Para Votorantim, há, sim, como gerar lucro e manter floresta em pé

A exploração de recursos naturais por meio do desmatamento se tornou ponto de embate entre o governo Bolsonaro, ONGs e governos estrangeiros. Para a Votorantim, no entanto, é possível, sim, gerar lucro e manter a floresta em pé, em meio a uma crescente da busca por políticas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança).

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Por meio da gestora de ativos ambientais Reservas Votorantim, a companhia busca gerar lucro e impacto social em florestas espalhadas pelo Brasil, prevê atingir o breakeven de seu principal local em dois anos, ofertando produtos naturais desenvolvidos a partir de ativos da reserva, ecoturismo, entre outros.

O projeto conta com o Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do País, localizada no Vale do Ribeira, em São Paulo, com 31 mil hectares; e o Legado Verdes do Cerrado, com 32 mil hectares, em Goiás.

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“Somos uma empresa que tem o desafio de ser uma gestora de ativos territoriais e estamos nos reposicionando para oferecer soluções baseadas na natureza”, conta David Canassa, diretor da Reservas Votorantim.

Na reserva em São Paulo, por exemplo, quatro empresas do grupo Votorantim (Companhia Brasileira de Alumínio, Nexa, Votorantim Cimentos e Votorantim Energia) se uniram, em 2012, para começar um projeto de gerenciamento do território que tinha custos em alta e quase nenhuma utilidade para o negócio. O investimento foi de R$ 35 milhões.

“Começamos a fazer uma análise do que fazer com esses territórios. Assim, saiu essa solução que foi criar o projeto reservas, onde o conceito básico é que no mesmo hectare ocorreram vários negócios dentro deles e teríamos oportunidade de gerar receita para manter esse território”, afirma Canassa.

Dentro do Legado das Águas, por exemplo, que serve como local teste para a gestão, há diversas fontes de receita já exploradas pela companhia.

A primeira é o turismo. Apesar de altamente impactada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), a vertente busca atrair pessoas a explorar o local, em meio a passeios entre cachoeiras, rios e animais selvagens.

“Também podemos utilizar o local para palcos de filmagem, para reality shows, locais que você pode alugar para desfile, ensaio fotográfico. O turismo fica mais visível, mas pegamos todas as cadeias com o uso da cena do local”, disse o gestor.

A segunda vertente de negócios é o que a Votorantim chama de centro de biodiversidade. É, na realidade, um viveiro de plantas nativas que servem projetos de paisagismo sustentável e também para compensação ambiental.

“Hoje somos parceiros de grandes empresas imobiliárias e no provemos projetos paisagistas, que virou um belo negócio em São Paulo. A segunda parte é para compensação ambiental, com termos de compromisso, que exigem o reflorestamento”, afirma David Canassa. Há também patrocínios de empresas parceiras que ajudam a manter o local.

Agora, a Reservas Votorantim pensa também em comercializar estoque de carbono e o a chamada “bioprospecção”, berço de pesquisa para novos produtos que utilizem o legado ambiental da reserva como ativos.

“Nós buscamos na floresta produtos para novas possibilidades. Alguns deles são perfumes derivados da Mata Atlântica. Procuramos na biodiversidade uma planta com características de cheiro e gosto importante e vemos se eles podem se tornar um cosmético de maior valor agregado”, disse o diretor.

De acordo com David Canassa, o projeto já seria lucrativo não fosse a queda do turismo produto da pandemia, dado que o local ficou fechado por sete meses. Agora, em dois ou três anos o Legado das Águas deve operar no azul, segundo previsão.

Já o ativo do Cerrado, por exemplo, é superavitário graças a maior diversidade de receita. “Lá temos uma operação integrada com o agronegócio. Dos 32 hectares, uma pequena parte tem uma operação de soja e gado que não é convencional, temos um trabalho com menor impacto possível e dentro desse espírito nós acreditamos em fazer tudo”, disse.

Segundo o gestor, a iniciativa da Votorantim deve se tornar referência no País em relação a exploração consciente e da geração de lucro com a floresta em pé, atrativo ESG às companhias.

“O Legado é um exemplo, sim. A ideia é que, desde o início, é como estamos fazendo pode ser copiado. A floresta é um ativo e esse ativo pode fazer parte de qualquer negócio”, afirmou.

“A iniciativa privada pode fazer a diferença quando olha de maneira integrada em todos os aspectos do negócio, com impactos positivos à sociedade”, disse o diretor da Reservas Votorantim.

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Vinicius Pereira

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