Com inflação recorde e escassez de trabalhadores, Fed sinaliza mais uma vez alta de juros

Dados divulgados nesta quarta-feira (2) pelo Livro Bege, sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), indicam que o emprego nos Estados Unidos avançou de ritmo “modesto a moderado”, com alta demanda disseminada por trabalhadores e relatos de dificuldades de achar mão de obra.

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Em alguns distritos, há relatos de sinais de melhora na oferta de trabalhadores, segundo o documento.

“Muitas empresas tiveram dificuldade de manter seus níveis de pessoal devido à alta rotatividade”, diz o Livro Bege. O desafio foi “exacerbado” pelos problemas causados pela covid-19 em janeiro, em meio à onda de casos da Ômicron no país, “embora trabalhadores e empresas tenham se recuperado mais rápido que em ondas anteriores”.

As empresas continuaram a aumentar os pagamentos ao pessoal e a introduzir flexibilidade para os funcionários, a fim de atrair trabalhadores, especialmente em posições com salários mais baixos, reporta o Livro Bege, “com sucesso misto” na empreitada.

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Há expectativa de que o mercado de trabalho siga “apertado”, com consequente “crescimento forte nos salários continuando”. Alguns distritos, porém, reportam que o crescimento dos salários dá sinais de moderação, segundo o documento.

Fed considera elevar os juros em 0,50 ponto porcentual

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que “a inflação está alta em nível que não vejo desde quando estava na universidade, ou seja, há 50 anos”. Em depoimento na Câmara dos Representantes, ele ressaltou que “estamos prontos para adotar uma série de altas de juros”.

De acordo com Powell, o Fed empregará seus instrumentos de política monetária para controlar a inflação, e “estamos em boa posição para viabilizar a estabilidade de preços com crescimento”.

“A taxa de juros neutra nos EUA está entre 2,0% e 2,5% (ao ano) e talvez precisaremos subir o juro além da taxa neutra, mas ainda não sabemos”, disse o presidente do Fed.

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No mesmo evento, Powell deu outra indicação sobre a condução da política monetária: disse que, se a inflação continuar mais elevada do que a esperada pelo Fed, os dirigentes da instituição poderão subir os juros de forma mais agressiva “em uma reunião ou mais reuniões”.

O presidente do Fed deixou claro que a autoridade monetária está considerando, nessas circunstâncias, a necessidade de elevar os juros em 0,50 ponto porcentual em um ou mais encontros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) no curto prazo.

O presidente do Federal Reserve afirmou que o banco central americano reduzirá “o balanço de ativos do Fed a nível compatível ao tamanho da produção dos EUA, como era antes” da pandemia. Ele não concedeu mais detalhes sobre quando tais ações serão adotadas.

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Em depoimento na Câmara dos Representantes dos EUA, Powell apontou que, apesar das grandes dúvidas geradas pela guerra na Ucrânia, os mercados financeiros estão funcionando bem com elevada liquidez. “A inflação está alta demais e é preciso adotar medidas de forma cuidadosa e ágil. Vamos usar nossos instrumentos para manter a estabilidade financeira e não gerar incertezas.”

O presidente do Fed disse que “não sabemos as implicações” do conflito bélico no Leste Europeu, mas os fatos estão sendo monitorados atentamente. “Com a guerra, estamos em alto alerta para ciberataques no setor financeiro. Mas estamos preparados, pois já fizemos tudo o possível para evitar seus eventuais impactos, caso ocorram.”

(Com informações da Agência Estado)

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Bruno Galvão

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