Mulheres investidoras: dos 45 a 60 anos, é hora de tomar uma atitude

Quando as mulheres estão entre os 45 e 60 anos de idade, não dá mais para adiar. Quem ainda não se preparou para a aposentadoria deve começar a se preocupar com isso, afinal, o momento de reduzir o ritmo de trabalho se aproxima. A boa notícia é que as mulheres investidoras que despertam para os investimentos durante esta faixa etária ainda têm tempo de correr atrás do prejuízo.

 

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De acordo com especialistas, se a mulher tem renda, ela deve sim começar a investir. “Neste momento, ou vai ou racha, a mulher tem que fazer seu pé de meia ou a coisa vai ficar complicada lá na frente”, diz a educadora financeira, Silvia Alambert Hala.

O grande desafio é que as mulheres são mais cautelosas na hora de investir, e isso se acentua com o passar dos anos. Entre as mulheres de 45 a 60, apenas 25% têm alta tolerância ao risco, enquanto até os 29 anos esta tolerância é de 55%, segundo estudo do Credit Suisse.

Por outro lado, a vantagem desta faixa etária é que a mulher já é mais madura, sabe o que quer e pode dedicar mais tempo cuidado do seu dinheiro. Segundo o banco, neste momento muitas mulheres atingem sua maturidade como investidoras e estão mais interessadas em se envolver diretamente no seu dinheiro.

Para ajudar as investidoras brasileiras, o SUNO Notícias conversou com especialistas e preparou uma série de reportagens.

A seguir, confira a terceira reportagem da série, que traz orientações de investimentos para mulheres que têm entre 45 e 60 anos.

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Ela construiu seu patrimônio nesta faixa etária

Nem todas as pessoas que têm uma velhice confortável começaram a juntar dinheiro cedo. Este é o caso da empresária do setor de turismo Simonetta Occhionero, de 53 anos. Ela conta que, aos 42 anos de idade, não tinha nem R$ 1 guardado no banco, e não se preocupava muito com o futuro.

Mas tudo mudou quando ela sofreu um problema grave de saúde e começou a repensar a sua vida. “Eu levei um susto e fui me encontrar, fiz cursos de autoconhecimento para saber o que eu queria.”

Ela conta que estava disposta a “virar a vida de cabeça para baixo”, e percebeu que sua falta de autoestima no trabalho estava atrapalhando suas conquistas financeiras. 

Naquela época, ela decidiu continuar no ramo do turismo, e conseguiu negociar melhores pagamentos com o chefe. “Eu cobrei dele um aumento, e ele me deu. Depois eu pedi outro, e depois outro, e ele me deu. Eu ganhava 1% de comissão e hoje ganho 30%”, conta. “Durante muito tempo, me contentei com migalha, mas isso mudou.”

Empresária focou em quitinetes

Com a mudança de comportamento, veio o dinheiro. Perto de fazer os 44 anos, Simonetta comprou seu primeiro imóvel como investimento. Hoje, ela possui cinco apartamentos na capital paulista – incluindo o imóvel em que ela vive – e um terreno, no interior de São Paulo, onde vai construir uma casa de campo.

Ela pretende reduzir o ritmo de trabalho daqui a cerca de três anos, e a casa de campo é seu “sonho de velhice”. “Quero realizar meu sonho de ter uma casa para receber meus sobrinhos e amigos aos finais de semana”, diz.

Além disso, conta com recursos aplicados em renda fixa e em um fundo de previdência. Uma pequena parcela do dinheiro está aplicada em ações. “Só um pouco, porque meu dinheiro é muito suado para ficar exposto ao risco”, afirma.

Como não entende muito de economia ou finanças, Simonetta conta com um assessor de investimentos de sua confiança, que foi indicado por um amigo. “Eu não entendo muito sobre economia, mas sou intuitiva e presto atenção. O importante é a pessoa ter alguém de confiança que possa dar as orientações”, afirma.

Agora, o próximo passo de Simonetta será comprar mais um apartamento junto com as sobrinhas. “Estou de olho em um estúdio de 28 metros quadrados”, conta. Sua preferência por quitinetes se explica pelo baixo custo do condomínio, em caso de vacância. Mesmo assim, ela destaca que nunca ficou com um imóvel desalugado. Vale destacar que ela comprou todos os imóveis à vista.

Veja a primeira reportagem da série Mulheres Investidoras Investimentos para mulheres: 20 a 30 anos é melhor idade para começar

Momento de aumentar patrimônio das mulheres investidoras

A história de Simonetta mostra que esta idade é uma boa hora para aumentar o patrimônio. Segundo a planejadora financeira Myrian Lund, a mulher deve sempre focar em obter ganho real (acima da inflação) com seus investimentos.

As mulheres investidoras que não têm dinheiro para comprar imóveis ou fazer grandes aportes pode começar com valores menores. O importante é começar.

De acordo com Myrian, que é professora da FGV, uma opção é investir em renda fixa que renda IPCA mais um cupom de 3% a 4% ao ano, isento de Imposto de Renda. Este é o caso de ativos como debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) ou Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA), com investimentos a partir de R$ 1 mil.

“É possível montar uma carteira com vencimentos diferenciados, gerando um fluxo de caixa anual para a investidora”, afirma Myrian. Se a investidora permanecer com o título até o vencimento, vai receber o valor acordado. O único risco de perder dinheiro é se decidir vender antes do prazo de vencimento.

Por isso, antes de alocar o recurso em aplicações de longo prazo, qualquer pessoa deve primeiro montar uma reserva de emergência que cubra as despesas por 6 a 12 meses. Esta reserva deve ficar aplicada em ativos fáceis de resgatar, ou seja, com boa liquidez (exemplo Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária).

Além dos títulos atrelados ao IPCA, outras alternativas são fundos imobiliários e fundos de ações:

Fundos imobiliários

Os fundos imobiliários (FII) garantem uma renda mensal que pode ser reaplicada. Além de garantir geração de renda mensal, esta modalidade de investimentos tem isenção de imposto de renda sobre os rendimentos distribuídos.

De acordo com Myrian, a investidora recebe aproximadamente 6% ao ano. O patrimônio, por ter lastro em imóveis, pode valorizar ou desvalorizar no dia a dia (volatilidade), mas com tendência de crescimento equivalente à inflação.

Fundo de ações ativos

Outra opção é colocar um percentual pequeno em fundos de ações, de acordo com o  perfil de investidor (5%, 10%) e anualmente fazer rebalanceamentos. Ou seja, quando a fatia das ações se valorizar e passar do nível desejado (exemplo, chegando a 15% da carteira), as mulheres investidoras devem vender uma parte e aplicar em renda fixa.

Segundo a fundadora da assessoria de investimentos Oslo Wealth Investments, Glaucia Vidal, uma boa opção é montar uma carteira de ações que pagam dividendos. Assim, além de um rendimento isento de imposto, a investidora pode obter um ganho de capital se a ação se valorizar.

Além disso, as mulheres que trabalham com carteira assinada em empresas que oferecem fundos de previdência devem começar a fazer aportes maiores nestes fundos quando chegam aos 45 anos, acrescenta a educadora Silvia.

 

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Os maiores erros das mulheres investidoras nessa fase da vida

De acordo com as especialistas, o erro mais comum das mulheres investidoras é ficarem inibidas, passando o poder de decisão a outra pessoa. “Muitas mulheres se inibem e delegam ao esposo, ao irmão, e a carteira de investimentos fica estruturada de acordo com as convicções do homem, e não dela”, diz Gláucia.

Ela destaca, no entanto, que o comportamento feminino tem mudado. “Fico muito feliz ao ver filhas das clientes se interessando e interagindo com os investimentos.”

Ademais, outro erro comum, segundo Silvia, é a mulher abrir mão de realizar seus sonhos para realizar os projetos dos filhos, muitas vezes sem nenhum tipo de planejamento financeiro.

“A vergonha inconsciente de dizer “não” aos desejos dos filhos, junto com a falta de planejamento financeiro podem ser considerados os prorrogadores da liberdade financeira feminina”, alertou.

Já para Myrian, muitas mulheres ficam “conservadoras demais” por falta de conhecimento. No entanto, isso é tão nocivo quanto ser agressiva demais, porque ela perde oportunidades.

“Muitas vezes, o dinheiro fica aplicado em produtos que não protegem nem da inflação, como a poupança”, diz.

Veja a segunda reportagem da série Mulheres Investidoras Mulheres investidoras: Entre os 30 e 45 anos, desafios são maiores

Por que existem menos mulheres investidoras que homens?

O mercado financeiro sempre foi considerado um mercado extremamente masculino, e existem fatores históricos que explicam isso. Vale lembrar que até 1962 as mulheres só podiam ter uma conta bancária caso fosse permitido pelo pai ou pelo marido.

Ou seja, as mulheres tiveram muitos ganhos ao longo da história, mas ainda há muito mais a ser feito. Um exemplo é a defasagem salarial entre homens e mulheres. Por ganharem menos, as mulheres também têm menos dinheiro para investir.

Além disso, a cautela feminina muitas vezes impede as investidoras de tomarem decisões.

Mesmo assim, as mulheres têm avançado na bolsa de valores. Ao mesmo tempo, existem cada vez mais plataformas de investimentos e ferramentas de educação financeira. Segundo as especialistas, a propagação da educação financeira e o avanço da mulher no mercado de trabalho (com melhor remuneração) deve aumentar o número de investidoras mulheres com o passar do tempo.

Como diz o Credit Suisse no seu estudo sobre mulheres investidoras, “nunca é tarde demais”. “As investidoras podem agir em qualquer idade para fazer com que seu patrimônio funcione mais arduamente.”

(Colaborou Natalia Gómez)

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Rafaela La Regina

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