Lojas Renner (LREN3): banco recomenda as ações, de olho em cenário econômico favorável; veja análise
As Lojas Renner (LREN3) reportou um conjunto fraco de resultados operacionais na sua divisão de varejo no segundo trimestre de 2023 (2T23), avalia o BTG Pactual. No entanto, o banco projeta um segundo semestre com melhor desempenho e rentabilidade. A partir disso, os analistas recomendam a compra das ações.
“Depois de um primeiro semestre (1S23) fraco, quando os investidores repetidamente cortaram suas projeções para a Renner, as perspectivas para o segundo semestre parecem melhores, com sinais de demanda melhorando gradativamente nos últimos meses, inflação e juros e custos de matéria-prima mais baixos”, diz o BTG.
Neste segundo trimestre, a receita líquida de varejo da Renner foi de cerca de R$ 3 bilhões, com queda de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo a equipe do BTG, um dos motivos é que consumidores buscaram itens com ticket mais baixo e também efetuaram menos compras, apesar de um melhor desempenho em junho e julho em relação aos meses anteriores.
A margem bruta de varejo diminuiu 220 pontos base (bps) em relação ao ano anterior, chegando a 53,9%. A queda foi causada principalmente por maiores remarcações de preços. “Nos próximos trimestres, esperamos menores custos de matéria-prima, mais FX (mercado de câmbio) favorável e níveis de estoque normalizados para aumentar as margens”, projetam os analistas do BTG.
As despesas gerais, administrativas e de vendas (SG&A) cresceram em 3,4% em comparação anual, chegando a R$ 1 bilhão. O aumento, segundo o BTG, foi impulsionado em parte pelas despesas relacionadas a um centro de distribuição (CD) em Cabreúva, que contribuiu com 5% das despesas gerais e administrativas.
Com isso, o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do varejo (pós-IFRS16) foi de R$ 535 milhões, queda de 22% na base anual, com margem Ebitda de varejo em 17,9%, queda de 380bps na base anual.
Lojas Renner: provisões mais altas impactam Realize novamente, diz BTG
No segmento de financiamento ao consumo, a divisão da Renner registrou um prejuízo de R$ 54 milhões, abaixo das expectativas do BTG que eram de R$ 29 milhões.
No aspecto financeiro, as receitas de intermediação tiveram um crescimento de 15% em relação ao ano anterior, com um aumento de 22% nas rotações de marcas compartilhadas. No entanto, as provisões aumentaram consideravelmente, chegando a R$ 396 milhões, o que representa um aumento de 41% em comparação com o ano anterior.
No que diz respeito ao cartão co-branded Renner, as perdas líquidas atingiram 5,3% da carteira, uma queda em relação ao trimestre anterior de 5,8% e um aumento de 4,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. “ O resultado refletiu taxas de juros mais altas e uma política de crédito mais conservadora, o que significa renovação mais lenta de cortes de portfólio”, diz a equipe do BTG.
O Ebitda consolidado (pós-IFRS 16) foi de R$ 482 milhões, o que representou uma queda de 31% em relação ao ano anterior. A margem Ebitda também foi afetada, registrando uma diminuição de 600 pontos base em relação ao ano anterior.
BTG recomenda compra das ações
O BTG estima que o cenário macroeconômico para o segundo semestre seja mais favorável para Renner. Além disso, os analistas citam que a empresa planeja aumentar sua lucratividade através de iniciativas internas, como otimização de equipes de TI e redução de custos relacionados à migração de data centers.
“As preocupações estruturais dependem da competição de jogadores nativos digitais como Shein (especialmente considerando a importação isenção de impostos para plataformas transfronteiriças) e a rentabilidade muito menor no negócio de financiamento ao consumo vs. níveis históricos
Apesar desses desafios, dada a avaliação atrativa da Renner, com um múltiplo P/L (Preço/Lucro)de 12x para o ano de 2024, e considerando a perspectiva de melhoria gradual na rentabilidade, juntamente com uma posição de caixa líquida confortável, O BTG recomenda compra das ações, com preço-alvo de R$ 26.
Lojas Renner lucra R$ 230 mi no 2T23, recuo de 36%
A Lojas Renner apurou lucro líquido de R$ 230 milhões 2T23. O resultado foi 36% menor do que o visto no mesmo período de 2023. Segundo a companhia, a queda se deu em razão da “menor geração operacional dos segmentos de varejo e serviços financeiros”.
A companhia cita ainda a menor alíquota efetiva de IRCS, em função do reconhecimento de incentivos fiscais como subvenção para investimentos.
O Ebitda ajustado total da Lojas Renner ficou em R$ 482 milhões, com queda de 31% sobre o apresentado um ano antes. A companhia afirma no release de resultados da Lojas Renner que esse declínio se deu, também, essencialmente em função do menor desempenho dos segmentos de varejo e serviços financeiros.
A empresa diz que observou durante o trimestre, especialmente nos meses de abril e maio, um cenário mais desafiador de vendas. “Sobre o evento de Mães, foi alinhado à dinâmica geral do trimestre e com clientes buscando produtos com menores tíquetes e comprando menos itens por sacolas. O mês de junho, por sua vez, apresentou desempenho superior, com crescimento de peças ante o ano anterior”, escreve a gestão.
A receita líquida de varejo da Renner foi de cerca de R$ 3 bilhões, com queda de 6% sobre o apresentado no segundo trimestre de 2022. “O contexto macroeconômico ainda desafiador, com inflação acumulada, juros elevados e inadimplência pressionada, seguiu afetando o poder de compra e comportamento dos clientes. Esse impacto foi mais pronunciado nas lojas de perfil popular, que estão expostas a consumidores mais sensíveis a preço”, explica a empresa.
A Lojas Renner argumenta, porém, que a forte base de comparação do mesmo período do ano passado também influencia a queda. Há um ano, houve crescimento expressivo dos volumes de vendas, com alta de 40,6% ante o ano anterior, devido à combinação de demanda reprimida pós-pandemia e condições climáticas favoráveis para a venda da coleção de inverno, “cuja dinâmica foi diferente neste ano”, diz a varejista.