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Mulheres investidoras: Entre os 30 e 45 anos, desafios são maiores

Entre os 30 e 45 anos, muitas mulheres iniciam uma fase de novas responsabilidades, tanto na carreira quanto na vida pessoal, e isso deve se refletir na estratégia de investimentos. Para mulheres investidoras que decidem ter filhos neste período, focar em investimentos que geram renda é uma boa pedida.

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Já para aquelas que decidem não ser mães, focar no aumento do patrimônio pode dar bons frutos.

Além disso, este é um bom momento para as mulheres se prepararem para a aposentadoria, se beneficiando de investimentos de longo prazo.

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E o mais importante, mesmo para as mulheres que ainda não investem, é começar a cuidar do próprio dinheiro o quanto antes, fazendo um bom controle do orçamento.

Independente da situação familiar, todas as pessoas devem ter uma reserva de emergência que cubram pelo menos seis meses de despesas, para somente depois começar a investir em ativos de maior risco.

Com base em um estudo elaborado pelo banco Credit Suisse para mulheres de diferentes idades, o SUNO Notícias ouviu especialistas e investidoras para preparar uma série de reportagens com dicas para mulheres de diferentes faixas etárias que desejam investir.

A seguir, confira a segunda reportagem da série, que traz orientações de investimentos para mulheres que têm entre 30 e 45 anos.

Veja a primeira reportagem da série Mulheres Investidoras Investimentos para mulheres: 20 a 30 anos é melhor idade para começar

Mulheres investidoras com filhos têm mais desafios

Nesta faixa etária, muitas mulheres entram na fase do “ter” – ter filhos, ter relacionamentos, ter casa, ter carro, ter carreira. Ou seja, é uma fase de gastos elevados, mas, se forem disciplinadas, pode ser uma boa fase para acumulação de reservas.

Para as mulheres que desejam ter filhos, esta fase da vida pode reservar alguns desafios financeiros. Primeiro porque algumas podem optar por parar de trabalhar temporariamente para cuidar dos filhos.

Segundo porque muitas acabam sendo desligadas na volta da licença-maternidade ou pedem demissão por não conseguir conciliar as demandas.

De acordo com um estudo da FGV, após 24 meses, quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade está fora do mercado de trabalho brasileiro, um padrão que se perpetua inclusive 47 meses após a licença.

O problema é mais grave para mulheres de baixa escolaridade (51%) e cai entre mulheres com maior escolaridade (35%).

“A maior parte das saídas do mercado de trabalho se dá sem justa causa e por iniciativa do empregador”, diz o estudo da FGV.

Com este cenário, as especialistas em investimentos destacam a importância de planejar a maternidade com o máximo de antecedência possível.

Mesmo que a gravidez não tenha sido planejada, vale fazer um esforço durante a gestação para guardar dinheiro, segundo a sócia fundadora da Warren, Kelly Gusmão, mãe de dois filhos.

“A mulher tem que se planejar nesta fase. Mesmo que a gravidez seja um susto, tem que cortar gastos e planejar as despesas que vai ter com a criança. Não adianta querer ser super heroína e se colocar em uma cilada, pois ela corre o risco de se ver em uma situação extremamente difícil”, afirma.

Depois do nascimento dos filhos, o desafio continua, pois os gastos de quem tem uma família tendem a ser maiores. Mesmo assim, é importante ter disciplina.

“Isso força a rever gastos, a priorizar gastos importantes (como educação e saúde) e buscar alternativas para gastos variáveis (como passeios e restaurantes, por exemplo)”, afirma a professora Renata Ferreira, que coordena os cursos de gestão e negócios da Unidade Santo Amaro e professora das áreas de Economia e Finanças da Universidade São Judas Tadeu.

Segundo ela, é possível usar a criatividade para alguns tipos de gastos, priorizando o estar junto e economizando.

Investidora planejou maternidade por alguns anos

A investidora Lia Liserra, do Rio de Janeiro, é um bom exemplo de planejamento. Aos 37 anos, ela está planejando engravidar do seu primeiro filho em 2022.

No entanto, Lia começou a se planejar para a maternidade muito antes, por volta dos 33 anos de idade, quando intensificou seus investimentos.

“Decidi ser mãe há bastante tempo e comecei a investir de verdade”, conta a economista, que é sócia da Gap Asset.

Além disso, a economista planeja se casar em abril de 2021 e já pagou 50% das despesas da festa. Lia conta que gosta de investir em fundos de investimento, e tem cotas em fundos de ações e fundos multimercado.

Carteira de investimentos de mãe investidora

Para quem já tem dinheiro guardado, o Credit sugere montar uma carteira de investimentos focada em gerar renda.

“É importante para as mulheres gerarem renda regular a partir de seus investimentos para compensar uma potencial queda – ou suspensão – dos seus salários”, afirma o banco.

Para isso, as mulheres investidoras devem preferir investimentos que geram rendimentos previsíveis, como Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) e ações que pagam dividendos.

Além disso, o Credit recomenda que uma parte da carteira fique alocada em ações, pensando no longo prazo.

Produtos de renda fixa que paguem juros periódicos também fazem sentido na carteira da mãe investidora de 30 a 45 anos.

“Seria o caso de um Certificado de Recebível Imobiliário (CRI) ou uma debênture, por exemplo”, afirma Rebeca Nevares, fundadora da Ellas, que hoje é o braço feminino da Monte Bravo, assessoria de investimentos vinculada à XP.

Segundo ela, mulheres que não trabalham após a maternidade devem também ter uma parte da carteira com alta liquidez, ou seja, recursos que possam ser sacados a qualquer momento.

Mulheres investidoras sem filhos

Para mulheres que optam por não ter filhos ou seguem trabalhando em tempo integral, os especialistas dispensam a estratégia de geração de renda. Neste caso, é mais interessante buscar aumentar o patrimônio.

Segundo o Credit, uma boa forma de fazer isso é investindo em fundos de investimentos que investem em ações – como fundos de ações ou fundos multimercado.

“Esta á uma forma atrativa de ter ativos diversificados e geridos por profissionais.”

Para as mulheres investidoras que preferem cuidar diretamente do seu dinheiro, o Credit sugere investir em fundos de índice (ETFs).

De acordo com a porta-voz da Ellas, as mulheres com este perfil podem ter uma boa parte da carteira com exposição a risco.

Segundo ela, também é uma boa pedida investir em produtos internacionais, como BDRs ou fundos que investem no exterior.

De acordo com a professora Renata Ferreira, mulheres sem filhos devem garantir patrimônio para a manutenção do estilo de vida e seu sustento de forma independente, ainda mais porque não terão o apoio de filhos em caso de necessidade de cobertura de gastos futuros.

“O crescimento patrimonial para assegurar a independência financeira torna-se o principal objetivo, visando usufruir das conquistas ao longo da vida”, afirma a professora, que coordena os cursos de gestão e negócios da Unidade Santo Amaro e professora das áreas de Economia e Finanças da Universidade São Judas Tadeu.

Preocupação com aposentadoria deve ser grande

Além disso, quanto antes as mulheres começarem a pensar na aposentadoria, melhor.

Entre os 30 e 45 anos, as mulheres ainda têm uma boa tolerância ao risco, e podem aplicar em renda variável focando no longo prazo, o que dilui os riscos.

Segundo o Credit Suisse, o apetite ao risco varia conforme a faixa etária:

  • Entre 20 e 29 anos, 55% das investidoras mostraram alta tolerância ao risco.
  • Esta taxa cai para 30% nas mulheres entre 30 a 45 anos.
  • A fatia fica em apenas 25% na faixa de 45 a 60 anos.
  • Acima de 60 anos, cai para 23%.

Vale lembrar que as mulheres vivem sete anos a mais que os homens, em média, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A mulher precisa decidir se ela quer ser uma idosa sem condições ou se vai viver a sua velhice com o patrimônio que ela mesma construiu”, afirma Rebeca, que também é mãe.

Para as mulheres investidoras que têm filhos, a orientação é somente pensar em fazer aplicações para os filhos depois que a mulher tiver seus próprios investimentos em dia.

Embora as mães não sejam as únicas responsáveis pelos filhos, muitas vezes isso ocorre.

Segundo Kelly, da Warren, muitas mulheres se preocupam em fazer aplicações para os filhos em antes ter seu próprio futuro garantido.

“Isso não faz sentido, porque ser financeiramente independente é um presente que podemos dar para os nossos filhos quando chegarem na vida adulta”, destaca.

Controlando as despesas

Independentemente de formar ou não uma família, todas as mulheres desta faixa etária devem fazer um bom controle de gastos.

Controlar as despesas é importante desde primeiro momento que você começa a ganhar o seu dinheiro”.

“Não importa a idade, a partir do momento que você vai ganhando mais, você vai aportando mais também. Mas isso só é possível porque você controlar os gastos desde o início.

Segundo Rebeca, muitas mulheres passam a consumir mais quanto estão no ápice da carreira e começam a ganhar mais.

Frases como “eu mereço, trabalho tanto” ou “é só um presente para mim” podem ser uma forma de boicotar a sua independência financeira.

“É por isso que precisa ter a disciplina do investimento, e mais do que isso, um propósito para o investimento”.

Se você tem entre 30 e 45 anos e ainda não investe, ainda dá tempo. Segundo as especialistas, o segredo é procurar gastar menos do que ganha e começar a poupar, mesmo que seja uma quantidade pequena.

Afinal, o dinheiro que você tem é a sua fortuna, não importa o quanto seja.

Segundo a professora Renata, muitas mulheres primeiro mapeiam seus gastos e, se sobrar, canalizam para investimentos.

A atitude das mulheres investidoras tem que ser inversa: primeiro devem separar um percentual para investimentos e, na sequência, administrar os gastos com o valor restante. Essa mudança de atitude é fundamental para colocar o futuro como uma prioridade.

(Colaborou Natalia Gómez)

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Laura Moutinho

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