Vale (VALE3): É hora da virada? Confira a projeção dos analistas para o resultado do terceiro trimestre

Previsto para ser divulgado nesta quinta-feira (26), depois do fechamento do mercado, o resultado do terceiro trimestre da Vale (VALE3) deve refletir um cenário de recuperação para a mineradora, impulsionada por fatores como sazonalidade e preços mais atrativos para o minério de ferro.

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No segundo trimestre de 2023, a Vale (VALE3) reportou um lucro líquido de US$ 892 milhões, queda de 78% sobre igual período de 2022, quando obteve US$ 4,093 bilhões.

Em relatório, a Genial Investimentos pontuou que para o cenário projetado para o 3T23 da Vale há uma forte perspectiva de recuperação para a mineradora, impulsionada por fatores positivos, como:

  • sazonalidade natural, com precipitações reduzidas, possibilitando o aumento da produção;
  • preço do minério 62% Fe, que continua resiliente, e com efeitos positivos dos provisionamentos, apesar das condições desafiadoras na China.

Além disso, a casa acredita em uma evolução no desempenho da companhia em comparação com trimestres anteriores do ano, com destaque para a recuperação nas vendas da Vale – especialmente pelas interrupções temporárias de embarques durante o 1º semestre de 2023, que levaram ao aumento nos estoques e agora no terceiro trimestre estão sendo revertidos.

“Nossa análise é de que o processo de desestocagem no 3T23 levou a um aumento atípico de vendas de minério de ferro. Antes da divulgação de ontem, nossa estimativa era de 7,5Mt, ou 20% do total do estoque acumulado. Reforçamos que é difícil ter uma noção precisa desse número diante da falta de abertura de dados que a Vale disponibiliza sobre o estoque”, acrescentou.

A Genial projeta um lucro líquido de R$ 2,638 bilhões para a Vale no terceiro trimestre, com queda de 41,2% na base anual, mas 84,7% maior em comparação com o 2T23.

Já a receita líquida da Vale deve ser de R$ 10,732 bilhões, 7,8% acima da registrada no 3T22, e 11,4% superior ao reportado no 2T23. Já o Ebitda ajustado da Vale deve ficar em R$ 3,466 bilhões, alta de 18,7% na base anual e de 11,6% na base trimestral.

Itaú BBA estima queda no Ebitda da Vale no 3T23; veja motivos

O Itaú BBA espera que o Ebitda da Vale melhore 10% em relação ao trimestre anterior com resultados mais fortes na divisão de ‘Ferrosos’: “Maiores volumes e preços realizados mais do que compensaram custos ligeiramente mais elevados”.

Por outro lado, o banco estima uma queda sequencial de 34% no Ebitda da divisão de ‘Metais Básicos’, para US$ 314 milhões, “à medida que os preços mais baixos e os custos mais elevados do níquel mais do que compensaram os maiores volumes de cobre”.

O Itaú estima um Ebitda consolidado da Vale de US$ 4,6 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 14,4% frente ao mesmo período do ano anterior. Já a receita líquida da mineradora deve ser de US$ 10,8 bilhões, aumento de 9,1% em relação ao mesmo período de 2022.

Vale: baixo desempenho operacional da empresa ficou para trás, diz BTG

Já os analistas do BTG Pactual estão mais confiantes de que o baixo desempenho operacional da empresa ficou para trás e que a produção e o desempenho de custos devem continuar a melhorar gradualmente.

“A Vale também continua sendo um dos nossos nomes preferidos para exposição à reaceleração da economia chinesa, à medida que o governo se esforça para atingir sua meta de crescimento de aproximadamente 5% para o ano”, disse o banco.

Para o BTG, a empresa pode devolver rendimentos de cerca de 12-13% aos acionistas na forma de dividendos/recompras em 2024.

Para o terceiro trimestre, segundo o BTG (que calcula os dados da mineradora em reais), o lucro líquido da Vale deve chegar a R$ 12,8 bilhões (US$ 2,5 bi), abaixo do consenso de R$ 13,3 bilhões (US$ 2,7 bi). No mesmo período do ano passado, a mineradora havia registrado US$ 4,45 bilhões no indicador (cerca de R$ 23 bilhões).

Além disso, para o terceiro trimestre deste ano, o BTG projeta que a receita líquida da Vale chegue a R$ 52,2 bilhões (US$ 10,4 bi), abaixo do consenso de R$ 54,1 bilhões (US$ 10,8 bi). No mesmo período do ano passado, a Vale havia registrado US$ 9,929 bilhões no indicador (cerca de R$ 52 bilhões).

Já em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda da Vale, o BTG espera que o indicador chegue a R$ 22,6 bilhões (US$ 4,5 bi), abaixo do consenso de R$ 23,9 bilhões (US$ 4,7 bi). No mesmo período de 2022, o Ebitda da Vale havia chegado a US$ 4,002 bilhões (cerca de R$ 21 bilhões).

Goldman Sachs destaca ‘fraqueza’ da Vale em metais básicos

Após a divulgação do relatório de produção e vendas da Vale, o Goldman Sachs disse acreditar que o momento operacional da Vale deve ser positivo para metais, após atingir o ‘fundo do poço no 1T23’, mas o ritmo deve ser muito gradual.

O Goldman reduziu as projeções de Ebitda da Vale no 3T23 de US$ 4,7 bilhões para US$ 4,5 bilhões, explicado principalmente “por volumes de vendas mais fracos do que o esperado em ferrosos e metais básicos”.

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Vale (VALE3): produção de minério de ferro cai 4% no 3T23, para 86,24 milhões de toneladas

No último dia 17 de outubro, a Vale reportou que sua produção de minério de ferro sofreu uma redução de 4% no terceiro trimestre de 2023, o 3T23, na comparação anual, totalizando 86,238 milhões de toneladas.

A queda na produção da Vale ocorreu, segundo a Vale, com a menor produção de minério bruto (ou run-of mine no jargão técnico) do complexo de Paraopeba e à menor produção de Serra Norte.

De acordo com a empresa, a qualidade geral melhorou com o teor de ferro aumentando 87 pontos base ano a ano, resultado da maior produção no S11D (mina de Carajás) e da maior produção de partículas finas (ou pellet feed) de Brucutu com o comissionamento da barragem de Torto, aumentando a produção de pelotas em 11% ano a ano.

As vendas atingiram 69,7 milhões de toneladas, aumento de 6,6% ante igual período do ano passado e de 10% na comparação sequencial. As vendas de finos e pelotas de minério de ferro aumentaram 4,4 milhões de toneladas na comparação anual, com a venda de estoques do primeiro semestre e aproveitando as condições favoráveis do mercado.

A produção do Sistema Sul diminuiu 2,6 milhões de toneladas, principalmente devido à menor produção de ROM e às vendas do Complexo Paraopeba, além da parada temporária das operações de Viga devido à manutenção pontual do rejeitoduto.

Produção de pelotas sobe

produção de pelotas foi de 9,17 milhões de toneladas, aumento de 11% na comparação anual, impulsionada por um aumento no fornecimento de pellet feed de Brucutu e Itabira. Na comparação com o trimestre anterior, o avanço foi de 0,7%.

Em agosto, a Vale iniciou os testes de comissionamento da primeira de duas plantas de briquete de minério de ferro em Tubarão. Após o ramp-up, a capacidade combinada atingirá 6 milhões de toneladas por ano.

As vendas do pelotas somaram 8,6 milhões de toneladas no terceiro trimestre, aumento de 1,1% na comparação anual, mas recuo de 2,2% na sequencial.

O preço realizado de finos de minério de ferro foi de US$ 105,1 por tonelada, alta de 13,5% ante igual período do ano passado, incremento em grande parte atribuído a preços de referência mais altos de minério de ferro (US$ 10,7/t maior na comparação anual) e a um impacto positivo de ajustes de preços (US$ 2,1/t na comparação anual).

O preço realizado das pelotas, por sua vez, foi de US$ 161,2 a tonelada no trimestre, queda de 17% ante igual período do ano passado e suave avanço de 0,5% na comparação sequencial.

O prêmio all-in totalizou US$ 3,8 por tonelada, US$ 2,8 menor na comparação anual, principalmente devido aos menores prêmios de pelotas. Trimestre contra trimestre, o prêmio all-in foi ligeiramente menor, impulsionado por prêmios de mercado mais baixos, uma vez que as usinas siderúrgicas têm preferido finos de menor qualidade devido à redução nas margens de aço. Isso foi parcialmente compensado por um mix de vendas de portfólio de produtos superior, com uma participação maior dos volumes do Sistema Norte.

Vale: produção e vendas de cobre têm alta

produção de cobre aumentou 10% na comparação anual, principalmente devido ao contínuo lançamento de Salobo III, com o complexo de Salobo atingindo, em setembro, o maior nível de produção mensal desde julho de 2019.

As vendas de cobre aumentaram 8% no mesmo intervalo de tempo, seguindo os maiores volumes de produção.

Níquel: queda de 19%

A produção de níquel diminuiu 19% em base anual, em linha com o planejado, principalmente com a transição contínua de Voisey’s Bay para operações subterrâneas e manutenção adicional na refinaria de Sudbury (no Canadá) no terceiro trimestre.

As vendas de níquel da Vale diminuíram 12% no ano, em linha com a produção.

Atualização de guidance: produção de cobre

A Vale aproveitou a divulgação de sua prévia operacional do 3T23 para divulgar uma atualização de suas projeções para o ano de 2023.

A mineradora acredita que a produção total de cobre será entre 315 e 325 mil toneladas, números inferiores aos da projeção anterior, que projetava entre 335 e 370 mil toneladas neste ano.

As estimativas de produção de minério de ferro e níquel não foram alteradas.

A Vale espera produzir entre 310 e 320 milhões de toneladas de minério de ferro e entre 160 a 170 mil toneladas de níquel em 2023.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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