Como investir no exterior? Veja as 5 melhores maneiras

Investir no exterior é uma estratégia de diversificação importante e deve ser considerada por qualquer investidor. No entanto, o assunto costuma gerar dúvidas entre os brasileiros em função da complexidade e da quantidade de opções que existem.

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Mas analistas lembram que o momento atual é considerado uma boa janela para o investidor aportar recursos no exterior devido à queda do dólar, hoje na faixa dos R$ 4,70. Há também um novo benefício fiscal, que entrou em vigor em março. Trata-se do corte do corte gradual das alíquotas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no câmbio.

“Do lado do investidor, contar com uma alíquota de câmbio baixa ou próxima de zero é, sem dúvida interessante e beneficia aplicar em opções de investimentos internacionais. Hoje, a tarifa de IOF cobrada para remessa de mesma titularidade é de 1,10%, enquanto para aplicar em corretoras ou bancos internacionais é de 0,38%. C, cabe ainda informar que a redução também será aplicada para o IOF de compra de moeda estrangeira em espécie e cartão pré-pago, respectivamente em 1,10% e 6,38%”, afirma o Head de Serviços Financeiros da WIT, Marcos Almeida.

“Quando olhamos para o longo prazo, essa redução afeta os gera efeitos positivos para o investidor e empresas que tem frequência de pagamentos de serviços no exterior ou até mesmo para recebimento de honorários de empresas que contratam os serviços dos brasileiros”, acrescenta.

Além disso, a alocação de uma fatia do portfólio que tenha influência de ativos ou moedas estrangeiras (ou as duas coisas juntas) são quase sempre recomendadas como forma de reduzir o risco do portfólio.

Como exemplo, investidores russos tiveram um prejuízo enorme com a queda do rublo por causa do conflito na Ucrânia. Com a baixa que chegou a 33% da moeda, somente quem tinha uma parte do patrimônio em outra moeda pôde dormir tranquilo.

Mesmo que o endosso seja praticamente generalizado, é essencial compreender os prós e os contras dos métodos de alocar parte do seu patrimônio no exterior.

Veja a seguir uma lista dos cinco principais meios para investir parte do seu dinheiro lá fora.

Investir no exterior com BDRs

Uma das modalidades mais conhecidas – e fáceis -, os BDRs são emitidos por um banco ou instituição financeira brasileira, representando uma ação no exterior.

Na prática, são recibos de empresas estrangeiras negociadas no Brasil. Ou seja, não são ações ‘diretas’ de empresas.

“A empresa contrata uma instituição financeira para ser a intermediadora e guardiã dessas ações, o agente custodiante delas. Assim, essas ações ficam guardadas nessa instituição que emitirá recibo de ações, e cada recibo negociado na bolsa representa uma ação que está nesta instituição financeira”, explica o assessor da Alta Vista Investimentos, Alexandre Andreazzi, em entrevista ao Suno Notícias.

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Os ativos são encontrados facilmente nas prateleiras das corretoras, e geralmente terminam com ’34’ – a exemplo da Amazon (AMAZON34), Apple (AAPL34) e Meta (FBOK34). Você pode acompanhar as cotações no Suno Analítica de BDRs.

A cotação dos BDRs oscila conforme o preço das ações dessas empresas em seu país de origem e também com a flutuação do dólar, moeda na qual elas são cotadas na bolsa americana.

Em suma, se o dólar subir e ação também, o investidor ganha ‘duplamente’, com a alta do ativo somada ao carrego cambial.

Até meados de outubro de 2020 somente investidores institucionais podiam negociar os ativos, mas a situação mudou com novos regramentos, que passaram a permitir o investidor pessoa física comprar os certificados de depósito.

Vale frisar que estes investimentos estão sujeitos à alíquota de 15% sobre os ganhos, recolhidos pelo próprio investidor.

Confira os 5 BDRs mais negociados pelos brasileiros, segundo boletim da B3 de março de 2022:

Foto: Reprodução/B3
Foto: Reprodução/B3

ETFs

Assim como é possível comprar Exchange Traded Funds (ETFs) de ativos nacionais, o produto financeiro também encontra-se disponível para investimentos no exterior.

Tratam-se de fundos de índice que reúnem um conjunto de ações em um mesmo ativo. Com ele, é possível comprar cotas de fundos como se fossem ações.

São produtos que possuem uma gestão passiva, seguindo a distribuição de carteira de um respectivo índice.

Na prática, imitam o desempenho de uma cesta de ações. Exemplo: se você comprar um ETF do Ibovespa, estará ‘copiando’ o desempenho da bolsa brasileira, com um ativo que sofrerá oscilações conforme a composição da carteira.

Na Bolsa de Valores do Brasil, existem alguns tipos de ETFs para investimento em ações no exterior, como estes dois:

O número de investidores de ETFs no Brasil é crescente, nos últimos anos, mas apresentou uma leve retração em 2022, com pico de R$ 2,1 bilhões negociados em outubro de 2021 e atuais R$ 1,6 bilhões em março de 2022, segundo dados do boletim ETF da B3

Em março de 2022, os ETF mais negociados no Brasil foram:

  • HASH11
  • IVVB11
  • GOLD11
  • ETHE11
  • XINA11
Volume de negociação de ETFs (incluindo nacionais e internacionais) - Foto: Reprodução/B3
Volume de negociação de ETFs (incluindo nacionais e internacionais) – Foto: Reprodução/B3

Fundos de Investimento

Sendo geridos por uma gestora, banco ou corretora, os fundos de investimento no exterior ou os fundos multimercado – que possuem somente 20% dos ativos da carteira são alocados em ativos internacionais, ou 40%, quando atendem investidores qualificados.

  • fundos de renda fixa
  • fundos de ações
  • fundos multimercado

A vantagem é que há menos necessidade de ‘stock picking’, e o investidor deixa a responsabilidade de gestão com alguém profissional, sem necessitar de uma análise própria.

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Além disso, as possibilidades de diversificação podem ser maiores, com exposição a outras moedas, como o euro.

Nesse caso, são cobradas taxas de administração, assim como nos ETFs.

Existem cerca de 90 fundos internacionais no Brasil, como o do banco Morgan Stanley e o Bridgewater – maior fundo de hedge do mundo, fundado pelo megainvestidor Ray Dalio – com aplicação a partir de R$ 500,00.

Investir no exterior com corretora estrangeira

Com o avanço e a democratização do mercado financeiro, investir em ações por meio de corretoras estrangeiras é relativamente fácil nos dias de hoje.

Além de plataformas 100% em português, o investidor só precisa de uma cópia de seu RG e de um comprovante de endereço para abrir conta em corretora no exterior.

O mercado conta com opções bem populares e difundidas, como a Avenue e a DriveWealth.

No caso da primeira, não há cobrança de taxa de manutenção de conta e outra vantagem é que ela oferece uma plataforma integrada às contas para envio de dinheiro do Brasil.

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Ou seja, você pode ‘dolarizar’ seu dinheiro na própria plataforma e, depois disso, comprar ativos negociados em grandes bolsas dos EUA, como a NYSE e a Nasdaq. Nesse caso, você efetivamente detém a custódia de uma ação americana, sem um intermediário – caso dos BDRs.

A título de curiosidade, as taxas de corretagem são:

  • Ordem de até US$ 100,00: US$1,00;
  • De US$ 100,01 até US$ 1.000,00: US$ 1,50;
  • De US$ 1.000,01 até US$ 2.000: US$ 4,30;
  • Acima de US$ 2.000,01: US$ 8,60.

Além disso, o mercado conta com concorrentes bem grandes e com serviços no mesmo nível, como a DriveWealth, a Interactive Brokers e a Charles Schwab.

Segundo levantamento da Stake, as ações da Tesla (TSLA) seguem como as favoritas dos brasileiros no acumulado do último mês. De um modo geral, ações de empresas de tecnologia se mantêm como as mais atrativas aos brasileiros, como Apple, Microsoft e Meta (holding que detém o Facebook).

  1. Tesla – TSLA
  2. Apple – AAPL
  3. Palantir Technologies – PLTR
  4. NIO – NIO
  5. Gamestop – GME
  6. NVIDIA – NVDA
  7. Meta Platforms – FB
  8. AMC – AMC
  9. Microsoft – MSFT
  10. Alibaba – BABA

Vale lembrar que há como investir em companhias brasileiras, já que é possível que uma empresa nacional faça seu IPO em Wall Street ou em alguma outra bolsa.

O fenômeno foi relativamente comum em 2021, com busca por um capital volumoso e um mercado menos agitado, mas algumas gigantes estrearam lá fora antes disso.

Os exemplos são a XP Investimentos, negociada sob o ticker XP na Nasdaq, o Nubank (NU), na NYSE, a PagSeguro (PAGS) e a Stone (STNE).

É também possível comprar outros ativos, como os Reits, como são chamados os Fundos Imobiliários (FIIs) americanos – abreviatura para real estate investment trust.

Os ativos são, por exemplo, fundos da Realty Income, da Gladstone Commercial ou da Texas Instruments Incorporated.

ADRs

As American Depositary Receipts, ou ADRs, são um título americano lastreado em ações de empresas estrangeiras. O ativo só poderá ser negociado por meio de uma corretora estrangeira, como as citadas previamente.

Em suma, trata-se de um certificado negociado em bolsas americanas que representa uma ou mais ações de empresas de fora dos Estados Unidos.

Como exemplo, temos até mesmo ADRs de brasileiras na NYSE, caso da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), cotadas a cerca de US$ 20 e US$ 15 na Bolsa de Nova York.

A aquisição de ADRs é um modo de investir no exterior com mais possibilidades de diversificação, já que é possível comprar ativos da Europa ou outros países. Além disso, o carrego cambial também é possível uma vez que todas as ADRs são cotadas em dólar.

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Eduardo Vargas

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