O que fazer: Indicadores na hora de fazer uma análise

Como escrevi muito sobre valuation nas últimas semanas, tanto no nosso Minicurso de Valuation como a respeito do nosso curso de Valuation que possui menos de 3 vagas remanescentes.
Quando converso de valuation, vejo muitos investidores tentando encontrar um atalho. Geralmente, através de analise de múltiplos. Geralmente, analisam apenas um indicador.
Analisar apenas um indicador é um erro, mas antes de explicar o porquê, gostaria de começar com uma história bastante conhecida.
Você conhece a história dos cegos e do elefante?

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Caso não conheça, vou replicar a anedota que retirei da internet:
Era uma vez seis cegos à beira de uma estrada. Um dia, lá do fundo de sua escuridão, eles ouviram um alvoroço e perguntaram o que era.
Era um elefante passando e a multidão tumultuada atrás dele. Os cegos não sabiam o que era um elefante e quiseram conhecê-lo.

Então o guia parou o animal e os cegos começaram a examiná-lo:
Apalparam, apalparam…Terminado o exame, os cegos começaram a conversar:

— Puxa! Que animal esquisito! Parece uma coluna coberta de pêlos!
— Você está doido? Coluna que nada! Elefante é um enorme abano, isto sim!
— Qual abano, colega! Você parece cego! Elefante é uma espada que quase me feriu!
— Nada de espada e nem de abano, nem de coluna. Elefante é uma corda, eu até puxei.
— De jeito nenhum! Elefante é uma enorme serpente que se enrola.
— Mas quanta invencionice! Então eu não vi bem? Elefante é uma grande montanha que se mexe.
E lá ficaram os seis cegos, à beira da estrada, discutindo partes do elefante. O tom da discussão foi crescendo, até que começaram a brigar, com tanta eficiência quanto quem não enxerga pode brigar, cada um querendo convencer os outros que sua percepção era a correta. Bem, um não participou da briga, porque estava imaginando se podia registrar os direitos da descoberta e calculando quanto podia ganhar com aquilo.
A certa altura, um dos cegos levou uma pancada na cabeça, a lente dos seus óculos escuros se quebrou ferindo seu olho esquerdo e, por algum desses mistérios da vida, ele recuperou a visão daquele olho. E vendo, olhou, e olhando, viu o elefante, compreendendo imediatamente  tudo. 
Dirigiu-se então aos outros para explicar que estavam errados, ele estava vendo e sabia como era o elefante. Buscou as melhores palavras que pudessem descrever o que vira, mas eles não acreditaram, e  acabaram unidos para debochar e rir dele.
E o que esta história tem a ver com analise de múltiplos? Tudo.
Eu vejo muitos investidores, sobretudo os novatos, acreditando que se entenderem apenas um múltiplo terão resolvido o enigma que todos buscam ter a resposta: afinal, é para ou comprar esta ação?
Como os cegos da história que acabei de narrar, muito investidores analisam apenas um indicador da empresa e tentam tirar conclusões sobre o todo.
Quem faz isso comete um erro.
Analisar uma empresa é como montar um quebra-cabeças: demora tempo, é preciso juntar peças e o mais importante: é preciso ter uma visão geral do todo.
O investidor deve analisar sobretudo quatro aspectos em uma empresa:

A) Rentabilidade

Quanto maior a rentabilidade de uma empresa melhor.

Existem vários indicadores que o investidor pode utilizar em sua análise, tais como: ROE, ROIC, ROCE, margem bruta, margem EBITDA e margem líquida.

Geralmente empresas de margens elevadas possuem alguma vantagem competitiva que permite a empresa se proteger de eventuais concorrentes.

  1. B) Risco
    Em geral, quanto menor o risco de um ativo, mais valioso este ativo é.
    É sempre difícil quantificar risco, apesar de muitos acadêmicos terem tentado.
    Apesar de eu não gostar muito, uma das principais métricas de risco é o Beta. Um dos defeitos dele é que o Beta é calculado com base em volatilidade de cotação passada.
    Não necessariamente a volatilidade do futuro é igual a volatilidade do passado.
    Quais métricas de risco eu analiso? Eu gosto de ver o grau e direcionamento do endividamento de uma empresa e a volatilidade de seus resultados.
    Quais métricas de endividamento eu olho? Eu analiso a Dívida Liquida / EBITDA, buscando empresas com este indicador inferior a 3 vezes. E analiso o Endividamento Líquido / Patrimônio Líquido, que busco empresas com este indicador inferior a 100%.

Posso abrir exceções, se eu entender o motivo daquele indicador ser elevado e o indicador não comprometer a saúde financeira da empresa.
Também analiso o perfil de prazo da dívida, evitando empresas que possuem muitas dividas vencendo no curto prazo, pois qualquer crise que impossibilite a rolagem de dívida, pode comprometer a empresa.
Além disso, é preciso fazer um trabalho de campo e conversar com pessoas envolvidas naquele setor para entender para aonde vai o negócio.
É preciso sempre fazer estimativas sobre o futuro. Não tem jeito.

C) Crescimento:

É preciso entender o potencial de crescimento do negócio que você vai investir.

E nem sempre o crescimento é positivo. Crescimento bom é aquele que gera valor.

Apenas como exemplo, quando a Petrobras adquiriu a refinaria de Pasadena ela cresceu o seu faturamento. Mas foi bom para o acionista? Claramente a resposta é não.

Crescimento só é bom, quando a empresa cresce com rentabilidade. Sem lucratividade o crescimento é ruim. Poucos investidores percebem isso.

Além disso, poucos negócios listados conseguem crescer mais do que o PIB durante anos. Se o negócio cresce, novos concorrentes vão entrar no segmento.

Além disso, é raro um setor crescer durante muitos anos mais do que o PIB.

Outro ponto importante: crescimento passado não é garantia de crescimento futuro.

Vejo muitos investidores se interessando por empresas que cresceram forte recentemente. Saibam que este crescimento dificilmente vai se manter por muito tempo.

Certamente, vai ficar cada vez mais difícil à empresa ganhar participação de mercado, e certamente a inovação que a empresa criou para ganhar mercado será adotada por outros concorrentes.

D) Preço:

É preciso levar em consideração o preço.
Alguns analisam múltiplos e comparam com concorrentes ou o histórico daquela empresa. Alguns múltiplos muito utilizados são: a relação Preço / Lucro, Dividend Yield ou Preço / Valor Patrimonial.

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Outros investidores fazem conta de fluxo de caixa descontado. Que dá mais trabalho.
Ambos os métodos têm sua utilidade. E para ajudar auxiliar o investidor a entender melhor como precificar um ativo: criamos um curso de Valuation.
Comprar uma empresa sem analisar a sua precificação, é como ir ao shopping e não ver o preço das mercadorias: quem faz isso vai fazer mau negócio.


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Quem analisa uma empresa sem levar em consideração estes quatro elementos SIMULTANEAMENTE, esta sendo simplista.
Aqueles que analisam apenas um indicador, não vão ter uma visão do todo e certamente chegarão a conclusões parecidas aos dos cegos da anedota contada acima.
Por isso, sempre tente analisar indicadores que levam em consideração estes aspectos de uma empresa.

ACESSO RÁPIDO
    Tiago Reis
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    1 comentário

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    • Wagner 16 de julho de 2020
      ExcelenteResponder