Biden anuncia suspensão das importações de petróleo e gás da Rússia

As sanções ocidentais à Rússia atingiram um novo patamar nesta terça-feira (8) com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que irá suspender as importações de petróleo, gás e energia russos.

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“Os Estados Unidos vão mirar na principal artéria da economia da Rússia“, disse Biden em pronunciamento. “Estamos unidos no nosso propósito. Queremos aumentar a pressão contra a máquina de guerra de [Vladimir] Putin”.

A Rússia é a segunda maior exportadora de petróleo do mundo. A perspectiva de que os EUA – maior consumidor mundial do óleo – não irão mais receber a commodity em seus portos fez com que a cotação do petróleo disparasse no mercado internacional.

Por volta das 13h10 (horário de Brasília) o barril do petróleo Brent subia 7,59%, avaliado em US$ 132,52 – o maior valor desde 2008. Em 23 de fevereiro, um dia antes da invasão da Rússia à Ucrânia, o barril Brent estava valendo US$ 95.

A decisão de Biden acende um alerta mundo afora pela preocupação com uma escalada global da inflação. Tanto, que o próprio presidente dos EUA assumiu esse risco em seu discurso hoje.

“Isso [a sanção] vai ter custos para os Estados Unidos, mas defender a liberdade tem seus custos”, disse Biden, em referência ao efeito que a punição à Rússia terá para o aumento dos preços no território americano – e no mundo.

Biden já estava enfrentando as consequências políticas do aumento dos preços da gasolina antes mesmo da invasão da Rússia à Ucrânia. A média do galão de 3,7 litros por lá está em US$ 4,173 (cerca de R$ 21,14) por galão.  Segundo a American Automobile Association, trata-se do maior preço nas bombas que se tem registro, sem o ajuste da inflação.

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Europa pode ter dificuldades de impor a mesma sanção

Para a União Europeia e o Reino Unido, a decisão de romper com as negociações de petróleo, gás e energia da Rússia é mais difícil. Cerca de 40% do gás usado pelos europeus vem do país de Vladimir Putin.

O Reino Unido anunciou, também nesta terça, a proibição das importações de petróleo russo. Porém, a negociação de gás natural e carvão segue ativa, visto a dependência energética do país.

Biden diz que consultou seus aliados da Europa antes de tomar a decisão de suspender as importações de petróleo da Rússia. “Estamos seguindo em frente com essa suspensão compreendendo que muitos dos nossos parceiros e aliados europeus podem não estar em uma posição para nos acompanhar”, disse o presidente dos EUA.

Mais cedo hoje, a própria Rússia ameaçou cortar o fornecimento de gás para a Europa caso novas sanções econômicas fossem impostas ao país pela invasão na Ucrânia.

A medida já era discutida entre os países da União Europeia, porém não havia a possibilidade de aprovação até que fontes alternativas de energia fossem encontradas para substituir o abastecimento vindo da Rússia. Até o momento, os países europeus continuam comprando gás russo.

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Reino Unido eliminará gradualmente importação de petróleo russo até fim do ano

O Reino Unido irá interromper gradualmente a importação de petróleo e seus derivados da Rússia até o fim deste ano, confirmou o secretário de Negócios e Energia do país, Kwasi Kwarteng. A administração também está explorando opções para encerrar as importações de gás russo, informou a autoridade pelo Twitter.

A transição nos próximos meses deve dar “mais do que tempo suficiente” para que o mercado, empresas e cadeias de suprimento substituam as importações russas, que representam 8% da demanda britânica, disse o secretário. “As empresas devem usar este ano para garantir uma transição suave para que os consumidores não sejam afetados”, escreveu.

Kwarteng afirmou que o governo irá trabalhar com companhias em uma nova força-tarefa de petróleo para apoiá-las a usar este período para encontrar fontes alternativas de oferta. “O Reino Unido é um produtor significativo de petróleo e derivados, além de possuir reservas significativas”, destacou.

Além da Rússia, a vasta maioria das importações de petróleo ao Reino Unido são provenientes dos “parceiros confiáveis” dos Estados Unidos, Países Baixos e Golfo. O governo britânico trabalhará junto a eles para garantir oferta maior do combustível, disse o secretário.

“O mercado já começou a banir o petróleo russo, com quase 70% dele atualmente incapaz de encontrar um comprador”, afirmou Kwarteng.

Em relação ao gás natural, o secretário observou que apenas 4% das importações britânicas vêm da Rússia e, portanto, o país não é dependente dessa relação. Ainda assim, outras opções estão sendo exploradas para “acabar com isso completamente”.

Empresas de petróleo sobem na Bolsa

Com o movimento de alta na cotação do petróleo, as empresas que operam a commodity apresentam alta na bolsa de valores nesta terça.

O principal destaque é a PetroRio (PRIO3), que disparou 5,55%, para R$ 29,08, por volta das 14h20 (horário de Brasília). Também se destacam 3R Petroleum (RRRP3), +2,17% e Enauta (ENAT3), +11,92%.

Já a Petrobras (PETR4), principal empresa petrolífera do País, aproveita a alta do petróleo de forma contida, visto que sua política de preços está em xeque devido a paridade internacional.

Ontem (7), o presidente Jair Bolsonaro anunciou a sua intenção de congelar os preços da estatal e subsidiar a diferença de valores para conter o aumento nos preços dos combustíveis. Com isso, as ações da Petrobras despencaram 7%.

Hoje, estão em alta, porém menor do que a de suas concorrentes. As ações ordinárias (PETR3) subiam 0,32%, para R$ 34,21, enquanto as ações preferenciais (PETR4) subiam 1,35%, a R$ 32,24, por volta das 14h20.

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Monique Lima

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