Selic sobe mais uma vez nesta quarta (7); entenda os motivos e os impactos

A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, vai sofrer a sexta alta seguida nesta quarta-feira (7). O anúncio será realizado no fim da tarde, após o fechamento dos mercados, e os agentes estarão de olho não apenas no tamanho da alta, mas no comunicado que será emitido pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.

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A alta da Selic, na visão da maioria dos especialistas, tende a ser de meio ponto percentual, o que levará a taxa para 14,75% ao ano, o valor mais alto em quase 20 anos — desde julho de 2006, quando houve uma redução de meio ponto. Há analistas, no entanto, que projetam uma alta de 0,75 p.p., para 15%, e outros, em menor quantidade, que admitem uma elevação de 0,25 p.p..

Em qualquer um dos casos, o comunicado será importante porque ditará a tendência para os meses seguintes, especialmente depois que o Boletim Focus, termômetro do mercado, reduziu a projeção da Selic no fim do ano para 14,75%. Assim, se esse valor for atingido já na decisão desta quarta, a tendência seria de estabilidade até o fim do ano. Se passar disso, o ciclo de aperto pode se encerrar antes do fim do ano.

“Ainda estou mais pessimista do que a média, porque as expectativas de inflação estão muito desancoradas, o mercado de trabalho segue resiliente e as discussões sobre o risco fiscal devem voltar com mais força no fim do ano”, afirmou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. Ele ainda projeta uma Selic a 15,25% no fim do ano.

“Mesmo após sucessivas altas de juros, a percepção de risco fiscal e a incerteza quanto ao cumprimento das metas do novo arcabouço fiscal contribuem para uma desconfiança do mercado”, explica Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos. Essa desconfiança leva o Copom a precisar manter os juros elevados.

Ele destaca que o IPCA acumulado dos últimos 12 meses está em 5,48%, bem acima da meta anualizada de 3% e superior à margem de tolerância, de 4,5%. “Além disso, o Boletim Focus ainda aponta que as expectativas para a inflação de 2025 e 2026 continuam acima da meta.

Selic em alta: como isso impacta os investimentos? 

De modo geral, o mercado de renda fixa se torna mais atraente à medida que os juros sobem, já que a elevação da Selic torna o custo de oportunidade mais alto para o investimento em ações e outros ativos de renda variável, com fundos imobiliários. 

“Especialmente para setores sensíveis a juros, como varejo e construção civil. E se a alta for interpretada como um movimento necessário diante de desequilíbrios fiscais e desconfiança com a política econômica, pode haver mais aversão ao risco e migração para ativos considerados mais seguros”, completa Jeff Patzlaff. 

O impacto real, contudo, dependerá também do tom do comunicado do Copom, para o especialista: se o comitê do BC sinalizar um ciclo de aperto adicional, o mercado pode reagir com mais cautela. Se a alta vier acompanhada de tom mais brando, indicando fim do ciclo de alta, a reação pode ser menos negativa.

Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital, recomenda cautela, sem aventuras e movimentos bruscos. “Os ativos de renda fixa pós-fixados são as alternativas mais vantajosas para quem quer investir no curto e médio prazo. Os investidores que podem esperar mais e não têm necessidade de usar o recurso podem aproveitar a abertura das taxas pré-fixadas e assim travar uma taxa alta por mais tempo, mesmo quando a Selic começar a cair”, explica.

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Fernando Cesarotti

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