Novo patamar para ações da Vale é perto dos R$ 40, diz Luiz Barsi

O megainvestidor Luiz Barsi diz que o mercado ainda não recebeu os reflexos da tragédia em Brumadinho (MG) em relação à Vale (VALE3) e que é preciso esperar novos desdobramentos do caso. No entanto, ele afirma que a Vale precisará encontrar um novo patamar para suas ações.

“A Vale vai ter que encontrar um novo mercado. Um novo patamar para ela eu acho que é ali por volta dos R$ 40, dos R$ 43″, declarou Barsi em entrevista ao canal do Youtube do investidor William Wohlers. “E depois vamos ver o que acontece, porque os acontecimentos ainda não pararam”. Para efeito de comparação, um dia antes da tragédia em Brumadinho, em 24 de janeiro, os papéis da companhia valiam R$ 56,15 na B3.

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Questionado se ele compraria os papéis da empresa caso eles descessem ao patamar dos R$ 38, Barsi foi enfático. “Não, não compraria, porque a diretoria da Vale suspendeu pagamento de dividendos, de um monte de coisa. Por que eu vou comprar papel que não vai me pagar dividendos?”, disse.

Luiz Barsi também afirmou que investidores de longo prazo – e não os especuladores – ainda não sentiram o reflexo do rompimento da barragem em Minas Gerais. Para ele, conforme novas informações da tragédia surgirem, o impacto será diferente.

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“Vai depender da natureza das penalidades que a Vale vai sofrer. Existe um primeiro movimento que é caracterizado pelos especuladores. Os investidores vão ver o que vai acontecer primeiro. Falar agora é loteria, precisa esperar os acontecimentos”, declarou. “Tem que refletir, analisar o mercado. Não dá pra fazer na base da emoção”.

A lista de penalidades sobre a Vale só aumenta desde que a barragem da mina Córrego do Feijão se rompeu na última sexta (25), na região periférica de Belo Horizonte. O número de mortos chegou a 65 na tarde desta terça (29) e ainda há 288 desaparecidos.

As penas e a repercussão negativa sobre a Vale

De lá para cá, as penas só aumentam:

  • 29/01: Escritórios dos Estados Unidos informam que pretendem abrir uma ação coletiva contra a mineradora brasileira;
  • 29/01: A mineradora anuncia que vai doar R$ 100 mil a cada família afetada;
  • 28/01: Fitch rebaixa a nota de crédito da mineradora de BBB+ para BBB-;
  • 28/01: ADRs da empresa caem 16% em Nova York;
  • 28/01: Vale perde R$ 71 bilhões em valor de mercado, o maior tombo num só dia na história da Bolsa brasileira;
  • 28/01: Investidores da Suécia e da Noruega dizem que devem retirar suas aplicações da Vale;
  • 27/01: Bloqueio à mineradora pela Justiça chega a R$ 11 bilhões. O valor representa 45% do que a mineradora possui em caixa
  • 27/01: AGU diz que multa aplicada à mineradora será só a primeira;
  • 26/01: Ibama multa a empresa em R$ 250 milhões;
  • 26/01: Ministério Público de MG pede o bloqueio de R$ 5 bilhões da Vale
  • 26/01: Agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a nota da mineradora sob observação, com possíveis implicações negativas;
  • 25/01: Ações da Vale na Bolsa de Nova York despencam logo após a tragédia.

Atualização: o texto foi atualizado para incluir a citação de que a entrevista foi concedida ao canal de YouTube de William Wohlers. O vídeo, que estava no canal do investidor, foi deletado.

Guilherme Caetano

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