içougue, marketplace de carnes, prepara captação de R$ 5 milhões

Para escalar um modelo de “açougue 4.0”, o marketplace de carnes içougue prepara uma captação de R$ 5 milhões, via crowdfunding, que deve ser anunciada nas próximas semanas. É um momento importantíssimo na trajetória da empresa que tem poucos anos, mas desponta com um crescimento expressivo.

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A ideia de montá-la surgiu em 2017, de maneira inusitada. Em um dia daquele ano, a esposa de Tiago Albino, fundador e CEO do içougue, fez a ele um provocação despretensiosa, em meio a uma discussão sobre quem deveria sair para comprar as carnes: “Você faz aplicativo para todo mundo. Por que não cria um para não irmos ao açougue?”

Hoje o embate teria terminado com um download de um aplicativo como o iFood ou Rappi, seguido de um cadastro do cartão de crédito. Mas há quatro anos as plataformas de delivery ainda se consolidavam no Brasil e a entrega de carnes não estava no primeiro item de prioridades desses apps.

O questionamento ficou na cabeça de Albino, profissional da área de tecnologia, com passagens pelos portais IG e Uol, além de um período na HP (HPQB34). O executivo estava desempregado após experiências mal sucedidas em startups e decidiu abraçar o problema. Pensou em nomes. iFood, iPad, iPhone serviram de inspiração, até chegar num estalo de imaginação a içougue.

Lançou em uma sexta-feira uma LP simples, apenas com nome, telefone e endereço. A proposta: entregar carnes em até uma hora. No domingo, havia 200 cadastros de pessoas interessadas em receber carne em casa.

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A empresa passou por um programa de aceleração no campus do Google (GOGL34) para startups e ouviu uma negativa para o modelo B2C. Embora iFood, Rappi e companhia não estivessem com os dois pés no mercado de delivery de carne, a hora chegaria. A saída foi o B2B, em que haveria espaço e dinheiro. Vendeu no atacado durante cerca de dois anos.

içougue muda para B2C e entra no segmento de franquia

Em março do ano passado, a pandemia do novo coronavírus forçou restaurantes — público-alvo do içougue — a fecharem as portas. A companhia viu sua média de 100 toneladas entregues por mês cair implacavelmente. As vendas desabaram 95%.

Por outro lado, o varejo explodiu, com pessoas enclausuradas em casa, sedentas por um contrafilé ainda que mal passado. A startup pivotou o negócio (mudou-o de direção) e começou a trabalhar em um sistema de franquias para entregar ao cliente final.

A empresa levou produtos para o dia a dia, de churrasco a refeições veganas, de domingo a sexta-feira, das 8h às 22h. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, existem hoje 52 lojas — das quais uma é o içougue Go, o “menor açougue do mundo”, com 15 metros quadrados — e 51 são dark stores.

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Na prática, as dark stores funcionam como minicentros de distribuição, enxutos para baratear o custo e baixar o prazo de entrega. Os franqueados recebem pedidos da plataforma própria do içougue, de aplicativos parceiros ou do boca a boca.

Segundo o fundador Tiago Albino, o diferencial da plataforma está:

  • na experiência premium, com produtos embaladas a vácuo e em papel de seda, além caixas nas quais se aplica uma fragrância para agradar o cliente;
  • no mix de produtos de 35 marcas;
  • na flexibilidade para atender todos os dias da semana, na Grande São Paulo e na Grande Rio.

“Nenhum açougue consegue acompanhar nosso ritmo, que é focado em delivery, em entrega expressa. Em até uma hora, nós entregamos churrasco, e no domingo até 22h”, ressaltou o CEO.

O içougue ultrapassou a marca de 30.000 clientes finais, divididos em dois perfis: o da compra da mistura e o do churrasco.  O primeiro tem um ticket médio de cerca de R$ 120, que faz o pedido toda a semana para comprar as carnes do almoço e jantar. Há uma linha de kits práticos só para eles: a de “kits para o dia a dia”. Entre sexta-feira e domingo, a venda dos kits práticos para churrasco sobem. Os clientes costumam gastar em média de R$ 200 a R$ 250.

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Tiago Albino contou que, majoritariamente, as compras em dias de semana são realizadas pelo público feminino, enquanto nos finais de semana os pedidos ficam com o masculino.

Depois de passar quase 2020 inteiro sem comercializar no atacado, o içougue retomou a operação há pouco mais de um mês, com uma base totalmente renovada. No intervalo, alcançou 1.500 novos restaurantes cadastrados.

Startup estrutura captação de R$ 5 mi

De março a dezembro do ano passado, a companhia registrou um faturamento de R$ 1,5 milhão. No acumulado de 2021 até agosto, a receita bateu R$ 6 milhões. A projeção é que chegue até R$ 9 milhões até o fim do ano.

Em relação às franquias, até dezembro de 2020, o içougue tinha quatro lojas. A meta para 2021 era 50. Hoje, com 52 unidades, a estimativa é de que o número chegue perto de 70. Para 2022, a meta é mais que dobrar e atingir 200 franquias, em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e regiões próximas.

“A estratégia é continuar crescendo no modelo de franquia, porque é justamente o que dá a capilaridade que precisamos. Todas as lojas operam com o mesmo mix de produtos. Hoje são 250 itens. E o franqueado faz a última milha. Posso crescer de maneira sustentável, pois o franqueado acaba sendo o canal de distribuição, entrega, na última milha”, ressaltou Tiago Albino.

Mas para isso é preciso ter recursos. Até o momento, a startup levantou R$ 1,8 milhão com investidores anjos, que entraram ao longo do ano. Agora, a empresa prepara uma captação de R$ 5 milhões, por meio de crowdfunding, para adiar a série A e preservar equity. O formato, na avaliação do CEO do içougue, também traz evangelizadores da marca. Em negociação com uma plataforma, a operação deverá ser anunciada publicamente nas próximas semanas.

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Arthur Guimarães

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