A performance das moedas mais desvalorizadas do mundo em 2025 reflete diretamente a saúde econômica de cada país. Quando uma moeda perde valor frente ao dólar ou outras divisas fortes, isso geralmente indica desequilíbrios internos, como inflação elevada, déficits fiscais, instabilidade política ou perda de competitividade. Em 2025, esses fatores se intensificaram em várias economias, tornando o cenário global ainda mais volátil.
Esse ambiente de incerteza provocou movimentos significativos no mercado de câmbio. Diversas moedas ao redor do mundo acumularam quedas expressivas frente ao dólar americano, afetando diretamente o poder de compra das populações e a estratégia de investidores globais.
Entre todas, o real brasileiro teve o pior desempenho entre as principais moedas emergentes até abril de 2025. A moeda nacional lidera o ranking de desvalorização frente ao dólar, chamando a atenção do mercado internacional para os riscos macroeconômicos do país.
Neste artigo, você confere quais foram as moedas mais desvalorizadas do mundo em 2025, o que explica a perda de valor cambial em cada país e os impactos econômicos para governos, empresas e investidores.
O que é desvalorização cambial?
A desvalorização cambial ocorre quando uma moeda nacional perde valor em relação a moedas fortes, como o dólar americano, o euro ou a libra esterlina. Isso significa que é necessário mais dinheiro local para comprar a mesma quantidade de moeda estrangeira, um sinal de perda de poder de compra no cenário internacional.
Esse movimento pode ser provocado por diversos fatores. Entre os mais comuns estão a inflação elevada, que corrói o valor da moeda internamente; juros baixos, que tornam os ativos do país menos atraentes para investidores; e a fuga de capitais, quando recursos estrangeiros deixam o país em busca de ambientes mais seguros ou rentáveis. Além disso, incertezas políticas ou fiscais também contribuem fortemente para a perda de confiança na moeda.
Os impactos da desvalorização cambial são sentidos de forma rápida e direta. Produtos importados se tornam mais caros, pressionando a inflação interna. Empresas que dependem de insumos estrangeiros veem seus custos aumentarem, e consumidores perdem poder de compra no exterior, afetando viagens, compras online e até investimentos internacionais.
Em resumo, a desvalorização de uma moeda não é apenas um dado de mercado: é um indicativo claro de que algo na economia doméstica está desequilibrado e seus efeitos se espalham por toda a cadeia produtiva e pelo cotidiano das famílias.
Ranking das moedas mais desvalorizadas em 2025
A desvalorização de uma moeda frente ao dólar é um dos principais reflexos da desconfiança do mercado em relação à economia de um país. Em 2025, esse cenário se intensificou com a combinação de juros elevados nos Estados Unidos, tensões geopolíticas e desequilíbrios fiscais locais.
Como resultado, diversas moedas emergentes e até mesmo algumas de países desenvolvidos acumularam perdas expressivas até abril deste ano.
A seguir, apresentamos o ranking das moedas que mais se desvalorizaram frente ao dólar, com base em dados de desempenho cambial até abril de 2025:
Moedas mais desvalorizadas frente ao dólar (até abril de 2025)
Posição | Moeda | País | Desvalorização frente ao dólar |
1º | Real Brasileiro | Brasil | -5,1% |
2º | Peso Colombiano | Colômbia | -5,0% |
3º | Dinar Líbio | Líbia | -3,5% |
4º | Peso Argentino | Argentina | -3,0% |
5º | Lira Turca | Turquia | -2,8% |
6º | Rand Sul-Africano | África do Sul | -2,6% |
7º | Rúpia Indonésia | Indonésia | -2,4% |
8º | Rupia Indiana | Índia | -2,0% |
9º | Yuan Chinês | China | -1,8% |
10º | Euro | Zona do Euro | -1,5% |
1º – Real Brasileiro (BRL)
A moeda brasileira lidera o ranking de desvalorização cambial em 2025, com uma queda acumulada de 5,1% frente ao dólar. A fraqueza do real reflete um conjunto de fatores internos e externos. Internamente, o aumento das despesas públicas, o crescimento da dívida e as incertezas sobre a âncora fiscal geraram forte aversão ao risco. Externamente, o ambiente de juros elevados nos Estados Unidos e a desaceleração da economia chinesa afetaram o fluxo de capitais para mercados emergentes.
Além disso, o Banco Central tem enfrentado pressões políticas e dúvidas sobre sua autonomia, o que abalou a confiança dos investidores. O Brasil encerrou o primeiro trimestre com um dos piores desempenhos cambiais entre os membros do G20.
2º – Peso Colombiano (COP)
A desvalorização de 5,0% do peso colombiano reflete tanto fatores políticos quanto econômicos. A Colômbia enfrenta um cenário de instabilidade institucional, com tensões entre os poderes e mudanças em regras fiscais que elevaram a percepção de risco.
A dependência da economia de commodities como o petróleo, cujo preço sofreu oscilações ao longo do trimestre, também contribuiu para o enfraquecimento da moeda.
3º – Dinar Líbio (LYD)
O dinar líbio recuou 3,5% frente ao dólar, sendo diretamente impactado pela continuidade de conflitos internos, ausência de governança centralizada e instabilidade fiscal.
A produção de petróleo, uma das únicas fontes relevantes de divisas do país, tem sido afetada por bloqueios e sabotagens. Sem reservas cambiais robustas e com alta informalidade no comércio externo, a moeda líbia permanece extremamente vulnerável.
4º – Peso Argentino (ARS)
O peso argentino desvalorizou 3,0% mesmo após medidas de liberalização econômica e cortes agressivos de gastos por parte do governo Javier Milei. O país ainda convive com inflação de dois dígitos mensais e forte dependência do dólar nas transações internas.
Embora o Banco Central tenha flexibilizado o mercado cambial e encerrado o controle de câmbio, a confiança do investidor ainda não foi totalmente restaurada, o que mantém a pressão sobre a moeda local.
5º – Lira Turca (TRY)
A lira turca acumulou perda de 2,8% no ano, influenciada principalmente pela condução controversa da política monetária. Apesar do início de uma política mais ortodoxa pelo Banco Central da Turquia, a inflação segue persistentemente alta e a interferência política nas decisões de juros ainda preocupa.
A repressão a opositores e a instabilidade institucional continuam sendo fatores de risco, reduzindo a atratividade do país para investidores estrangeiros.
6º – Rand Sul-Africano (ZAR)
O rand sul-africano recuou 2,6%, pressionado pela crise energética crônica, falta de investimentos e altos índices de desemprego. A economia sul-africana tem sido afetada por blecautes recorrentes e deterioração de sua infraestrutura básica.
A queda na confiança dos investidores também se deve à percepção de aumento no risco político e ao baixo crescimento projetado para o país.
7º – Rúpia Indonésia (IDR)
A Indonésia viu sua moeda cair 2,4% frente ao dólar, refletindo o impacto da fuga de capitais diante de juros mais altos nos países desenvolvidos. Internamente, o país apresenta desequilíbrio em conta corrente e dependência de investimentos externos para financiar o crescimento.
A rúpia, tradicionalmente sensível ao apetite por risco global, sofre em períodos de aversão a ativos emergentes.
8º – Rupia Indiana (INR)
A rupia indiana perdeu 2,0% de valor frente ao dólar, apesar do bom desempenho macroeconômico do país. O aumento das importações de energia e o déficit comercial crescente afetaram a balança de pagamentos, pressionando a moeda.
Além disso, o fortalecimento do dólar no cenário global reduziu a competitividade da moeda indiana, exigindo intervenções mais frequentes por parte do banco central do país.
9º – Yuan Chinês (CNY)
O yuan recuou 1,8%, influenciado pela desaceleração do setor imobiliário na China, pelo aumento do desemprego entre jovens e pela crescente tensão geopolítica com os Estados Unidos.
O governo chinês tem adotado medidas de estímulo, mas o espaço para políticas expansionistas é limitado. O Banco Popular da China tem agido para evitar uma desvalorização mais brusca, mas os fundamentos econômicos ainda são desafiadores.
10º – Euro (EUR)
O euro encerra o ranking com queda de 1,5%. A moeda comum europeia foi pressionada por um crescimento abaixo do esperado nos principais países do bloco e pela inflação acima da meta, o que exigiu uma política monetária mais cautelosa.
A divergência de postura entre o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve também favoreceu o fortalecimento do dólar frente ao euro, contribuindo para a sua depreciação.
Por que o real brasileiro liderou as perdas?
Em 2025, o real brasileiro acumulou a maior desvalorização entre todas as moedas do G20, com queda de 5,1% frente ao dólar até abril. Esse desempenho negativo não é apenas um reflexo da dinâmica externa mas, principalmente, do agravamento de fatores internos que elevaram a percepção de risco do país.
1. Aumento do risco fiscal
O principal motivo apontado por analistas para o enfraquecimento do real é o desequilíbrio nas contas públicas. Ao longo dos primeiros meses do ano, o governo brasileiro anunciou aumento de gastos e novas renúncias fiscais sem apresentar, em paralelo, medidas de compensação robustas.
Isso gerou um ambiente de incerteza em relação à sustentabilidade da dívida pública, pressionando a curva de juros e afetando diretamente a confiança dos investidores.
Com mais despesas e menor previsibilidade fiscal, a expectativa de solvência do Estado brasileiro passou a ser colocada em dúvida, o que impacta diretamente a atratividade da moeda.
2. Queda na entrada de capital estrangeiro
Outro fator determinante para a desvalorização do real foi a redução dos investimentos estrangeiros no país, tanto em portfólio (ações e títulos públicos) quanto em investimento direto. A combinação de juros reais elevados nos Estados Unidos, aliada à deterioração do ambiente fiscal doméstico, fez com que o Brasil perdesse espaço nas carteiras globais.
Além disso, o cenário de desaceleração na China, principal parceiro comercial brasileiro, reduziu a expectativa de entrada de dólares via balança comercial, o que também afetou a oferta de moeda estrangeira no mercado.
3. Política monetária sob pressão
O comportamento da taxa de câmbio também foi influenciado pelas expectativas negativas quanto à condução da política monetária. A autonomia do Banco Central passou a ser questionada por declarações políticas, e houve ruído no mercado sobre a possibilidade de mudanças em sua estrutura institucional.
Embora a autoridade monetária tenha mantido o tom técnico e buscado preservar a estabilidade de preços, o aumento da percepção de interferência política gerou incerteza quanto à continuidade de uma política de juros coerente com o combate à inflação, contribuindo para a fuga de capitais e para a desvalorização do real.
4. Real é a pior moeda entre os emergentes do G20
Ao observar o desempenho das moedas das principais economias emergentes, o real aparece na última posição até abril de 2025. Enquanto países como Índia e Indonésia conseguiram manter estabilidade cambial diante da pressão externa, o Brasil seguiu o caminho oposto.
A perda relativa de valor da moeda brasileira frente aos seus pares indica não apenas uma resposta às condições globais, mas problemas estruturais internos que estão sendo precificados pelo mercado.
O que a desvalorização diz sobre a economia do país?
A desvalorização de uma moeda raramente ocorre por acaso. Na maioria das vezes, ela é um reflexo direto de desequilíbrios internos que comprometem a confiança dos agentes econômicos. Quando uma moeda perde valor frente ao dólar ou outras divisas fortes, o mercado está, na prática, precificando riscos fiscais, monetários, políticos ou institucionais daquela economia.
Moedas mais fracas tendem a sinalizar problemas como inflação persistente, desequilíbrio nas contas públicas, baixas reservas internacionais ou instabilidade política. Esses fatores geram incerteza para investidores e aumentam a percepção de risco, o que acaba provocando fuga de capitais e amplificando o movimento de desvalorização.
Além de um sinal de alerta, a desvalorização tem impactos diretos e visíveis. Os produtos importados ficam mais caros, pressionando a inflação interna. Empresas que dependem de insumos ou componentes estrangeiros enfrentam aumento de custos, e consumidores perdem poder de compra internacional.
O ambiente também se torna menos previsível para investimentos, especialmente em setores que operam com margens apertadas ou com exposição cambial elevada.
Por outro lado, uma moeda mais fraca pode favorecer as exportações, ao tornar os produtos nacionais mais competitivos no exterior. Isso pode gerar ganho de participação comercial e impulsionar a indústria exportadora.
No entanto, esse benefício só é sustentável se vier acompanhado de estabilidade macroeconômica e produtividade, caso contrário, os ganhos de curto prazo são anulados por pressões inflacionárias e desequilíbrio estrutural.
Em resumo, a desvalorização cambial é tanto um sintoma quanto um agente de mudança. Ela revela fragilidades internas, mas também pode abrir janelas de oportunidade para ajustes e reformas que fortaleçam a economia no médio e longo prazo.
Impactos para investidores e empresas
A desvalorização de uma moeda provoca efeitos imediatos sobre o mercado financeiro, a atividade empresarial e até o dia a dia dos consumidores. Para diferentes perfis, investidores estrangeiros, exportadores, importadores ou viajantes, as consequências variam, exigindo estratégias específicas de adaptação.
Em um cenário como o de 2025, marcado por forte volatilidade e desvalorização em diversas economias emergentes, entender esses impactos é essencial para adaptar estratégias e proteger o patrimônio.
Investidores estrangeiros perdem retorno em dólar
Para quem aplica recursos no Brasil vindo do exterior, a queda do real reduz o retorno efetivo em dólares. Mesmo que o investimento em ações, títulos públicos ou fundos tenha um bom desempenho em reais, a conversão para a moeda forte pode anular ou até inverter o ganho.
Esse risco cambial é um dos principais fatores levados em conta na hora de decidir onde alocar capital. Quando a moeda de um país mostra tendência de enfraquecimento, o investidor global tende a reduzir sua exposição, o que retroalimenta o ciclo de desvalorização.
Exportadoras ganham competitividade internacional
Por outro lado, empresas brasileiras que atuam no mercado externo tendem a se beneficiar da desvalorização do real. Com a moeda nacional mais fraca, os produtos e serviços do Brasil ficam relativamente mais baratos para compradores estrangeiros, o que aumenta a competitividade das exportações.
Setores como agronegócio, mineração, papel e celulose, e siderurgia costumam ser os principais beneficiados em ciclos de câmbio depreciado, uma vez que parte significativa de sua receita é dolarizada.
Importadoras e viajantes pagam mais caro
A desvalorização do real encarece os produtos importados, impactando diretamente empresas que dependem de insumos ou equipamentos adquiridos no exterior. Isso pressiona custos, reduz margens de lucro e pode forçar repasses ao consumidor final, alimentando a inflação.
O mesmo vale para quem planeja viajar para fora do país: passagens, hospedagens, compras e até serviços contratados em dólar ou euro ficam significativamente mais caros, exigindo maior planejamento e contenção de gastos.
Conclusão
O ano de 2025 deixou claro que a desvalorização cambial continua sendo um dos principais termômetros da confiança dos mercados em relação à saúde econômica dos países. A perda de valor de diversas moedas frente ao dólar refletiu um cenário global desafiador, com juros elevados, tensões geopolíticas e incertezas fiscais.
Mesmo entre economias emergentes, o desempenho do real brasileiro foi particularmente negativo. A combinação de risco fiscal elevado, saída de capital estrangeiro e dúvidas sobre a condução da política monetária colocou o Brasil na liderança do ranking de moedas mais desvalorizadas no ano.
Para o investidor atento, acompanhar o comportamento do câmbio vai além da taxa do dia: trata-se de entender os fundamentos econômicos, antecipar movimentos do mercado e ajustar a estratégia conforme o ambiente macro. A oscilação de uma moeda é, muitas vezes, o reflexo mais direto da percepção de risco que um país transmite ao mundo.
Para aprofundar seu conhecimento sobre o impacto da desvalorização cambial na economia e nos investimentos, entender sobre variação cambial ajuda a identificar riscos, proteger o patrimônio e aproveitar oportunidades em cenários voláteis.
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