Decisão da Vale sobre barragens deve reduzir produção

O presidente-executivo da Vale S.A. (VALE3), Fabio Schvartsman, informou que a suspensão das atividades das minas perto das dez barragens a serem descomissionadas resultará na redução de produção de minério de ferro. A projeção é de menos 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano.

O anúncio foi feito em meio à coletiva de Imprensa na terça-feira (29). Em 2017, a Vale produziu 366,511 milhões de toneladas de minério de ferro.

Em paralelo, a mineradora terá de reduzir a produção em cerca de 10 milhões de toneladas de pelotas (pequenas bolinhas feitas a partir de minério de ferro fino, usadas na fabricação de aço).

A produção em 2017 contabilizou 50,3 milhões de toneladas de pelotas.

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A Vale produz:

  • minério de ferro;
  • carvão;
  • níquel;
  • cobre,
  • cobalto;
  • pelotas;
  • e outros metais.

Barragens descomissionadas

As barragens que serão descomissionadas são similares a de Mariana e de Brumadinho, e estão concentradas em Minas Gerais.

Descomissionar, informou o presidente da Vale, significa deixar de ser barragem. Ou seja, a área é esvaziada e/ou integrada ao meio ambiente.

As barragens a serem desligadas utilizam o método de alteamento a montante em sua estrutura.

Assim, apesar de serem comuns e possuírem baixo custo de implantação, especialistas consideram essa variedade de barragem menos segura, por conta dos riscos de acidentes.

O método de alteamento a montante é constituído pela construção de degraus, assim que a barragem enche. Sobre um dique predisposto.

“Depois que esse desastre aconteceu, não podemos mais conviver com esse tipo de barragem“, declarou o presidente da Vale, Fabio Schvartsman.

“Tomamos a decisão que foi referendada pelo conselho da companhia hoje. De eliminar, acabar com todas as barragens a montante, descomissionando todas elas com efeito imediato”, completou.

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Schvartsman explicou que existiam 19 barragens com a construção a montante, similar à barragem de Mariana e de Brumadinho. Contudo, nove das barragens já haviam sido “descomissionadas“, e restavam dez.

Em razão da inatividade dessas barragens, não havia recebimento de rejeitos de mineração.

A decisão anunciada por Schvartsman, então, é uma maneira de otimizar a eliminação das estruturas com alteamento a montante.

Com investimento de R$ 5 bilhões para a retirada das barragens, o descomissionamento deve levar cerca de três anos, conforme a Vale.

Segundo o presidente-executivo, existem laudos de auditorias recentes afirmando que todas as estruturas demonstram perfeita estabilidade. Todavia, a Vale resolveu “não aceitar apenas esses laudos e decidimos agir de outra maneira”.

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Tragédia de Brumadinho

O rompimento da barragem 1 da mina Córrego do Feijão no município de Brumadinho concentrou as atenções da esfera pública brasileira.

De propriedade da mineradora Vale, a liberação de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de lama, consequência do colapso da barragem, afetou a área administrativa e arredores da companhia. Dentre as vítimas estão moradores e funcionários.

Até o momento, foram confirmadas pela Defesa Civil de Minas Gerais:

  • 84 mortes;
  • 276 pessoas desaparecidas.

Há menos de quatro anos atrás, em 5 de novembro de 2015, o Brasil parava para assistir ao desastre de Mariana.

O rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, no município de Mariana, deixou 19 mortos e centenas de desabrigados.

A Samarco é uma joint-venture (empresa conjunta) controlada pela BHP Billiton e pela Vale.

Amanda Gushiken

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