Vale doará R$ 100 mil a cada família de vítima fatal; mortes sobem a 65

O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale S.A. (VALE3), Luciano Siani, anunciou que a companhia fará uma doação emergencial de R$ 100 mil para cada família de vítima fatal da tragédia de Brumadinho.

Siani fez o anúncio durante uma coletiva de Imprensa na segunda-feira (28). A entrevista ocorreu no Rio de Janeiro. A doação é uma das medidas que a Vale vem tomando a fim de minimizar os prejuízos causados pelo colapso da barragem da mina Córrego do Feijão, na última sexta-feira (25).

Com o rompimento da barragem, 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos foram liberados principalmente na área administrativa da Vale.

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De acordo com o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais, são:

  • 65 mortes, das quais 35 pessoas foram identificados;
  • 279 pessoas permanecem desaparecidas;
  • 192 pessoas resgatadas com vida.

Durante a entrevista, o diretor-executivo da Vale apontou outras medidas que a empresa irá tomar:

  1. A Vale fará uma doação emergencial no valor de R$ 100 mil para cada família de vítima fatal da tragédia. As doações serão feitas a partir desta terça-feira (30).
  2. A companhia vai manter a compensação financeira de recursos minerais para o município de Brumadinho. Assim, a cidade não perderá arrecadação em virtude da paralisação das atividades da Vale.
  3. Uma equipe de psicólogos do Hospital Israelita Albert Einstein foi contratada. A especialidade do grupo é o tratamento de vítimas de catástrofes.
  4. O Rio Paraopeba receberá uma cortina de contenção da empresa. Assim, a cortina deverá impedir que o rejeito afete a captação de água da cidade de Pará de Minas.

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Doação emergencial

O diretor-executivo da Vale, Luciano Siani, disse na coletiva de Imprensa que a doação de R$ 100 mil para cada família de vítima fatal tem o intuito de “minorar essa incerteza de curto prazo com relação ao ganha-pão das famílias – muitos chefes de família foram vitimados na tragédia”.

Siani descartou a hipótese da doação funcionar como uma indenização.

“É uma doação imediata para cada família que perdeu um ente querido. Isso não tem nada que ver com indenização. Indenização nós sabemos que são valores muito maiores, precisam ser obviamente conversados com as famílias, com as autoridades, com o Ministério Público”.

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Arrecadação em Brumadinho

“Nós temos plena consciência do impacto econômico e do estresse que a situação vem causando sobre os serviços públicos de Brumadinho”, afirmou o diretor-executivo da Vale acerca dos efeitos da tragédia na arrecadação de tributos em Brumadinho.

“Nós estamos anunciando que vamos manter o pagamento da compensação financeira de recursos minerais, os royalties da mineração, para o município de Brumadinho por tempo indeterminado. Assim não prejudica a arrecadação do município”, declarou Siani.

“O município arrecadou cerca de R$ 140 milhões em 2018, e mais de 60% disso são royalties da mineração. Esse valor muda com o preço do minério de ferro, mas o que importa é que a Vale vai continuar compensando o município por conta da falta desses recursos, já que a produção foi paralisada”, garantiu.

Segundo Siani, um “cálculo na ponta do lápis” será feito para pagar “aquilo que for devido”.

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Pará de Minas e rio Paraopeba

Um dia após o rompimento da barragem na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, já era possível notar a cor marrom no rio Paraopeba. O tom amarronzado indicava que a onda de rejeitos havia atingido o manancial.

Luciano Siani destacou à Imprensa a preocupação da Vale com o abastecimento da cidade de Pará de Minas.

Segundo Siani, a companhia construirá o que ele chamou de “membrana de contenção de rejeitos próximo à cidade de Pará de Minas“.

“A cidade está a cerca de 40 quilômetros (km) de onde, hoje, a lama se encontra. A lama percorreu cerca de 75 km desde o momento do acidente. Ela está se deslocando a aproximadamente 1 km/h”, contou Siani.

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“[A membrana de contenção] é uma solução comprovada e testada já para reter esses coloides – partículas muito grossas – e permitir a continuidade da captação de água. Nosso objetivo é que não haja nenhuma ruptura nas cidades a jusante do Rio Paraopeba“.

“Temos também equipes da Samarco, que infelizmente tiveram experiência, lá em Mariana, com esse tipo de construção de diques de contenção percorrendo todo o rio em conjunto com as equipes da Vale […], para garantir a contenção absoluta desse rejeito, para que ele não prejudique ainda mais o meio ambiente”, completou Siani.

Amanda Gushiken

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