temos observado isso ao longo do ano, como ‘fechou a torneira’ de recursos para essas empresas”, argumenta.

Diante disso, o estrategista acredita que, para 2023, o setor bancário “é dúbio, é muito complicado de se fazer uma projeção. Nas próximas semanas, com o ministro da Fazenda já definido e com sua equipe anunciada, teremos uma noção melhor de qual será a condição”.

O especialista lembra que, durante a campanha presidencial, Lula comentou bastante que deseja voltar a usar os bancos públicos e voltar a dar crédito subsidiado. No entendimento de Gustavo, “isso pode prejudicar o setor, como um todo”.

“Por outro lado, também sabemos que, se, no começo do ano que vem, a questão ambiental pesa muito a favor do Brasil e Lula conseguir trazer essa imagem positiva de volta — e surge um fluxo grande de recursos para o mercado brasileiro. Grande parte entra, primeiramente, nas empresas mais líquidas (nas ações que têm maior negociação, como Itaú e Bradesco”, considera.

Como investir em ações de bancos?

Para investir em bancos, por meio da compra de ações na bolsa de valores, o interessado precisa abrir conta em uma corretora de valores.

O passo seguinte será transferir dinheiro para a conta da corretora. Por meio desta quantia, a pessoa terá a possibilidade de comprar os ativos de empresas listadas em bolsa.

Após isso, o cidadão deverá enviar a ordem de compra desses ativos. Cada banco possui um código de negociação diferente. No caso dos quatro principais bancos do país, os tickers do Itaú são ITUB3/ITUB4; o do Banco do Brasil é BBAS3; os do Bradesco são BBDC3/BBDC4; e os do Santander são SANB3/SANB4/SANB11.

As ações são separadas em dois tipos de lotes: o lote padrão e o lote fracionado. O lote padrão representa um número mínimo de ativos que pode ser adquirido. Um lote padrão tem 100 ações.

O lote fracionado permite a compra de números menores de ações. Sendo assim, para adquirir um total menor de ativos, basta inserir a letra F no final do ticker (BBAS3F, por exemplo, no caso do Banco do Brasil), com o número desejado de ativos de bancos ou outras empresas listadas em bolsa.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/1420x240-Controle-de-Investimentos.png

Silvio Suehiro

Compartilhe sua opinião