Ibovespa cai 0,88% com temor fiscal; Itaú (ITUB4) e Magazine Luiza (MGLU3) recuam, e Petrobras (PETR4) sobe. Dólar vai a R$ 4,99

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (22) em queda de 0,88%, aos 127.027,10  pontos, entre a mínima de 126.879,44 e a máxima de 128.158,57. O ganho semanal, que chegou a 1,88% na quarta-feira, ficou reduzido a 0,23%.

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O Ibovespa hoje manteve a tendência observada na véspera e voltou a cair nesta sexta-feira, 22, furando a linha dos 127 mil pontos no pior momento do dia e praticamente zerando os ganhos semanais. Segundo analistas, preocupações em torno da política fiscal do governo fortaleceram o clima de aversão ao risco, somando-se à percepção de que o Banco Central vai diminuir a taxa Selic menos do que se esperava anteriormente.

O gatilho para a piora da percepção fiscal veio do primeiro Relatório Bimestral de Avaliação das Receitas e Despesas, divulgado pela manhã. Parte do mercado considerou que, embora mais realistas, as projeções de receitas do governo – que levam em conta medidas de efeito incerto, como o voto de qualidade do Carf – continuam otimistas. Também prevalece a avaliação de que, em algum momento, o Executivo vai mudar a meta fiscal do ano para acomodar mais gastos públicos.

O analista da Empiricus Research Matheus Spiess afirma que o temor fiscal deflagrado nesta sexta serviu para dar continuidade à realização da véspera, quando o Ibovespa já havia caído 0,75%, respondendo à percepção de menos cortes na taxa Selic. Uma piora das expectativas para as contas públicas, lembra o profissional, poderia ser mais um fator limitante da redução dos juros.

O documento será importante para o mercado avaliar se ainda há possibilidade de cumprimento da meta fiscal de déficit zero em 2024, em meio ao avanço da arrecadação recentemente.

As dúvidas fiscais crescentes entre os investidores do Ibov continuam sendo citadas por analistas como um fator a limitar a tendência de baixa da Selic, ainda mais após a mudança no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana sugerir que o corte de meio ponto poderá será o último desta magnitude no encontro de maio.

Essa perspectiva explica o desempenho dos setores que mais caíram na Bolsa brasileira nesta sexta, a exemplo dos papéis de grandes bancos, diz o analista. Nesta sexta, ações como as de Itaú Unibanco (ITUB4 -1,49%) e Bradesco (BBDC3 -1,88%, BBDC4 -1,27%) mergulharam.

A Petrobras (PETR4) fechou sessão com as ações preferenciais em alta  de 0,98%, cotadas a R$ 36,05. Mesmo movimento com as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) que teve alta de 0,79%, a R$ 36,86.  

“A tese que vinha se formando era de que os juros iriam cair, o crédito iria ficar mais abundante e os bancos iriam se capitalizar, por isso a perspectiva de juros mais alto acaba prejudicando essas ações”, afirma o analista.

Os contratos futuros do petróleo Brent, usados como referência global, para maio registraram uma queda de 0,41%, alcançando US$ 85,43 na Intercontinental Exchange (ICE). 

Por outro lado, a Vale (VALE3) amargou queda de 1,15%, cotada a R$ 60,95. A maior alta do Ibovespa hoje é da Embraer (EMBR3), +8,44% a R$ 33,41, seguida por Cogna (COGN3), +4,24% a R$ 2,46 e Sabesp (SBSP3), +1,37% a R$ 79,97

Na ponta negativa, Casas Bahia (BHIA3) liderou as perdas com -11,67% a R$ 6,89. Marfrig (MRFG3), -5,37% a R$ 9,70 e Magazine Luiza (MGLU3), -5,03% a R$ 1,89, completam a lista dos piores desempenhos.

Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje

Bolsas de NY fecham sem direção

As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam sem um sinal definido:

  • S&P 500: -0,14%, aos 5.234,16 pontos;
  • Dow Jones: -0,77%, aos 39.475,31 pontos;
  • Nasdaq: +0,16%, aos 16.428,82 pontos.

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta sexta-feira (22), com perdas na China e em Hong Kong e nova máxima histórica do índice japonês Nikkei. Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho hoje, pressionada por ações ligadas a commodities. O S&P/ASX 200 recuou 0,15% em Sydney, a 7.770,60 pontos.

As bolsas de valores europeias fecharam a sexta-feira (22) sem uma direção clara, refletindo a falta de consenso nos mercados. O clima foi influenciado por comentários sobre política monetária e por dados econômicos regionais mais otimistas.

Hoje, o dólar à vista fechou em alta de 0,39%, a R$ 4,9817, após oscilar entre R$ 4,9817 e R$ 5,0091.

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Na Bolsa de Valores hoje, o mercado não teve força para sustentar o movimento de alta do meio da semana, informa Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital. 

Para o analista, ainda que tenha havido uma redução de juros, o Brasil continua entre os países com maior taxa de juros real, o que afasta o dinheiro do mercado acionário. “Além disso, a retomada pelo Ministério da Fazenda do assunto referente à taxação dos dividendos joga ainda mais incertezas aos investidores, motivos que fizeram a semana começar e terminar praticamente no mesmo lugar”, diz Silva.

Hoje, a Embraer registrou uma das maiores altas do Ibovespa, influenciada pela elevação do preço-alvo da JP Morgan para R$ 51. Outra alta foram das ações da Sabesp (SBSP3), que reportou uma alta de 84% nos lucros.

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“Mesmo terminando em alta [Sabesp], as ações abriram o dia aos R$ 81,00 e fecharam abaixo dos R$ 79,80 demonstrando que os investidores não estão com confiança nem em empresas que dão lucro no Brasil, com tantas incertezas vindas de Brasília”, explica Silva.

Do lado contrário da movimentação do Ibovespa, a mesma lógica impera. “Se até as empresas que dão lucro estão afastando investidores, o que podemos esperar de BHIA3 e MGLU3 que com certa frequência aparecem do lado de baixo do IBOV”, comenta o head da GT Capital.

Para Silva, apesar das curvas de juros terminarem a sexta-feira em queda, não foi uma semana fácil, com divergências em vencimentos futuros, sendo que o único vencimento que trabalha em tendência de baixa nas últimas semanas é o DIF25.

“Afinal, apesar de vermos sinalizações de redução de taxas de juros nos EUA, ‘ali na frente’ os dados da economia americana seguem fortes e os de inflação cada vez mais altos, ou seja, é fato que não será tarefa fácil”, diz ele. 

O dólar futuro teve o mesmo comportamento do Ibovespa, apesar de terminar o dia de hoje com leve alta, em uma semana de grande volatilidade, praticamente termina onde começou a semana. 

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 22, em alta no mercado doméstico de câmbio, alinhado à onda de fortalecimento da moeda norte-americana no exterior. Operadores citaram também desconforto com a questão fiscal doméstica após a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pelo governo federal e possível saída de recursos da bolsa como indutores da busca por dólares.

Apesar do pouco apetite ao risco, a divisa voltou a mostrar baixa volatilidade, com oscilação de apenas de pouco menos de três centavos entre a mínima (R$ 4,9817) e a máxima (R$ 5,0091).

No fim do dia, a moeda era negociada a R$ 4,9986, avanço de 0,39%. Na semana, o dólar permaneceu praticamente estável (+0,01%).

“Acredito que o mercado, assim como o dólar, permanecerão laterais na próxima e nas próximas semanas – afinal de onde virá o dinheiro novo para impulsionar o índice Bovespa aos 140 ou 150 mil pontos, se cada vez mais o dinheiro estrangeiro sai do Brasil? Nesse caso, o melhor que se tem a fazer é avaliar o portfólio e aproveitar para aumentar as posições em empresas de bons fundamentos”, conclui Silva. 

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (21) em queda de 0,75%, aos 128.158,57 pontos.

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Vinícius Alves

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