Ibovespa tem 1ª alta no mês e encerra maior sequência negativa da história; na semana, Petrobras (PETR4) ganha 3% e Gol (GOLL4) tomba 16%

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (18) em alta de 0,37%, aos 115.408,52 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou aos 114.423,28 pontos, enquanto a máxima fora de 115.728,91 pontos.

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O Ibovespa hoje finalmente encerrou a sequência negativa que vinha registrando em 13 sessões consecutivas, a maior da história do índice. Na semana, o índice caiu 2,25% – a quarta retração semanal consecutiva -, o que coloca as perdas do mês a 5,36%, e restringe o avanço acumulado no ano a 5,17%. O volume financeiro somou R$ 21,6 bilhões.

Mesmo com a cautela ainda dando o tom aos negócios com ativos de risco – pelas incertezas em torno das economias americana e chinesa, as duas maiores do mundo -, o Ibovespa quebrou nesta sexta-feira, 18, sua mais longa sequência de perdas, na série histórica iniciada em 1968.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) encerraram a sessão com alta de 0,25%, além de ganhos de 3,14% na semana. Nas ações ordinárias (PETR3), os papéis tiveram uma valorização de 0,58% hoje (18) e de 3,05% na semana. Já a Vale (VALE3) caiu 1,11% nesta sessão e 3,73% no desempenho semanal.

Na B3, as ações de grandes bancos, com perdas no mês que chegam a 9,84% para Bradesco (BBDC3), subiram moderadamente nesta sexta – Bradesco (BBDC4), +0,66%, Itaú (ITUB4), +0,79% , Bando do Brasil (BBAS3), +0,40% -, conferindo suporte, pela ponderação do setor financeiro no índice, para que o Ibovespa fechasse a sessão com leve ganho, em dia negativo para a ação de maior peso individual na carteira, Vale (VALE3), que encerrou em baixa de 1,11%, cedendo 4,16% na semana e 9,22% no mês, cotada agora a R$ 61,22. Em 2023, o papel da mineradora acumula perda de 27,82% – enquanto Petrobras (PETR3 e PETR4) avançam, respectivamente, 43,47% e 52,57% no mesmo intervalo.

Os dois grandes destaques do pregão desta sexta-feira foram Magazine Luiza (MGLU3) e Carrefour (CRFB3), com ganhos de 6,38% e 5,24%.

Na ponta negativa, Rede D’Or (RDOR3) caiu 1,85% e liderou as perdas, enquanto a Weg (WEGE3) teve uma baixa de 1,76%.

Na semana, as maiores valorizações vieram com IRB (IRBR3), que disparou 11,72%, seguido por Vibra (VBBR3), que teve alta de 7,41%.

Na ponta negativa da semana, a principal baixa veio com a Gol (GOLL4), que recuou 16,22%, enquanto Hapvida (HAPV3) tombou 11,47%. Méliuz (CASH3), por sua vez, registrou uma desvalorização de 11,07%.

Enquanto isso, as Bolsas dos Estados Unidos fecharam sem direção definida.

● Dow Jones: +0,08%, aos 34.501,88 pontos;
● S&P500: -0,01%, aos 4.370,04 pontos;
● Nasdaq: -0,20%, aos 13.290,78 pontos.

Enquanto isso, o dólar à vista terminou a sessão em queda de 0,27%, a R$ 4,9680, depois de atingir a mínima de R$ 4,9580. Na semana, o dólar valorizou 1,30%.

Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje

Maiores altas da semana

  • IRB Brasil (IRBR3): +11,72%
  • Vibra (VBBR3): +7,41%
  • Sabesp (SBSP3): +6,55%
  • Magazine Luiza (MGLU3): +4,17%
  • Petrobras (PETR4): +3,14%

Maiores quedas da semana

  • Gol (GOLL4): -16,22%
  • Hapvida (HAPV3): -11,47%
  • Méliuz (CASH3): -11,08%
  • Petz (PETZ3): -10,76%
  • Via (VIIA3): -9,19%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, os mercados foram bastante impactados hoje pelas informações vindas da China, com diversas incorporadoras estatais em prejuízo.

“Isso trouxe um pouco de instabilidade para os mercados, o receio do que isso pode causar – então foi a principal sistemática do começo da manhã”, explica.

Entre os destaques de alta do Ibovespa hoje ficaram Magazine Luiza (MGLU3), Carrefour (CRFB3) e Petz (PETZ3). A alta dessas empresas está relacionada à queda da curva de juros DI.

Já nas quedas, um dos destaques foi a Eztec (EZTC3), em um movimento de realização de lucros após a data de corte de seus dividendos. A Weg (WEGE3) também cai após relatórios de algumas casas comentarem que os múltiplos da empresa já estão muito esticados.

Outra baixa de hoje foi a da Vale (VALE3), apesar do avanço do minério de ferro lá fora, frente aos receios em relação à China, cujo mercado imobiliário interfere inclusive nas companhias siderúrgicas.

“No começo da manhã, nesse cenário não agradável dos mercados, tivemos a Ásia tendo fechado negativa, a Europa também tinha iniciado o dia toda negativa, os futuros americanos também tinham começado o dia no negativo. No decorrer do dia, as informações foram ficando mais claras. O mercado foi absorvendo, de certa forma, essa instabilidade chinesa, e tanto os DI quanto o dólar acabaram tendo um leve recuo, ainda pequeno, de certa forma, mas já houve uma redução e isso favoreceu principalmente as empresas de varejo”, explicou Richetti.

O que causou as quedas recentes da Bolsa

Por outro lado, ele destaca que as quedas recentes do Ibovespa não foram influenciadas por apenas um fator. Nesse contexto, estão incluídos a resistência dos 123 mil pontos e questões políticas, por exemplo. Mas, para o especialista, os motivos para as baixas consecutivas da Bolsa de Valores não param por aí.

“Um outro ponto também é a retirada de dólares. Só na última semana saíram US$ 9 bilhões do Brasil, de retorno para os Estados Unidos, e isso ocorreu em virtude da redução da diferença das taxas. Então os investidores acabam voltando esses recursos para os Estados Unidos. Inclusive nessa semana o título americano de 10 anos atingiu os níveis de 2007 com uma taxa de 4,32%. Isso é muita coisa para os mercados. Todos esses cenários geraram essas quedas consecutivas”, conclui.

“Tem faltado fluxo, dinheiro novo dos investidores, para a Bolsa – a exceção nesta semana foi a quarta-feira, com o exercício de opções sobre o índice que reforça o giro no dia. A queda de juros Selic foi importante, mas os movimentos de ingresso têm sido marginais, na B3, com poucos investidores se posicionado em ações, o que piorou agora, em agosto, com a retração do estrangeiro, que virou a mão devido à turbulência externa”, diz Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos, destacando em especial a crise no setor imobiliário da China, setor com grande peso no PIB da maior economia asiática. “Está difícil para a Bolsa sair do lugar, com os juros americanos, em títulos praticamente livres de risco, subindo bastante, na faixa de 4% nos vencimentos de 10 anos, diminuindo assim a atratividade de mercados como o Brasil”, acrescenta.

“A série negativa do Ibovespa foi longa, mas o ajuste relativamente pequeno. Em Nova York, os índices, mesmo numa semana negativa como esta, têm corrigido pouco também, e seguem esticados. Apesar dos juros básicos nos níveis em que estão por lá, na faixa de 5%, a economia dos Estados Unidos é uma máquina de produtividade, e os americanos continuam a fazer sua poupança em ações”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, mencionando que o retorno médio do S&P 500 nos últimos 20 anos gira em torno de 10% ao ano. “O cenário externo tem prevalecido sobre o doméstico – que melhorou e tende a continuar assim, por exemplo, se o arcabouço fiscal vier a ser aprovado como se espera, possivelmente na semana que vem, mesmo com algumas alterações que vieram do Senado. O governo precisa manter a relação com a Câmara, que tem aprovado matérias importantes – e tem outras ainda por vir”, acrescenta.

China, ainda mais que Estados Unidos, pelo papel que tem na formação dos preços de commodities, como o minério, e por ser o principal destino das exportações brasileiras, continua a ser o grande ponto de interrogação deste segundo semestre.

“Se pegar a ação da Vale, vinha de R$ 60 e foi a R$ 100 no começo do ano, com a expectativa de normalização da economia chinesa, que não veio – e agora volta a convergir para R$ 60”, diz o gestor da Western Asset. “O governo de lá – apesar do poder financeiro que tem, em situação fiscal muito mais favorável do que a dos Estados Unidos – não tem agido até agora na intensidade que se esperava – por enquanto, o que tem vindo de medidas, são cosméticas”, acrescenta Mikail, observando também que uma atitude defensiva do governo chinês em relação à disponibilização de dados considerados sensíveis – como o aumento da taxa de desemprego entre a população mais jovem – pode tornar o quadro ainda mais “nebuloso”.

“Uma boa notícia em relação à China seria um gatilho importante”, diz o gestor, que vê chance de o Ibovespa fechar o ano na faixa de 125 mil a 130 mil pontos, considerando também o ritmo de corte da Selic, de meio ponto porcentual, sinalizado pelo Copom.

O mercado financeiro manteve-se dividido sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, entre alta e estabilidade, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 62,50% esperam avanço da Bolsa na próxima semana, porcentual maior do que os 40,00% da pesquisa anterior. Outros 37,50% preveem variação neutra, de 60,00% no último Termômetro. Mais uma vez, não houve respostas indicando queda.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (17) em queda de 0,53%, aos 114.982,30 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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