Ibovespa: Eletrobras (ELET3) cai 9% com temor sobre crise travar a privatização

O aumento da tensão política após as manifestações do feriado do Dia da Independência derrubou as ações da Eletrobras (ELET3) nesta quarta-feira (8). Investidores estão receosos de que o tom inflamado das declarações do presidente da República Jair Bolsonaro e as reações no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal possam colocar em risco a privatização da estatal elétrica.

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Por esse motivo, o papel ordinário ordinário da companhia caiu 9,29%, a R$ 34,29, ficando entre as maiores baixas do Ibovespa. Já as ações da Eletrobras de classes A e B recuaram 15% e 8,89%, respectivamente, para R$ 65,45 e R$ 34,95.

Em protestos durante o 7 de Setembro, o presidente da República bradou contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial, Alexandre de Moraes, quem conduz o inquérito das fake news. Jair Bolsonaro disse, na Avenida Paulista, que “não mais cumprirá” decisões do magistrado.

Nesta quarta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) moderou o discurso e disse não haver espaço para desavenças entre os Poderes.

O presidente do STF, ministro Luiz Fux, adotou uma posição mais dura. Afirmou que a Corte não aceitará ameaças à sua independência e ao cumprimento de suas decisões.

O clima de apreensão levou Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, a cancelar todas as sessões  deliberativas e reuniões de comissões da Casa, previstas para hoje e amanhã. A avaliação é de que não há ambiente político para votações de projetos, sejam eles de interesse do Palácio do Planalto ou não.

Clima política pode travar privatização da Eletrobras

Além da insegurança jurídica e do imbróglio dos precatórios, a XP destacou em relatório desta quarta-feira a dificuldade imposto pelo aumento das tensões políticas às reformas e privatizações no Congresso.

Para Fernando Ferreira e Jennie Li, a agenda reformista poderá encontrar entraves, conforme as atenções do Parlamento se voltam à crise institucional.

“Esta não será a primeira e nem a última crise política no Brasil. Nesse caso, há chances de que o aumento da tensão do clima político não se dissipe rapidamente, uma vez que ainda estamos há mais de um ano das eleições presidenciais,” escreveram.

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“Daqui pra frente, as tensões políticas devem continuar a pressionar os ativos brasileiros no curto prazo,” acrescentaram os especialistas da XP.

A medida provisória que viabiliza a privatização da Eletrobras foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em julho. A venda do controle da estatal, no entanto, ainda deve atravessar um longo trâmite até a oferta subsequente de ações (follow-on).

Na semana passada, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, alargou o prazo para a desestatização, o qual saiu do primeiro bimestre de 2022 para o primeiro semestre do ano.

Com a elevação das tensões políticas no País, a Eletrobras pode ter de esperar um pouco mais pela privatização.

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Arthur Guimarães

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