Voltz, fintech sob guarda-chuva da Energisa (ENGI11), quer criar marketplace de produtos financeiros

Criada para curar uma dor dos clientes da elétrica centenária Energisa (ENGI11), a fintech Voltz quer ir além. No mercado financeiro, existe um lago de clientes e fornecedores e, mais adiante, um oceano habitado por peixes grandes. Um metro cúbico de cada vez, é lá que a Voltz anseia nadar.

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A despeito da revolução tecnológica em curso, uma entrevista qualitativa com mais de 800 clientes do Grupo Energisa indicou que dois terços ainda pagavam a conta de luz em dinheiro, na lotérica.

O comportamento não era o ideal para a companhia, que deveria pagar fees mais elevados e arcar com uma espera de dois dias. E também não era um bom negócio para  o cliente, que tinha de sair de casa. A ideia, então, foi simplificar, impulso para a criação da Voltz.

A conclusão da pesquisa foi: a maioria dos consumidores possuía smartphones, com algum acesso a internet, e utilizava plataformas como o WhatsApp, mas não usava nenhum serviço financeiro, mesmo com o hardware em mãos. Havia espaço para um software.

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O ecossistema da Energisa conta hoje com 18 mil colaboradores e 22 mil fornecedores, com os quais a elétrica desembolsa R$ 5,5 bilhões por ano, sem falar da compra de energia de geradoras. Soma-se a isso quase 8 milhões de clientes.

O CEO Ricardo Botelho viu uma oportunidade e, no início de 2020, pôs-se a procura de quem poderia colocar de pé uma solução. “Quando ele me chamou para fazer a primeira entrevista, confesso ter ficado um pouco cético”, contou Tiago Compagnoni, cofundador da Voltz, ao SUNO Notícias. “Em meia hora de conversa, pensei: essa é uma oportunidade que não posso deixar passar. Tenho que conseguir.”

Compagnoni apertou a mão de Botelho e fechou contrato para lançar a fintech ao lado de Daniel Orlean, com quem divide o posto de CEO.

Hoje, a startup oferece um serviço de adiantamento de fornecedores, cuja carteira já superou R$ 100 milhões e possui um aplicativo para pessoa física, que permite o pagamento de contas e boletos. A abertura de uma conta demanda um documento. Leva em média três minutos.

Uma das apostas da Voltz é uma campanha de desconto de 10% (limitado a R$ 20,00) na conta da energia para quem pagá-la com o Pix. A economia para empresa-mãe é alta. Ao longo do ano, há um potencial de economizar de R$ 60 milhões a R$ 70 milhões com a migração do boleto.

“Temos o próprio resultado da Voltz e a economia ao grupo. Tentamos sempre andar com os dois objetivos atrelados”, disse Tiago Compagnoni.

Choque de culturas

A Energisa poderia ter criado um departamento dentro da companhia, procurado uma startup no mercado para comprar ou investir em uma empresa do segmento. No entanto, a elétrica escolheu um modelo diferente: um processo interno de venture building.

“Temos o melhor e o pior de uma startup e de uma empresa grande,” brincou Compagnoni. “Somos privilegiados de possuir um ecossistema inteiro para trabalhar em cima e, ao mesmo tempo, temos a mobilidade e agilidade.”

A Voltz não pode atirar para todos os lados. Existia um projeto, o qual precisaria se tornar uma realidade. Como empresa-mãe, a Energisa quer resultados. “Nenhum dos lados é fácil”, ponderou o co-CEO.

Outro ponto é o financeiro, o qual a fintech não pode divulgar. Empresa de capital aberto, a Energisa responde à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à B3 (B3SA3). A startup disse que vai alinhar com o departamento de relações com investidores da elétrica para divulgá-los de uma forma organizada até o final do ano.

Do aquário ao oceano

A Voltz tem uma estratégia dividida em três caixinhas: o aquário, o lado e o oceano. O primeiro diz respeito aos colaboradores da Energisa, enquanto o segundo consiste na área de atuação da distribuidora. O último abrange o Brasil como um todo.

No primeiro nível, a startup pretende lançar produtos ligados à folha de pagamento, como adiantamento de salário e crédito consignado, para depois levar a ideia para outras empresas em uma conta PJ, que deverá concatenar o controle do adiantamento.

Para o segundo semestre, a fintech planeja lançar um serviço de crédito voltado a pessoas físicas. Se companhias do segmento dependem de dados públicos de birôs e do Banco Central (BC), a Voltz tem uma vantagem: sabe em detalhes o comportamento do cliente na hora de pagar a conta.

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Um dos produtos em desenvolvimento é o parcelamento da conta de energia. “O inadimplente, que está sujeitos a cortes, sofre. É ruim para a Energisa, pior ainda ao cliente,” disse Compagnoni. A companhia “tem um custo para fazer o corte. Às vezes, o que o cliente está devendo é um valor muito próximo”.

O parcelamento é um ganha-ganha. No futuro, o benefício deve ser estendido a qualquer cliente.

A startup também negocia com parceiros do mercado para estruturar uma oferta de crédito.

“Sabemos que não vamos criar tudo do zero. Temos a oportunidade, dentro do aplicativo, do que fizer sentido para criar um marketplace de serviços financeiros“, explicou o co-CEO. O plano “ainda incipiente” é avançar — via parcerias — sobre áreas como seguros e investimentos, além do crédito.

A Voltz quer expandir, porém antes quer ganhar segurança e inteligência de mercado. “Isso não será feito amanhã (…), mas estamos com o roadmap desenhado.”

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Arthur Guimarães

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